Com autoria de Ana Lavratti, a biografia da soprano será lançada no dia 3 de dezembro, no Palácio Cruz e Sousa
Soprano de maior expressão em Santa Catarina, Rute Gebler já foi personagem de escola de samba, com a rica trajetória traduzida em samba-enredo. Agora, ao completar 50 anos de carreira como professora de canto, solista e maestrina, os palcos abrem alas para a literatura. Com autoria de Ana Lavratti, a biografia “Rute Ferreira Gebler, uma vida em tom maior” será lançada no dia 3 de dezembro, no Palácio Cruz e Sousa, com edição de luxo.
Ao longo de 120 páginas, com capa dura e imagens coloridas, a obra retrata momentos de glória do canto lírico em Santa Catarina, permeando turnês pelo Brasil, apresentações para o ex-presidente do Brasil, Ernesto Geisel, e o ex-presidente do Paraguai, Alfredo Stroessner, concertos regidos pelo notório maestro Isaac Karabtchevsky, e o projeto beneficente consagrado por lotar teatros com a aura dos musicais da Broadway: o Vozes da Primavera.
Detentora de dezenas de prêmios e outorgas, como a medalha Antonieta de Barros, os títulos de Cidadã Honorária de Florianópolis e Cidadã Honorária de Santa Catarina, Rute também integra a Academia Catarinense de Letras e Artes (ACLA), e recebeu, em São Paulo, o título de Comendadora das Artes pela Sociedade Brasileira de Artes, Cultura e Ensino. “Mais do que guardar os melhores momentos sob o zelo da memória, a Rute sempre arquivou os programas dos espetáculos, as fotos e notícias destacadas em jornais, permitindo que este livro componha um precioso mosaico da evolução do canto lírico em Santa Catarina”, observa a autora, Ana Lavratti.
Assim como as horas de glória, que abordam desde o apogeu nos palcos até a formação de alunos que ganharam o mundo – como o cantor Alírio Netto, protagonista da turnê internacional Queen Extravaganza –, o livro registra com igual fidelidade passagens inusitadas, intempéries em cena e momentos comoventes da vida particular, com Rute despedindo-se, com poucos anos de diferença, do pai, do marido e da mãe. E apesar do desamparo, seguindo independente e inspirada.
Aos 77 anos, viúva, mãe de dois filhos e avó de quatro netos, Rute faz jus à condição de baluarte do canto lírico, tanto nos palcos quanto nos bastidores, mantendo-se ativa, produtiva, e contribuindo com uma infinidade de projetos culturais e sociais. “O que mais me motivou a eternizar estas memórias foi a vontade de contar minha história colaborativa com Florianópolis, para que as próximas gerações tivessem esta referência de grandes parcerias, e também para honrar quem veio antes, aqueles que com trabalho abnegado abriram o caminho para que eu provasse uma vida em tom maior”, resume Rute.
SAIBA MAIS:
Com uma liderança natural, Rute, ainda jovem, levou 70 crianças do Coral do Primário, de Pelotas a Porto Alegre, para uma performance ao vivo na TV Piratini. Como regente do coral da Medicina, venceu o Festival dos Rouxinóis. Também em Pelotas, participou da implantação dos corais da Agronomia, da Medicina, do colégio São José e do Colégio Estadual Nossa Senhora de Lurdes.
Com 50 anos de Magistério em Florianópolis, Rute formou uma infinidade de talentos, a ponto de muitos seguirem carreira na música. Como professora de Técnica Vocal, Rute trabalhou a voz de milhares de cantores. Foi regente da Associação Coral de Florianópolis por 10 anos, professora no Colégio Coração de Jesus (hoje Bom Jesus) por 17 anos, professora na Udesc, por 15 anos, e a partir de 1991 abriu sua escola própria, o Estúdio Vozes.
Como artista, cantou em quatro países, em 13 estados do Brasil e em 41 cidades catarinenses, incluindo participações especiais na abertura dos Jogos Abertos (como solista do Hino Nacional Brasileiro com quatro bandas sinfônicas) e junto à célebre Orquestra Sinfônica de Porto Alegre em vários concertos. Conciliando dom e doação, Rute Gebler promoveu durante 11 anos o espetáculo Vozes da Primavera, reunindo mais de 120 cantores em cena, sempre com cenários e figurinos grandiosos.
Além do maior mérito da iniciativa – que é reverter a renda dos teatros lotados para entidades como o Imperial Hospital de Caridade, APAE, Orionópolis e Lar Recanto do Carinho – o musical “Oliver” teve um impacto extra na sociedade. Cerca de 50 crianças selecionadas em comunidades carentes foram especialmente preparadas com aulas de canto, coreografia e figurino para viver um sonho, como astros de um show profissional.
