Começou na manhã desta terça-feira, 27, o 2º Congresso Técnico Brasil Alemanha Gestão Sustentável de Resíduos Sólidos Urbanos que reúne cerca de 500 pessoas no Auditório Antonieta de Barros, na Assembleia Legislativa, em Florianópolis. O evento foi aberto pelo prefeito Cesar Souza Jr., que destacou as fortes relações que o Estado mantém com a Alemanha e a chance de cooperação tecnológica com o país europeu que hoje já consegue reciclar 63% da sua produção de resíduos com sistemas de coleta seletiva. Na Capital, esse percentual é hoje de 6%. As informações são da Secretaria de Comunicação da Prefeitura de Florianópolis.
O evento aponta para tecnologias e práticas que permitirão consolidar as metas da Política Nacional de Resíduos Sólidos. O evento conta com 10 palestrantes alemães e 20 de renome nacional, abrange de catadores a financiadores, passando por experiências municipais, organizações alemãs de alta tecnologia e órgãos licenciadores brasileiros.
As metas nacionais são grandes e os prazos curtos, por isso é preciso aplicar tecnologias que permitam a recuperação de até 84% dos resíduos sólidos hoje aterrados. Em Florianópolis, por exemplo, onde a coleta seletiva de materiais recicláveis conta mais de duas décadas, são recolhidos de forma separada na porta dos domicílios 6,5% do total de resíduos coletados. A meta da Prefeitura de Florianópolis é chegar a 10% este ano e a 20% em 2015.
A Alemanha, compara Christiane Pereira, coordenadora da Universidade Técnica de Braunschweig e do Instituto CREED no Brasil, parceiros da Comcap e da Prefeitura de Florianópolis na organização do evento, recupera mais de 60% dos resíduos e, em alguns segmentos como o de papel e de metal, a coleta nem precisa mais da intervenção dos municípios. A coleta e reciclagem desses materiais já se tornaram atividades sustentáveis para operadores privados, desonerando os custos públicos com logística e recolhimento.
Fração de orgânicos deve começar a ser reciclada
No Brasil, é preciso reparar que as tecnologias já estão disponíveis e acessíveis, observa Marius Bagnati. Daí a relevância do congresso, cuja primeira edição ocorreu em Jundiaí, São Paulo. Neste segundo evento em cooperação com a Alemanha, a recuperação de resíduos orgânicos é o gancho central dos debates. “Hoje, metade do lixo aterrado no Brasil é composta por resíduos orgânicos. Está na hora de essa fração úmida passar a ser tratada como reciclável, assim como a fração seca composta de metais, papéis, vidros e plásticos”, propõe Bagnati.
Não há nenhuma capital brasileira que tenha a coleta diferenciada e a reciclagem de orgânicos prevista como política pública, apenas pequenas experiências de compostagem em geral em parceria com organizações civis.