Transitoriedade, leveza, acolhimento. A criação de obras a partir das flores assume simbologias e sensações potentes em três ambientes da mostra catarinense
Uma luminária que parece uma nuvem de algodão. Uma instalação criada para despertar a conexão entre uma marca e os visitantes, ou um arranjo para alertar sobre a importância da saúde e autocuidado. A arte floral começa a ser conhecida e reconhecida no Brasil e também a protagonizar sentimentos e sensações em alguns ambientes exibidos na CASACOR/Santa Catarina, aberta até 30 de outubro, na Escola Silveira de Souza, em Florianópolis.
Muito além de montar um arranjo de flores, segundo a premiada designer floral Juliana Hames, a prática parte do estudo de áreas específicas como a história da arte, conceitos estéticos de design, harmonia de cores, estilos e ciência botânica.
“A prática da arte floral nos ensina sobre a própria arte de viver, envolve, inspira, mostra, possibilidades, leva beleza, leveza, revela a poesia que existe na natureza. Sensibiliza o nosso olhar com o outro, com a natureza e com a nossa própria vida. O espaço instagramável que faz uso da técnica provoca sensações, de forma lúdica envolve e conduz a um lugar fora do cotidiano, trazendo a fantasia e o entusiasmo tão necessários para nossa vida!”, comenta a profissional
que assina dois trabalhos distintos na mostra catarinense.
Crédito Lio Simas
Um deles no ambiente Aromatmosfera. De autoria das arquitetas Carol Porto e Isadora Maestri, da Porto Maestri Arquitetura para a loja de aromas Mels Brushes, a instalação floral imprime a leveza almejada pela dupla.
“Nosso espaço pedia leveza. Queríamos que o visitante tivesse uma experiência sensorial completa, especialmente no canto da banheira que precisava de algo a mais. Algo que as pessoas sentissem paz, acolhidas pela natureza e pelos aromas. O arranjo de flores secas emolduram o espaço da banheira e dão um acabamento único, tanto na harmonia das cores quanto no aconchego que traz”, explicam.
Crédito FS
Na Casa Vou de Rosa da arquiteta Juliana Loffi, a biografia da profissional acerca da superação do câncer é contada espacialmente, ao mesmo tempo, que alerta para a conscientização da prevenção e autocuidado. Um arranjo de flores desidratadas em meio a cartas de mais mulheres que passaram pelo tratamento do câncer de mama, reforça que o processo difícil é também um período de acolhimento e de transformação irreversível na vida. A delicadeza que pode ser carregar com os ensinamentos experienciados. Tudo passa e transmuta.
Crédito Lio Simas
Ainda na Casa em Percurso, da Octaedro Arquitetura formada pelos arquitetos Emanueli Schneiders e Leonardo Gazzoni, chama a atenção a luminária/escultura Nuvem. Criada especialmente para o ambiente pela artista e cenógrafa Lica Paludo, com galhos de árvore de algodão natural, a transitoriedade da existência é retratada de forma poética e fluida.
“A luminária Nuvem traduz esse conceito de fluidez, naturalidade, leveza e desconstrução que trouxemos como conceito em nosso espaço. O algodão natural, na sua essência, evoca a atmosfera de aconchego que buscamos, e os galhos em seu volume dão à obra uma imponência que aproxima a ideia da natureza na sua transitoriedade e força. A obra é pura poesia, diálogo e singularidade, e é a síntese perfeita do nosso espaço!”, conta a dupla de arquitetos.
Com o tema “Infinito Particular”, a CASACOR/Santa Catarina 2022 apresenta 28 ambientes até 30 de outubro, na Escola Silveira de Souza, em Florianópolis.