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Florianópolis, 24 novembro 2024
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Boas perspectivas para o Turismo de Santa Catarina

TurismoBoas perspectivas para o Turismo de Santa Catarina
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Pesquisa elaborada pelo WTTC e pela Oxford, que foi apresentada em Florianópolis, aponta caminhos para o crescimento da atividade no Estado

O Conselho Mundial de Viagem e Turismo voltou a se reunir em Florianópolis. Nesta quinta-feira (29), a comissão da 9ª Conferência Global de Turismo e Viagens, realizada em maio na capital catarinense, apresentou um balanço do evento em Santa Catarina e os resultados da pesquisa sobre o impacto econômico do setor no Estado. A pesquisa foi feita pelo WTTC em parceria com a Oxford Economics.

O estudo, que analisa Santa Catarina como um país, contém elementos sobre o potencial de crescimento do PIB do setor de viagens e turismo, da criação de empregos, do investimento de capital, das exportações e sobre os gastos governamentais. A análise também aponta perspectivas futuras para o setor no Estado e faz um panorama das tendências atuais.

Presidente do WTTC, Jean Claude Baumgarten disse, em sua apresentação, que Santa Catarina é um dos estados brasileiros com economia mais avançada e muito diversificado, tanto na indústria como na agricultura. A riqueza em atrações naturais, a diversidade étnica, os elevados indicadores sociais e a baixa criminalidade também são pontos de destaque da pesquisa, que tem entre as principais conclusões o grande potencial do Estado em destinos turísticos a ser explorado. Jean Claude também destacou o enorme interesse da mídia nacional e internacional no setor. “A conferência realizada em Florianópolis colocou Santa Catarina em mais de 230 veículos de todos os lugares do planeta. Conseguimos construir uma imagem do Estado perante o mundo”, comemora.

O Governador do Estado, Luiz Henrique da Silveira, chamado de visionário por Baumgarten, defendeu a remoção dos obstáculos gerados pela insegurança jurídica. “O investidor precisa saber que não será embargado”, justifica. Nesse sentido, o Secretário de Turismo, Cultura e Esporte, Gilmar Knaesel, também afirmou que a burocracia às vezes retarda os resultados, no entanto, “nos últimos anos evoluímos em serviços, acomodações, equipamentos para trazer o turista nacional e internacional a Santa Catarina”.

Uma das recomendações do Conselho, ao Governo, foi que se criasse uma marca forte e definida para promover o turismo de Santa Catarina em todo o mundo. De acordo com Knaesel, já foi realizada a contratação de uma empresa internacional especializada para criar o plano de marketing para o fortalecimento do setor. “A contribuição deste relatório para o Estado é imensa. Temos nas mãos um dado real, estatístico e preciso, que mostra e dá diretrizes para um novo momento. Sem ‘achismos’, podemos reforçar o que está certo e corrigir os erros”, explicou.

“Não vendam apenas uma Santa Catarina, vocês têm muitas”, parafraseou o Secretário de Articulação Internacional do Estado, Vinícius Lummertz, em referência a uma das recomendações do Conselho. O Secretário explicou o início do desenvolvimento da marca e comemorou a oportunidade de Santa Catarina se revelar para o mundo como um mérito desta gestão atual.

A primeira ação em relação aos resultados dessa pesquisa se inicia na tarde do dia 29. Uma comissão presidida por Murilo Flores, presidente da Fundação do Meio Ambiente (FATMA), vai se encontrar para discutir um estudo de como transformar os Parques Ecológico do Estado em equipamentos turísticos e objeto de pesquisa de cientistas.
O WTTC é o fórum mundial líder no setor de Viagens e Turismo, e trabalha com os governos na conscientização a respeito da importância de um dos maiores responsáveis mundiais pela geração de renda e empregos. Essa foi a primeira vez que o congresso anual foi realizado na América do Sul.

Grande potencial a ser explorado

O documento aponta que boa parte da rica diversidade do Estado de Santa Catarina ainda permanece inexplorada. Quanto à entrada de visitantes, os turistas domésticos ainda predominam. Os argentinos são responsáveis por dois terços da entrada de turistas internacionais, representando 71% do total, deixando outros mercados mais distantes como a Europa e os Estados Unidos ainda com fraca participação na receita. A inexistência de voos diretos entre SC e essas regiões é a principal razão disso.

A sazonalidade acentuada foi mostrada como um ponto a ser trabalhado do turismo no Estado, que atrai principalmente turismo de lazer, com pico de visitações no mês de janeiro. 68% dos visitantes vêm a lazer, tendo Florianópolis como destino principal, enquanto 18% vêm a negócios e 13% por outras razões. Dessa parcela, 90% procura turismo de sol e praia, deixando o ecoturismo e o turismo de aventura com apenas 6%.