Com sua vida contada pela escola de samba Protegidos da Princesa, como enredo do desfile no Carnaval de 2004, Rute Gebler tem mesmo uma trajetória cinematográfica, tendo merecido:
– a medalha do Centenário do Conjunto Musical da Polícia Militar de Santa Catarina, recebida no Concerto 100 Anos de Cultura em Forma de Música, em 1993.
– o Troféu Independência, conferido a Rute no dia 30 de agosto de 1996 no Clube 12 de Agosto.
– o troféu Mulheres com Arte, homenagem prestada pela Fundação Franklin Cascaes e Prefeitura Municipal de Florianópolis no Dia Internacional da Mulher, com solenidade no Palácio Cruz e Sousa em março de 1999.
– o título de Cidadã Honorária de Santa Catarina desde 20 de novembro do ano 2000, tendo recebido a comenda no Plenário Osni Régis da Assembleia Legislativa em sessão integralmente dedicada à artista.
– a Medalha Antonieta de Barros, conferida pela Câmara Municipal de Florianópolis no Dia Internacional da Mulher, em 2001.
– a curiosa insígnia de “Senadora”, outorgada pela Fundação Senadinho, que ano de 2001, de forma inédita, incluiu personalidades femininas na lista das personalidades mais lembradas.
– a Medalha Comandante Lara Ribas, outorgada pela Polícia Militar de Santa Catarina em 2002.
– o carimbo Comemorativo aos 10 Anos do Estúdio Vozes, com a dos Correios coroada por um lançamento festivo na Assembleia Legislativa de Santa Catarina, no dia 12 de novembro de 2002.
– o retrato em acrílico sobre tela com 1,80 x 90cm de dimensão, inserido na mostra Mulheres do Nosso Tempo da artista plástica Albertina Prates, pintora de prestígio com quem contracenara no Vozes da Primavera. Posteriormente adquirido ?? por Rute, o quadro foi um tributo prestado pela artista em 2006 às “mulheres corajosas e dinâmicas que com seu trabalho se inserem na sociedade e a transformam”.
– o Troféu Aldo Baldin em 2007, abrilhantando a solenidade de 25 de maio, no teatro do CIC, com duas peças de Villa-lobos: “Canção do Amor”, da Floresta Amazônica, e “Samba Clássico”.
– o Troféu Destaque Allan Braga, com cerimonial de entrega em 28 de novembro de 2007 no Teatro Álvaro de Carvalho.
– a Comenda de Honra e Mérito da Música Catarinense Roberto Kell, recebida em agosto de 2009 das mãos do vereador Marcos Caneta, em São José.
– a Medalha do Mérito Cultural Cruz e Sousa, outorgada pelo Conselho Estadual de Cultura e a Secretaria de Turismo, Cultura e Esporte em 2010, com cerimônia no TAC.
– a Medalha de Mérito Jubilar da Associação Coral de Florianópolis, com solenidade na Catedral, no dia 6 de agosto de 2010.
– a Medalha Antonieta de Barros da Câmara Municipal de Florianópolis, distinguida a mulheres de destaque nas áreas de cultura, política, esportes, negócios e prestação de serviços, com solenidade também no TAC.
– a cadeira n. 35 da Academia Catarinense de Letras e Artes desde 2013, respondendo pela vice-presidência da entidade desde 2017.
– o título de Comendadora das Artes pela Sociedade Brasileira de Artes, Cultura e Ensino, com sede em São Paulo, em 15 de janeiro de 2015.
– foi finalista do Prêmio ACIF Mulheres que Fazem a Diferença, da Associação Comercial e Industrial de Florianópolis, tendo sido a única artista alçada a finalista na categoria Esportes e Cultura, em 2017.
– ganhou o troféu Maricota, entregue pela Prefeitura de Florianópolis a 10 mulheres com irrestrita relevância nas áreas em que atuam, em 2017.
– e recebeu o prêmio Literarte, concedido a artistas catarinenses na Assembleia Legislativa de Santa Catarina, em 2017.
Desde então, motivada pela sensação de “dever cumprido”, dedica-se à produção do livro “Rute Ferreira Gebler, uma vida em tom maior”, editado com recursos da Lei Rouanet. A escritora Ana Lavratti também é autora da biografia do Comendador da Comunicação Antunes Severo, entre outras obras, e membro da Academia de Letras de Biguaçu.