No Dia Nacional da Saúde Bucal, cirurgiã-dentista fala sobre importância de serviço especializado para pessoas com deficiência
Um projeto de extensão universitária desenvolvido no Hospital Universitário Professor Polydoro Ernani de São Thiago (HU-UFSC/Ebserh) contribuiu para a formação de 61 profissionais qualificados no atendimento odontológico a pessoas com deficiência, desde 2017, além de beneficiar 219 pacientes no mesmo período com assistência especializada, com tratamento preventivos e curativos, segundo números divulgados pela cirurgiã-dentista Alessandra Camargo, responsável técnica do Núcleo de Odontologia Hospitalar do HU e professora do Departamento de Odontologia da UFSC.
Segundo ela, dos 61 profissionais que participaram do projeto de extensão, 48 são alunos de graduação em Odontologia, quatro de Fonoaudiologia e nove de pós-graduação de Odontologia. Alessandra Camargo detalhou estes números sobre assistência odontológica a pessoas com deficiência por ocasião do Dia Nacional da Saúde Bucal, data criada para promover o direito a assistência a todos os cidadãos brasileiros e, por isso, a qualificação de pessoal e a assistência nesta área é tão importante.
“Desde o início dos anos 90, o HU promove a assistência odontológica da pessoa com deficiência, seja pelo atendimento ambulatorial com ou sem sedação medicamentosa, ou pelo atendimento sob anestesia geral em centro cirúrgico”, disse a especialista, acrescentando que o atendimento é regulado pelo Sistema de Regulação (Sisreg), tendo como porta de entrada a atenção primária (Unidade Básica de Saúde). “É importante salientar que o HU não oferece um serviço ‘porta aberta’, ou seja, o paciente não consegue atendimento se procurar diretamente o serviço”, disse.
A cirurgiã-dentista afirmou que a formação destes profissionais é fundamental devido à dificuldade de acesso à saúde para assistência odontológica. “Esta dificuldade é uma retórica na literatura científica e isso motivou a criação de um campo de estágio no ano de 2017 para que alunos que cursam a nona fase do curso de graduação possam presenciar a prática clínica da assistência para pessoas com deficiência (usuários SUS)”, explicou Alessandra.
“Apesar disso, o fato de termos um projeto de extensão de longa duração, além da disciplina teórica de Odontologia para Pacientes Especiais (curricular obrigatória na grade de Odontologia/UFSC) já aproxima o campo de prática da vivência de graduação do estudante”, afirmou.
Entre as pesquisas realizadas no HU nesta área a responsável técnica do Núcleo de Odontologia Hospitalar ressaltou o estudo voltado para tecnologias assistivas no autismo, seguindo uma linha comportamental, um braço de pesquisa que conta com a participação não só de cirurgiões dentistas, mas também de psicólogos e pedagogos.
Outro trabalho desenvolvido no HU, segundo ela, constou da priorização de usuários SUS para percurso terapêutico nos diferentes níveis de atenção na rede. “Foi graças a este trabalho que hoje conseguimos classificar (priorizar) quais pacientes deverão receber atendimento odontológico no HU/UFSC. Para próxima etapa, pretendemos pactuar o treinamento de cirurgiões dentistas da ponta para uso adequado da ferramenta desenvolvida”, afirmou.
Segundo ela, a pesquisa e a extensão estão conectadas com a assistência, uma característica do HU como hospital de ensino. “Um fator está ligado ao outro. As atividades de extensão alimentam as atividades de pesquisa que, em contrapartida, contribuem com o aumento do nosso conhecimento sobre o assunto para melhor atendimento da população”, finalizou.