Durante décadas, sucessivas administrações vêm fazendo vistas grossas à ocupação desordenada da Ilha-capital, com os olhos postos na ampliação de seus currais eleitorais com massas de manobráveis. Servidões são abertas sem qualquer planejamento, para acomodar mais e mais migrantes despreparados em busca de “melhores oportunidades”, onde ainda existem tão poucas. Enquanto instalam-se sem qualquer projeto em milhares de novas edificações, esquivam-se por todos os meios de seus deveres sociais e do crivo dos órgãos planejadores e fiscalizadores. Em curto prazo, no entanto, passam a reivindicar direitos de “situação consolidada” e a demandar por todos os serviços públicos, cada vez mais defasados. Num interminável círculo vicioso, a qualidade da infraestrutura da cidade vai ficando inversamente proporcional às necessidades de todos, atingindo de forma mais injusta àqueles que optam pela via da legalidade e da regularidade.
Portanto, se a cidade está saturada, é de quem abusa do direito de ir e vir, entrando de forma sorrateira, pela porta dos fundos da ocupação clandestina. Isso é que precisa de uma moratória ampla, rigorosa e urgente.