Cristina Morales, diretora da Raça Cia. de Dança, de São Paulo, encara o Prêmio Desterro como uma jornada de amadurecimento e profissionalização dos alunos
Dois anos distantes dos palcos não paralisaram os corpos dos bailarinos e bailarinas da Raça Cia. de Dança. As aulas foram adaptadas para as plataformas on-line na mesma semana que foi decretada a pandemia no globo. Cerca de 50 turmas seguiram a nova rotina de ensaios à distância, redescobrindo os limites e possibilidades deste espaço físico e digital.
“Propusemos muitas ações, brincadeiras e também atividades mais complexas como montagem de espetáculos à distância, videodança e muitos clipes das aulas. A presença e apoio dos familiares foi fundamental. E passado isso estamos bem desejosos por bons palcos!”, conta Cristina Morales, diretora executiva da Raça Cia. de Dança.
A companhia acaba de chegar de São Paulo, cidade de origem, para participar do Prêmio Desterro, em Florianópolis, em cartaz no Teatro Ademir Rosa (CIC), onde ocorre a Mostra Competitiva, de 25 a 30 de janeiro – além dos workshops em várias modalidades e técnicas corporais – e no Floripa Airport, com apresentações gratuitas na Mostra Paralela, que vai de 27 a 30 de janeiro. Por lá, ainda no fim de semana, está programada a Batalha de Danças Urbanas, com disputa de Breaking e Hip Hop Freestyle. A programação completa está disponível no site www.premiodesterro.com.br.
Já é a terceira edição que a Raça participa, desta vez, com 25 coreografias no repertório. Segundo a diretora, a pandemia trouxe um grande desejo de expressão, de liberdade. “A alma ficou reprimida, o físico também, e penso que isso tenha mais impacto nas temáticas trabalhadas. O mundo quer se expressar e a dança é o som disso. As obras a serem apresentadas ilustram o potencial dos nossos criativos em atender a demanda de produção sobre corpos prontos para serem trabalhados. Um trabalho consciente durante a pandemia e a nossa compreensão da carreira que estes bailarinos esperam ter, temos de expô-los ao mercado e é para isso que somos procurados por eles, para que sejam encaminhados a viverem da dança”.
Competir é importante, mas não o principal. Há uma jornada longa de meses e, neste caso anos, anterior ao momento do espetáculo. Desafios superados, amadurecimento, coragem para encarar os medos e inseguranças. Os prêmios ajudam a contar a história, porém, na dedicação diária é fortalecido um modo de vida para conseguir subir no palco. Na opinião de Cristina, o processo é potencialmente transformador para os bailarinos.
“Queremos gerar novas experiências para nossos bailarinos e também de contribuir na consolidação das carreiras de nossos professores e coreógrafos por meio dos trabalhos apresentados. Esperamos ver outros profissionais da dança se superando nesse período de pandemia e que haja muita troca entre todos e boas energias!”, complementa Cristina.
O 11° Festival de Dança de Florianópolis é uma realização da Secretaria Especial da Cultura/Governo Federal com organização do Instituto Cultural Desterro. Conta com o patrocínio da CGT Eletrosul, do BRDE, da Celesc Distribuição, da Videplast e da Teltec, por meio da Lei de Incentivo à Cultura (Lei Rouanet); além do patrocínio da Fundação Cultural de Florianópolis Franklin Cascaes/Prefeitura Municipal de Florianópolis e apoio da Bee The Change, da Fecoagro e da Jomani Corretora de Seguros, por meio da Lei Municipal de Incentivo à Cultura; como também o apoio institucional do Floripa Airport.
**** O Grupo Raça foi fundado por Roseli Rodrigues (1955 – 2010) nos anos 1980 e atualmente é dirigido pela família Rodrigues. Renan Rodrigues, na direção geral, e Marcel Rodrigues, na direção técnica. Assina a direção executiva Cristina Morales, bailarina e produtora cultural.