*Adriano Passenko
O Covid-19, juntamente com o aumento da taxa de juros e a restrição de crédito no mercado, afetaram muito a saúde das empresas. Muitas delas precisaram se reinventar, conter custos e, infelizmente, demitir profissionais, principalmente por não estarem preparadas para um cenário de crise como a que estamos vivendo nesses últimos dois anos. Diante desse contexto, uma das frentes de negócio que mais precisou de atenção durante esse período foi a gestão financeira.
Na minha visão, a importância da gestão financeira nas empresas não está atrelada apenas a eventos específicos, como por exemplo do Covid-19, mas sim, a todo o contexto pelo qual estamos atravessando nesses últimos tempos, seja no Brasil ou no exterior. Quem diria que a invasão russa na Ucrânia traria tantos impactos no Brasil e no mundo? Estamos tendo um aumento gradual no custo de vida dos brasileiros por diversos motivos, desde a escassez de alimentos no mundo, como também o aumento da taxa de juros, o que contribui no aumento de custos para as empresas.
Segundo dados do relatório publicado pelo Serasa Experian, no ano passado 622 companhias fecharam as portas, porém, o número é 9,8% menor se comparado com 2020, quando 690 empresas decretaram falência. Cabe destacar também que em 2021, 617 negócios solicitaram o requerimento de recuperação judicial.
Nesse momento de recessão econômica e de crédito restrito é preciso, mais do que nunca, aplicar a disciplina financeira para administrar bem a sua empresa como um todo. Tomar decisões integradas, organizar a entrada e saída de recursos, reavaliar procedimentos internos, renegociar suas dívidas, estudar novas maneiras de aumentar o seu faturamento e analisar diferentes cenários dado os recursos da companhia. Recursos esses que, em momentos de crise, precisam ser investidos de forma assertiva, principalmente quando envolvem operações de M&A ou imobilização dos ativos. Além disso, não podemos esquecer de manter um sistema orçamentário robusto, que possibilite projeções de cenários futuros, como também controle dos gastos atuais.
Como já mencionado, os desafios para as empresas brasileiras são enormes, e como diretor financeiro de uma das maiores empresas de software do país, ressalto a importância de monitorar periodicamente todos os custos variáveis e fixos do seu negócio e, sempre que possível, propor reduções.
Muitas pessoas pensam que a diminuição de custos tem como principal fator o aumento da lucratividade, mas isso nem sempre é uma verdade. Às vezes, é preciso reduzir custos para “sobreviver”, e o aumento da lucratividade só é percebido quando realizamos uma gestão financeira eficiente, evitando desperdícios, fraudes, gastos desnecessários e investimentos que não trazem retorno.
Com o planejamento financeiro em dia, você tem maior previsibilidade, o que auxilia na prevenção em momentos de crise, além de ajudar a verificar problemas que colocam em risco o seu negócio e definir estratégias para colaboradores e gestores, sempre garantindo o melhor orçamento e mantendo o fluxo de caixa saudável, principalmente para permitir investimentos futuros.
Especialmente com a implantação do modelo híbrido de trabalho, o uso de ferramentas tecnológicas também se tornou essencial para garantir uma gestão de equipes adequada, além de uma gestão financeira mais eficiente, já que as ferramentas de automação ajudam a otimizar processos, reduzir erros e/ou atividades manuais. Consequentemente, as empresas se tornam mais produtivas.
*Adriano Passenko – Chief Financial Officer da Softplan, de Florianópolis