Evento realizado pela organização Social Good Brasil reuniu palestrantes nacionais e internacionais
Num mundo conectado e dominado pelos algoritmos, como engajar as pessoas para o bem e utilizar dados e tecnologias para ações de impacto social? O tema foi um dos principais assuntos abordados no 10ª Festival SGB, que ocorreu de 26 a 30 de outubro, totalmente online e gratuito. Neste ano, o evento teve cinco dias de programação, mais de 20 horas de conteúdo, atrações culturais e mais de 80 palestrantes nacionais e internacionais.
A programação foi baseada nos pilares: os grandes temas da humanidade, habilidades do futuro do trabalho, educação em dados para todos, propósito na era dos dados e o seu poder no coletivo, com painéis e entrevistas sobre os desafios mundiais para 2022 de acordo com a ONU, inclusão financeira, uso de dados em organizações sociais, diversidade no ambiente de trabalho, como engajar as pessoas para o bem, uso de dados para o bem da humanidade, entre outros.
Essa foi a segunda edição totalmente online do Festival, considerado o maior evento de tecnologia e dados para impacto social do país, que pelo segundo ano consecutivo teve inscritos de todos os estados brasileiros. São Paulo foi o estado com maior número de participantes (27,86%), seguido por Santa Catarina (25,18%) e Rio de Janeiro (10,19%). A maioria das pessoas (78%) nunca havia participado de um evento do SGB antes.
“Um dos nossos objetivos com o Festival SGB é “furar a bolha” e chegar a novas pessoas. Estamos felizes de ter atingido um público diverso. Pensamos com muito cuidado na programação e nos palestrantes para oferecer conteúdos que interessem de estudantes do ensino médio a cientistas de dados”, diz a diretora-executiva Silvia Luz.
Para quem não conseguiu acompanhar o evento, os vídeos do Festival SGB estarão disponíveis a partir de novembro no Youtube do SGB. Em 2022, o evento será no segundo semestre, presencialmente (se a pandemia permitir) e vai celebrar os 10 anos da organização Social Good Brasil.
Evento alertou para importância da educação para que dados e tecnologias sejam utilizados com ética e em ações que visem o bem da humanidade
No primeiro dia do evento, Henry Timms, líder de filantropia e impacto social nos Estados Unidos, presidente e CEO do Lincoln Center for the Performing Arts em Nova Iorque e um dos fundadores do #GivingTuesday, movimento filantrópico global que envolve pessoas de quase cem países e já gerou centenas de milhões de dólares para boas causas, alertou:
“Ainda não desenvolvemos mentalidade de cidadania digital. Estamos nas plataformas, monetizamos nossa participação nelas, aprendemos sobre os algoritmos, mas a grande questão é: como estamos nos assegurando que todo esse tempo que passamos online vai ter resultado para o bem do mundo? Estamos conectados, mas para que estamos nos mobilizando?”.
Alinhado com o propósito do Social Good Brasil, que é tornar cada vez mais pessoas, organizações e governos fluentes no idioma dos dados, o Festival SGB defende a importância de criar uma coalizão para democratizar a educação em dados no Brasil.
“Cerca de 70% da população brasileira usa smartphones e não teve nenhuma oportunidade de aprendizado sobre o ciclo de vida de dados e informações dentro da Internet. Coisas absolutamente básicas, como saber proteger os dados pessoais. Isso é uma coisa de letramento básico de dados que deveria estar nas escolas”, defende Silvio Meira, professor extraordinário da Cesar School, professor emérito do centro de informática da UFPE e um dos fundadores da Digital Strategy Company – TDS.company.
Nesse contexto, a educação em dados se torna urgente para que as pessoas possam aprender a proteger seus dados e se preparar para o futuro do trabalho, e também para que organizações e governos possam usar dados e tecnologias para ações de impacto social.
“No momento em que a gente desenvolve um pensamento mais analítico, aprende a usar os dados e as tecnologias que estão ao nosso dispor, para então fazer um uso mais positivo disso. Enquanto esse poder estiver em poucas mãos, ele vai ser usado como forma de controle”, comenta Ricardo Cappra, pesquisador de cultura analítica e fundador do Cappra Institute for Data Science, uma organização que pesquisa e cria iniciativas, projetos, labs e startups para acelerar o desenvolvimento analítico ao redor do mundo.
Para a presidente-voluntária do Social Good Brasil, Fernanda Bornhausen, é preciso ir além das quatro competências com as quais o mundo corporativo trabalha atualmente – ler, trabalhar, analisar e se comunicar e argumentar com dados.
“Nós entendemos que a educação em dados é para todas as pessoas. Por isso, incluímos da metodologia própria SGB mais três competências: tomar decisões orientadas por dados, garantir ética, proteção e privacidade de dados e usar dados e tecnologias para gerar impacto positivo. Queremos democratizar o acesso à educação em dados no Brasil, mas isso só será possível quando chegarmos à educação pública”, defende.
Apoios e Parcerias
O Festival SGB é um evento realizado pelo Social Good Brasil, que tem apoio dos Parceiros Masters Fundação Telefônica Vivo e Engie Brasil. O evento é, também, realizado pelo Ministério do Turismo e Governo Federal, por meio da Lei de Incentivo à Cultura e conta com apoio do Mercado Livre e SulAmérica.
Foto: Carlos Kobarg