Folia toma conta do bairro histórico do Ribeirão da Ilha, em Florianópolis.
O sol escaldante da tarde de ontem não desanimou as cerca de 5 mil pessoas, na estimativa da Polícia Militar, que aguardavam a banda do Zé Pereira passar, no Ribeirão da Ilha, em Florianópolis. Bastaram os primeiros acordes para que a multidão seguisse o caminhão de som.
Ocarnaval tomava mais uma vez as ruelas do bairro histórico. Os entendidos falam que há 110 anos é assim. A banda do Zé vai na frente, as pessoas vão atrás. No bloco do Zé Pereira, tem também brincadeira do “joga na água”. Um morador do Ribeirão até hoje é chamado desse jeito.
Corre a lenda de que o apelido veio depois que ele recusou-se a entrar no mar. Foi preciso mais de 20 homens para jogar o tal na água. Ontem, não foi preciso segurar ninguém à força para levar ao mar. As pessoas já estavam nele, tentando amenizar o calor.
O bloco também trouxe as tradicionais marchinhas de carnaval. Você pensa que cachaça é água?, Maria Sapatão e Olha a Cabeleira do Zezé estavam na ponta da língua das pessoas. Apesar da tentativa de resgatar músicas carnavalescas, foi o carro de som passar para que o funk voltasse a ser tocado.
Tentando equilibrar-se nas lajotas, do alto de um salto rosa-choque, Melissa Cadore, idade não revelada nem sob tortura, suava. A sombrinha, também rosa, não era suficiente para barrar o sol escaldante. Os pingos escorriam pelo rosto maquiado, que ainda parecia intacto. O segredo da maquiagem?
– Já nasci assim! – garantiu Melissa, que todo ano marca presença no Zé Pereira.
Ela e outras drag queen eram sucesso por onde passavam.
Dona Áurea Antunes, 75 anos, era de longe uma das mais animadas. Deixava no chinelo as garotas com blusas da cor “flúor”, tendência nesse verão. Há 50 anos, ela garante que é assim. Para provar que com ela não tem enganação, desceu até o chão.
Enquanto algumas pessoas vestiam camisetas de blocos, o traje mais usado pelas mulheres foi o biquíni. Mas se mesmo assim estava quente para elas, imagina para o Rei Momo, Hernani Hulk, que veio usando a roupa típica e pesada, no alto do carro de som.
Policiamento forte marca essa edição
Para se chegar até o bloco, foi preciso passar pela revista de policiais militares. A Guarda Municipal, Polícia Civil e o Corpo de Bombeiros também estavam no local.
Foram cerca de 45 homens, garantindo a segurança da festa, que não registrou nem um tipo de ocorrência mais grave. Ano passado, uma pessoa foi morta durante o evento.
(DC, 08/02/2010)