No mesmo período, expansão brasileira foi de 26,1%; dados são do Tech Report 2021, divulgado pela Associação Catarinense de Tecnologia (ACATE) e Neoway
Foto: ACATE/Divulgação Apesar de ser um dos anos mais desafiadores das últimas décadas, 2020 também ficou marcado pela transformação e avanço do setor de tecnologia. Neste cenário, Santa Catarina ocupa um lugar de destaque. Apesar de não estar entre os estados mais populosos, teve o maior crescimento do país no número de empresas de tecnologia entre 2015 e 2020: 63,2%, bem acima da média nacional (26,1%). Os dados são do Tech Report 2021, estudo realizado pelo Observatório da Associação Catarinense de Tecnologia (ACATE) e pela Neoway, com apoio da Finep. O estudo completo está disponível em https://www.techreportsc.com/ e foi lançado nesta quarta-feira, 15. No evento online, também foi anunciada a parceria entre ACATE e Agência de Fomento do Estado de Santa Catarina S.A. – Badesc para garantir novas opções de linhas de crédito às empresas associadas via Fundo Garantidor ACATE, com operações de até R$ 150 mil.
Com 17.720 empresas e crescimento de 28,4% entre 2019 e 2020, o ecossistema de tecnologia catarinense é o sexto maior do país em número de negócios, conforme o Tech Report 2021. Já entre as capitais, Florianópolis tem a maior densidade de empresas por mil habitantes, seguida de São Paulo e Curitiba. “Ao fazer uma análise aprofundada do setor de tecnologia, vemos um crescimento sustentável, mesmo em um período de pandemia. Com a transformação digital acelerada, tivemos aumento do faturamento, abertura de empresas e colaboradores. Isso é resultado de um empreendedorismo inovador, articulações e parcerias entre entidades, empresas, Academia e Governo”, destaca Iomani Engelmann, presidente da ACATE.
O ecossistema de tecnologia catarinense está presente em todas as mesorregiões do estado. A região da Grande Florianópolis é a mais representativa, com 32,6% do total de empresas. Vale do Itajaí (26,3%) e Norte Catarinense (19%) aparecem na sequência. Com menor representatividade, as regiões Oeste, Sul e Serra somam 3,9 mil empresas atuando no setor (22,1%). Entre 2019 e 2020, houve crescimento do número de empresas em todas as regiões catarinenses, com destaque para o Sul, com expansão de 34,2%, passando de 1.202 para 1.613 empresas.
Alta produtividade e estado mais especializado do país
Considerando a razão entre o faturamento anual e a média de colaboradores por empresa, a produtividade do setor de tecnologia de Santa Catarina é a terceira maior do país entre as UFs avaliadas, atrás apenas de Roraima e Mato Grosso. A receita das empresas catarinenses somou R$ 65,8 mil por colaborador, por ano, superando a média brasileira de R$ 56,2 mil.
Além disso, com 67,8 mil colaboradores, Santa Catarina é o quarto estado com maior quadro de profissionais no setor de tecnologia do Brasil, atrás de São Paulo, de Minas Gerais e do Rio de Janeiro. Em termos relativos, o estado registra 28,6 colaboradores por mil trabalhadores formais, segunda maior taxa do país e superior à média nacional (17,8).
Outro destaque do estudo é o reconhecimento do setor catarinense de tecnologia como o mais especializado do Brasil pelo terceiro ano consecutivo, com mais da metade (61,5%) das ocupações In Core, ou seja, profissionais atuando diretamente em empresas especializadas em tecnologia. No Brasil, esse percentual é de 42,7%. O estudo reforça que quanto maior o nível de colaboradores atuando In Core, maior a especialização da solução. “A tendência de Santa Catarina é avançar cada vez mais na especialização das empresas de tecnologia. Na última década, o número de profissionais In Core dobrou no estado, chegando a 19 mil em 2019. Os números e iniciativas catarinenses são um exemplo de ecossistema para o Brasil e para o mundo”, reforça Engelmann.
