Produtores estimam queda de quase 60% na safra deste verão.
A produção de ostras em Florianópolis está abaixo do normal nessa temporada de verão. Um dos motivos para a queda de até 60% na safra é a alta temperatura da água do mar, que aumenta o número de mortalidade do molusco. O outro, é que menos sementes foram colocadas nas águas por causa da crise econômica que afetou a última produção.
A oceanógrafa Flávia Ribeiro Couto, que mantém uma fazenda marinha no Sul da Ilha de Santa Catarina, onde a área é responsável por 30% da produção de ostras no Estado, explica que a elevação de um grau na temperatura da água já compromete a safra, e principalmente o cultivo de ostras vivas, que representam mais de 90% dos pedidos.
Segundo a produtora, a perda normal nessa época do ano é de 30%. Porém, com a água marcando 31 graus Celsius, a mortalidade das ostras que crescem e passam pelo verão, já chega a mais de 50%.
Flávia explica que quando a temperatura fica acima de 22ºC, o molusco já começa a sofrer estresse.
O prejuízo na venda de ostras, que deve se estender de fevereiro até início de maio, quando as águas começam a esfriar, deve chegar a 70%, segundo a oceanógrafa. Ela afirma que o normal é produzirem 18 toneladas por mês de moluscos, que são consumidas, por exemplo, em Santa Catarina, Rio de Janeiro, São Paulo, Ceará e Brasília. No entanto, a produção deve cair 1/3 neste ano.
Aquecimento
O aquecimento das águas do mar é típico em Santa Catarina, mas não com tanta intensidade, segundo o chefe do Centro de Aquicultura e Pesca da Epagri, Fabiano Muller Silva:
— Nós tentamos identificar e preparar o produtor para esses eventos de aquecimento. Uma das saídas é mudar um pouco o período de povoamento das ostras para sua engorda.
Mercado
Segundo Silva, houve desabastecimento no mercado este ano, mas porque os produtores não estavam preparados para a grande procura.
O meteorologista Leandro Puchalski, da Central de Meteorologia RBS, explica que o aquecimento nas águas do oceano é causado por correntes marítimas que se deslocam do centro do país, passam pela região Sudeste e acabam atingindo a região Sul.