Em várias partes do Brasil, o ciclo de festejos natalinos encerra no Dia de Reis, comemorado em 6 de janeiro. A data marca também a chegada dos primeiros imigrantes açorianos na Ilha de Santa Catarina, em 1748, trazendo crenças e manifestações culturais e religiosas que se mantêm vivas até hoje. Uma delas é o costume de sair em grupo pelas comunidades homenageando com cantorias o dia da visita dos Reis Magos ao presépio do Menino Jesus. Para fortalecer essa tradição, a Fundação Cultural de Florianópolis Franklin Cascaes (FCFFC) promove nesta quinta-feira (6/01) o 14º Encontro de Terno de Reis, na Avenida Paulo Fontes, às 19h, em frente ao Terminal Integrado do Centro (Ticen).
O evento deve reunir 12 grupos folclóricos catarinenses para as cantorias dos Santos Reis. A concentração acontece, às 17h30, na Praça 15 de novembro, de onde os cantores saem rumo ao palco de apresentações. Ao final do evento, os integrantes retornam em cortejo até o presépio montando na praça, simbolizando a chegada dos Reis Magos ao local de nascimento de Jesus Cristo, e encerrando o ciclo natalino com a canção ‘Noite Feliz’ (Joseph Mohr e Franz Gruber).
Simbologia numérica
Formado em média por três a oito pessoas, trajadas com roupas coloridas, os Ternos de Reis são integrados tradicionalmente por cantadores e instrumentistas que improvisam versos e trovas alusivos aos três Reis Magos e ao nascimento de Jesus. A tradição do folguedo religioso está curiosamente associada ao número três, por isso, o nome Terno de Reis.
Três foram os Reis Magos (Melchior, Gaspar e Baltazar) que seguiram a Estrela Guia até Belém em busca do filho de Deus. Eles levavam três presentes: ouro, incenso e mirra – que simbolizam as três dimensões atribuídas a Jesus Cristo (realeza, divindade e humanidade). A apresentação dos grupos também é feita em três partes: chegada, anúncio e despedida.
A composição dos Ternos de Reis normalmente abrange um trio: o triplo ou tripa (que canta fino, de falsete), o repentista ou versador (que faz os versos de improviso) e o baixão (cantor solo, que faz a segunda voz). Além disso, três são os instrumentos que se destacam nas cantorias: a viola, a rabeca e o pandeiro. Atualmente, algumas comunidades apresentam-se com grupos maiores, geralmente familiares, incluindo o acordeon nas apresentações.
Folia de fé
Introduzida no Brasil por colonizadores portugueses, a Folia de Reis ou Terno de Reis é uma manifestação religiosa que se popularizou nos povoamentos do litoral em comemorações do ciclo natalino. De 23 de dezembro a 6 de janeiro, os grupos visitam as casas, fazendo apresentações e recolhendo donativos para novenas em louvor ao Menino Jesus. A prática alude ao dia em que, supostamente, os três Reis Magos, guiados por uma estrela, e depois de uma longa viagem, encontraram aquele que consideravam o Messias. Depois da revelação retornaram às tribos para anunciar a descoberta a todas as nações.
Tradicionalmente entre os cristãos, a partir da data consagrada aos Reis Magos, as famílias já podem desmontar o presépio e retirar a decoração natalina das casas porque está encerrado o tempo da expectativa em torno do nascimento do Salvador, marcado pelo Natal, e tendo início os ciclos de fé e devoção.
Programação
O quê: 14º Encontro de Terno de Reis
Quando: 6 de janeiro (quinta-feira)
Onde: em frente ao Ticen /Avenida Paulo Fontes – Centro (19h)
Quanto: gratuito
Participantes
· Terno de Reis do Lili da Rabeca (Saco dos Limões)
· Grupo Estrela da Alegria (Saco dos Limões)
· Grupo EIRA (Pantanal)
· Grupo Família Fielsons(Trindade)
· Terno de Reis da Associação do Bairro Itacorubi (Itacorubi)
· Grupo Serenata de Natal (Campeche)
· Grupo de Terno de Reis do Pântano do Sul (Pântano do Sul)
· Grupo Caeira do Ribeirão (Ribeirão da Ilha)
· Grupo Amor e União (Ribeirão da Ilha)
· Grupo de Reisado de Barreiros (São José)
· Grupo de Terno de Reis da Barra do Aririú (Palhoça)
· Grupo de Terno de Reis Família Dias (Blumenau)