Outubro é o mês dedicado ao idoso. Em 1º de outubro, comemorou-se o Dia Nacional do Idoso e o Dia Internacional da Terceira Idade. Essas datas existem para provocar reflexões a respeito do tema. E, nesse momento em que o envelhecimento acelerado da população é um fato, torna-se fundamental revisitar conceitos, quebrar alguns tabus e propor soluções para as novas necessidades desse público. A faixa etária da “melhor idade” precisa ser revisitada, com criação de novas linhas de cuidado, atenção as individualidades e valorização da qualidade de vida dessa população, devido à grande importância na sociedade atual e futura.
“O geriatra busca uma visão global do indivíduo, levando em consideração a avaliação de vários órgãos e sistemas associados à proposta de mudança dos hábitos de vida, vacinação, nutrição e atividades física, mental e profissional. Desta forma, podemos traçar um plano de melhora da qualidade de vida ao longo dos anos e não apenas tratando as doenças pré-existentes”, explica a geriatra Maria do Carmo Sitta, doutora em medicina pela USP e professora colaboradora da disciplina de geriatria da instituição.
A quantidade de brasileiros com 60 anos ou mais aumentou na última década. Segundo levantamento feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), publicado em 2022, houve um acréscimo de 11,3% para 14,7% de pessoas nessa faixa etária. Por isso, torna-se ainda importante que essa parcela da população seja acompanhada por especialistas, mesmo que estejam saudáveis, para viver a passagem do tempo com mais segurança e qualidade de vida.
Exemplo prático – O empresário Fernando Costa, presidente da TopMed, é adepto do acompanhamento geriátrico desde os 36 anos. Hoje, com 75, continua exercendo atividades profissionais e tem disposição para a realização regular de atividades físicas, no mínimo três vezes por semana. “Não sinto que tenho mais de sete décadas de vida, continuo criativo, concretizando projetos pessoais e profissionais, assim como projetando meu futuro”.
Ele conta que desde a infância desenvolveu a consciência de que o corpo é resultado de escolhas pessoais, sobretudo as alimentares. “Tive exemplos em casa que me ajudaram a seguir por esse caminho mais saudável. Meus pais foram diabéticos, tenho irmãos diabéticos. Sou o único integrante da família que não tem a doença, porque eu sempre cuidei da minha alimentação. Sempre acreditei que para viver com longevidade é necessário ter mais qualidade de vida”.
Segundo Maria do Carmo, a idade em torno dos 45 e 50 anos é interessante para iniciar um acompanhamento geriátrico, já que ainda é possível ter benefícios das mudanças de hábitos de vida. Contudo, ela destaca que não há uma idade pré-estabelecida e que muitas pessoas optam por procurar essa especialidade médica entre os 20 e 40 anos.
Alimentação rica em nutrientes, sol, consumo de bebidas alcoólicas limitado, evitar o tabagismo e praticar atividade física são algumas recomendações que ela elenca para se ter uma velhice mais saudável. “Nossa vida está muito sedentária e mais ainda após a pandemia com o home office. Precisamos movimentar a máquina do corpo humano para não atrofiar”.
Para a médica, o aumento da expectativa de vida e o maior acesso a informações de saúde contribuem para que gerações atuais de idosos tenham um envelhecimento ativo.
Telemedicina – Um meio eficaz para proporcionar a idosos atendimento médico com segurança e conforto é a telemedicina. De acordo com pesquisa do Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic), pelo menos metade da população brasileira fez uso da telemedicina no último ano. A ferramenta também é ideal para pacientes que precisam de atendimento médico constante e multidisciplinar, além disso, dispensa a locomoção até os consultórios, o que pode ser um problema para algumas pessoas, especialmente com idade mais avançada.
A telemedicina permite acesso às consultas, a tratamento nutricional e qualidade de vida, o que otimiza os cuidados de pacientes dispostos a usar a tecnologia como meio para ganhar mais saúde. “Todos iremos utilizar a telemedicina como forma de acesso e monitoração de nossa saúde e pacientes,” diz Maria do Carmo.
“Sinto um conforto enorme em poder fazer minhas consultas multidisciplinares de modo digital. Meus médicos estão estabelecidos em São Paulo, eu em Santa Catarina, e mesmo a distância conseguem cuidar de mim com precisão e eficiência, me ajudando a ter uma vida mais produtiva e feliz,” avalia Fernando Costa.