Faturamento cresce em 2020
O faturamento total do setor de tecnologia brasileiro foi de R$ 426,9 bilhões em 2020, o que representa 5,6% do PIB do país. São Paulo concentra quase metade (48,4%) do total faturado, com cerca de R$ 206 bilhões. Rio de Janeiro (10%), Minas Gerais (6,3%) e Rio Grande do Sul (5,4%) aparecem na sequência. Em comparação com 2019, o faturamento do setor no país cresceu 5,4%.
No ranking de faturamento, Santa Catarina aparece na sexta posição com faturamento de R$ 19,8 bilhões em 2020, o que corresponde a 6,1% do PIB catarinense. “O ecossistema tecnológico catarinense é bastante promissor. É muito interessante acompanhar a evolução do segmento regional. A tendência é que tenhamos um destaque cada vez maior no âmbito nacional e internacional”, afirma Kadu Monguilhott, CEO da Neoway, maior empresa de Big Data Analytics da América Latina, que nasceu em Florianópolis.
Mapeamento o de vagas
O Tech Report 2021 também evidenciou o mapeamento de vagas na área de TI realizado pela ACATE neste ano. As empresas de base tecnológica de Santa Catarina devem abrir 16.612 novas vagas até 2023, sendo mais da metade delas – 9.303 postos ou 56% – para desenvolvedores de software. O mapeamento demonstra o avanço do mercado de tecnologia a cada ano: são 4,5 mil novos postos até o fim de 2021, 5,3 mil em 2022 e 6,6 mil em 2023.
A ACATE realizou o mapeamento com as empresas de tecnologia de Santa Catarina e 228 delas responderam formalmente a pesquisa. Com apoio de professores da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), foi feita a extrapolação dos dados. Segundo as estatísticas, as funções mais demandadas são Desenvolvedor Full Stack, Back-end e Front-end, seguidas por analista de serviços/suporte TI e analista de negócio. Já em relação às competências dos candidatos, as mais exigidas são conhecimentos em tecnologias ágeis, experiência profissional na área, habilidade em execução de projetos e domínio de linguagens de programação.
“Esse levantamento mostra que há uma demanda crescente por profissionais em empresas de tecnologia. Se fossem consideradas companhias de outros segmentos e que também precisam desses talentos com perfil tecnológico, esse número seria bem maior. Para atender a demanda e ao mesmo tempo gerar oportunidades de inclusão social por meio de uma carreira promissora, já temos iniciativas com a participação de diversos atores do ecossistema de tecnologia”, reforça o vice-presidente de Talentos da ACATE, Moacir Marafon.
Metodologia do Tech Report 2021
As informações apresentadas no Tech Report 2021 têm como fonte principal o Sistema de BI do Observatório ACATE, desenvolvido pela Neoway. O levantamento contempla dados de empresas, faturamento, empreendedores e trabalhadores. Também foram consultados os dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) e do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED).
Vale destacar que o Tech Report 2021 contou com nova formatação das atividades que compõem o setor. Além disso, estimativas mais precisas do faturamento de empresas foram incorporadas. Com estas mudanças na metodologia, os dados históricos foram atualizados para que o comparativo de crescimento entre os anos fosse mais fidedigno ao panorama do setor de tecnologia de Santa Catarina.
As atividades econômicas que identificam o setor seguem a Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE 2.0), e se dividem em Hardware (Indústrias de Transformação), Software e Serviços (Informação e Comunicação, Atividades Profissionais, Científicas e Técnicas, Outras Atividades de Serviços).
Parceria entre ACATE e Badesc
O convênio firmado entre a ACATE e Badesc visa garantir operações de até R$ 150 mil às empresas associadas com faturamento de até R$ 4,8 milhões, por meio das linhas de crédito disponíveis no Badesc. O Fundo ACATE/BADESC garantirá 80% das operações, e 20% serão pelo (FAE) Fundo de Aval Estadual.
A operacionalização será realizada pela ACATE e Badesc, por meio digital. A empresa associada interessada deve entrar em contato pelo e-mail fundoacate@acate.com.br. Para acessar a linha de crédito, é preciso ser associada da ACATE há mais de seis meses, ter atuação empresarial e faturamento há mais de 12 meses e estar em dia com suas obrigações sociais junto à ACATE, além disso, CNPJ e sócios não podem ter restrição cadastral.