Há potencial de exploração do turismo de eventos na capital, que ocupa o quinto lugar no Brasil, em termos de eventos internacionais. Outro aspecto que pode ser melhor aproveitado é o trade de agências turísticas, que ainda é pouco procurado pelos viajantes.

Com relação ao transporte aéreo, houve um forte crescimento do tráfego internacional para Santa Catarina, embora Florianópolis seja responsável por praticamente todo esse tráfego. Um ponto positivo é que novas companhias aéreas ajudaram a reforçar a capacidade do Estado e do Brasil.

Perfil dos turistas

De acordo com a pesquisa, Santa Catarina geralmente recebe bem sua clientela. 77% dos turistas repetem a visita, o que representa uma elevada taxa de fidelidade. A satisfação pode ser atribuída às altas notas que os visitantes dão a todos os aspectos de sua estadia, como acomodação, infraestrutura, serviços, transporte público, sinalização e limpeza.

O turista que visita Santa Catarina viaja com a família, na maioria das vezes. Viajantes sozinhos são incomuns. A pesquisa destacou que famílias com recursos mais modestos agora estão tendo mais condições de viajar.
Menos de um terço dos visitantes recorre a hotéis: 7% ficam em pousadas (ao alcance do orçamento de segmentos do mercado médio), 37% se hospedam em residências de amigos ou familiares, 9% alugam um imóvel e 8% possuem uma propriedade para férias.

Dados da Associação Brasileira de Indústria de Hotéis (ABIH) mostram que cerca de 40% do total da capacidade hoteleira do Estado se encaixa no padrão de mercado médio, ou seja, econômico.

Novas oportunidades em SC

O Governo do Estado criou uma nova agência de promoção de investimentos chamada SC Investimentos. Esta agência atuará como o elo com investidores, parceiros e empresas internacionais que trabalham no setor global de Viagens e Turismo, com o objetivo e promover a expansão e o aperfeiçoamento dos negócios.

Essa agência produziu o Relatório de Oportunidade de Investimento em Santa Catarina, que identifica 37 projetos turísticos diferentes para investimento potencial no Estado.

Além disso, o Governo criou a SC Parcerias, empresa promotora de parcerias público-privadas, com o intuito de melhorar a infraestrutura do Estado, como rodovias, portos, ativos e serviços públicos, rede de esgotos, etc. Contudo, essas parcerias também abrangem o desenvolvimento do turismo.

Recomendações ao poder público e ao setor privado

As previsões do WTTC indicam que as perspectivas de crescimento do turismo de Santa Catarina são muito boas – mais ou menos proporcionais ao crescimento médio anual do PIB e às previsões de crescimento de Viagens & Turismo para o Brasil como um todo. No entanto, o impacto potencial pode ser até maior do que o previsto se o arcabouço político subjacente for conducente ao crescimento – ou seja, se o Governo do Estado de Santa Catarina criar as condições para que haja confiança, dinamismo e sustentabilidade do mercado.

O documento contém algumas recomendações para ampliar sustentavelmente a exploração da atividade turística do Estado. Quanto à política de turismo, esta deve incluir os seguintes elementos:

• Metas, objetivos e benchmarks claramente definidos;
• Indicações das melhores práticas em desenvolvimento do turismo;
• Medidas destinadas a dar apoio à indústria turística existente, bem como a
promover novos desenvolvimentos;
• Uma estratégia articulada para a diversificação do produto;
• Uma estratégia de longo prazo para o marketing e a promoção turísticos em linha
com as metas e objetivos de longo prazo da política para o turismo;
• Branding claro que reforce a visão básica do desenvolvimento de Viagens & Turismo
de Santa Catarina.

Com relação às parcerias público-privadas, a abordagem precisa assegurar o seguinte:

• Apoio e compromisso político ativos do mais alto nível;
• Uma estratégia explícita – com metas claras e um plano de implementação detalhado;
• Envolvimento das principais partes interessadas em seu processo de desenvolvimento;
• Forte cooperação entre os setores público e privado, atingindo parceiros no âmbito de toda a economia de Viagens & Turismo;
• Aumento das verbas investidas pelo setor público e incentivos excepcionais para atrair investimentos equivalentes do setor privado;
• Liderança do setor privado na elaboração de estratégias de marketing;
• Abordagem integrada dos diferentes departamentos do Governo, particularmente na coordenação dos esforços estadual e municipal.