Brasileiro residente nos EUA retornou para tratamento em hospital de Blumenau
Santa Catarina se destaca como líder nacional em doação de órgãos e transplantes, atraindo pacientes de diversas partes do Brasil e do mundo. Entre os hospitais filantrópicos do estado, o Hospital Santa Isabel (HSI), associado à Federação dos Hospitais e Entidades Filantrópicas do Estado de Santa Catarina (FHESC) e a Associação de Hospitais do Estado de Santa Catarina (AHESC), tem desempenhado um papel fundamental na realização de transplantes de fígado. Somente em 2024, foram realizados 90 transplantes hepáticos na unidade, conforme dados do SC Transplantes, o que representa quase 70% dos procedimentos do estado. Em 2025, o hospital já soma 10 cirurgias desse tipo.
O desempenho de Santa Catarina no setor de transplantes vem crescendo. O estado atingiu, como apontam dados da Secretaria de Saúde (SES SC) em 2022, uma taxa de 42,1% de doações por notificação, superando países que são referência mundial na área, como a Espanha. Esse índice se deve, em grande parte, ao forte engajamento dos hospitais filantrópicos, que representam 63% da rede hospitalar catarinense. “Os hospitais filantrópicos têm um papel essencial na saúde pública de Santa Catarina, garantindo acesso a procedimentos de alta complexidade para a população. O trabalho das entidades associadas à AHESC e à FHESC tem sido fundamental para que o estado alcance esses números expressivos em transplantes, consolidando nossa posição de liderança no país”, destaca Alciomar Marin, diretor executivo da AHESC-FHESC.
O alto índice de doação e a excelência dos hospitais catarinenses têm atraído também pacientes internacionais. Esse foi o caso de Martin Vollmer, brasileiro que residia nos Estados Unidos e optou por retornar a Blumenau para realizar seu transplante de fígado no Hospital Santa Isabel. “Nos Estados Unidos, o processo é muito burocrático e demorado. Minha família, que mora em Blumenau, me convenceu a vir para cá, pois o hospital é referência e oferece tratamento pelo SUS. Fiquei impressionado com a eficiência da equipe”, relata Martin, que passou pelo procedimento em dezembro de 2024.
Além da estrutura de ponta e equipe especializada, um dos diferenciais do Hospital Santa Isabel é o acompanhamento contínuo dos pacientes, desde o período pré-operatório até a reabilitação. Martin, que recebeu o diagnóstico poucos meses antes da cirurgia, destaca que o suporte recebido pela equipe é um diferencial que tranquiliza os pacientes: “Eu sabia que estava sendo acompanhado pelos melhores profissionais. O atendimento foi humanizado e muito ágil”. Martin agora está se preparando para seguir para a etapa pós transplante, finalizando os tratamentos e cuidados, em contato constante com a equipe médica do hospital e realizando revisões mensais.
De acordo com Marcelo Nogara, médico hepatologista da equipe de transplante hepático do Hospital Santa Isabel, o sucesso dos procedimentos também estão aos cuidados contínuos dos pacientes. “Após o transplante, é fundamental que o paciente tome corretamente os imunossupressores, medicamentos que impedem a rejeição do órgão. Além disso, é necessário abandonar o consumo de bebidas alcoólicas, manter uma vida saudável, com prática diária de exercícios físicos, alimentação equilibrada e controle de peso. O acompanhamento médico regular, com consultas e exames nas datas estabelecidas, é imprescindível para garantir a boa evolução do transplante”, explica.
Ainda segundo o especialista, o papel do hospital filantrópico é determinante para o sucesso de casos como o de Martin. “Hospitais filantrópicos, como o Santa Isabel, conseguem atender um número muito maior de pacientes, o que nos dá um enorme expertise na realização dos transplantes e na condução dos casos clínicos. Isso contribui diretamente para o fato de o Brasil possuir o maior programa público de transplantes do mundo, superando até os Estados Unidos”, enfatiza Nogara.
O médico também ressalta a importância do trabalho integrado entre as diversas áreas. “Aqui no Hospital Santa Isabel, seguimos um protocolo multidisciplinar bem estabelecido. O paciente passa inicialmente pela avaliação médica com hepatologistas, faz uma série de exames para verificar a indicação do transplante e, não havendo contraindicações, é encaminhado para avaliação de toda a equipe: enfermeiros, psicólogos, assistentes sociais, fisioterapeutas. Esse processo, feito também com a família, prepara o paciente para o transplante e o acompanha por toda a vida”, detalha.
Santa Catarina possui 236 hospitais, sendo 149 filantrópicos, o que representa 63% da rede estadual. Destes, 119 estão vinculados à AHESC (51%) e 84 à FHESC (56%). As instituições desempenham um papel fundamental na oferta de atendimento de alta complexidade, incluindo transplantes de órgãos. “O caso do Hospital Santa Isabel reforça a importância das nossas entidades no fortalecimento do sistema de saúde, permitindo que mais pacientes tenham acesso a procedimentos de alta complexidade sem custos, por meio do Sistema Único de Saúde (SUS)”, finaliza Marin.