Sensorweb, de Santa Catarina, tem mais de três mil horas diárias economizadas em registros e controle para monitorar 500 milhões em medicamentos e outros insumos da Saúde
A startup Sensorweb, especialista em soluções de Internet das Coisas (IoT) para a cadeia fria da Saúde e Logística, alcançou crescimento de 48% no número de novos negócios firmados entre março e julho de 2021, com relação aos mesmos meses do ano passado. O ganho significativo reflete o período de vigência da RDC 430, da Anvisa, que padroniza as boas práticas de Distribuição, Armazenagem e de Transporte de Medicamentos, e o aquecimento do mercado na procura por tecnologias capazes de garantir a preservação da eficácia de produtos sensíveis à temperatura e que devem seguir rígidos padrões informados pela indústria farmacêutica — o que inclui ampla gama de insumos, medicamentos termolábeis e, agora, em especial, as vacinas da Covid-19.
A evolução de contratos e negociações por parte da Sensorweb se deu principalmente com a prospecção outbound dedicada ao segmento logístico. Enquanto o setor respondia por 34% dos negócios fechados pela companhia entre março e julho de 2020, nos mesmos meses deste ano, a logística passou a responder por 45% dos novos clientes. De acordo com Mariana Amorim, Coordenadora Comercial da Sensorweb, a alta é puxada pelas empresas transportadoras de produtos refrigerados destinados à Saúde.
“Os operadores logísticos ainda estão se adaptando às normas mais recentes da Anvisa, vigente desde 16 de março, e que tem como data limite um ano para adequação. Como a RDC 430 indica a necessidade de haver monitoramento e controle das condições de manutenção de medicamentos e produtos termolábeis com o uso de instrumentos calibrados para empresas de armazenamento e distribuição, acreditamos que potenciais clientes hoje, no futuro, possam perpetuar nosso crescimento dentro desse nicho de mercado”, aponta.
Sediada em Florianópolis (SC), atualmente a Sensorweb tem faturamento anual acima de R$ 5 milhões e cresce entre 30% a 50% ao ano, contemplando mais de seis mil sensores de monitoramento de temperatura e umidade instalados em cerca de 220 clientes entre hospitais e clínicas, bancos de sangue, laboratórios e pesquisa, logística e indústria farmacêutica. A startup também registra mais de três mil horas diárias economizadas em registros e verificação de câmaras frias da Saúde e mais de 500 milhões de medicamentos e insumos monitorados.
“Em termos de negócios, estamos priorizando o monitoramento de temperatura automatizado especialmente na área de Logística, devido à RDC, e ao grande volume de trabalho relacionado às vacinas. Hoje temos clientes que realizam desde os testes e análises, transporte, distribuição e armazenamento, até chegar na ponta do combate à pandemia: hospitais com leitos de “UTI-Covid” e unidades básicas de saúde que estão vacinando a população. Estar em todos esses elos da cadeia da Saúde é extraordinário e nos demanda um olhar cuidadoso e uma melhoria constante dos nossos processos e soluções. Isso não só considerando a eficiência e a confiabilidade dos nossos sistemas para os termos financeiros, mas também para garantir a preservação da qualidade de produtos que podem chegar a salvar vidas”, destaca Douglas Pesavento, CEO da Sensorweb.
Logística eficaz ajuda a preservar as vacinas que circulam no Brasil
A aquisição e a distribuição de vacinas por si só não bastam para garantir imunidade à população. Principalmente em países em desenvolvimento, como é o caso do Brasil, é preciso vencer diariamente os desafios relacionados à cadeia de frio e logística para a preservação da eficácia dos imunizantes e evitar que, se armazenados ou transportados na temperatura ou umidade errada, eles estraguem. Desde janeiro, quando começou a imunização no país, já são reportados em vários estados casos de desperdício de vacinas por má conservação ou problemas relacionados aos refrigeradores onde as vacinas são guardadas.
De acordo com Douglas Pesavento, os imunizantes em geral precisam de controle rigoroso da cadeia do frio, desde a produção em laboratório até a aplicação no paciente. E, no caso específico das vacinas do covid-19, o nível de controle se eleva dependendo do tipo de vacina que está sendo armazenada, transportada e aplicada (muitas devem ser mantidas em temperaturas específicas).
“As peculiaridades envolvidas na vacinação tem relação direta com bons equipamentos de armazenagem durante o ciclo da cadeia fria, transportes com refrigeração, manutenções contínuas para testes de temperatura e, principalmente, um bom controle das temperaturas dentro de cada ambiente onde estão as vacinas do covid-19”, afirma Pesavento.
Um dos principais pontos de passagem de vacinas brasileiro, o Aeroporto Internacional de São Paulo (GRU Airport), não só recebe milhares de lotes de vacinas prontos como também os insumos importados para a produção de vacinas em território nacional e que também precisam de controle. No Centro de Distribuição Logístico do Ministério da Saúde (anexo ao terminal) os produtos são monitorados em ambientes climatizados e câmaras frias capazes de atender às exigências das vacinas Oxford/AstraZeneca e Sinovac/CoronaVac, que precisam ser mantidas entre 2º C a 8ºC, e da Pfizer/BioNTech, que no local ficam armazenadas a uma temperatura de -90ºC a -60ºC e que para o transporte contam com embalagem própria da Pfizer com temperatura controlada a gelo seco que mantém os requisitos de segurança até chegarem às salas de vacinação, onde devem ser aplicadas num período de até cinco dias.
Hoje o GRU Airport possui pontos de monitoramento por meio de tecnologias da Sensorweb. O sistema da healthtech brasileira mantém dados de temperatura registrados em tempo real e podem ser acessados de qualquer lugar, mesmo quando a equipe técnica desses ambientes monitorados estão fora dos armazéns ou acompanhando a distância devido a grande área de armazenamento existente no aeroporto. Além dos sensores instalados em Guarulhos, clínicas de vacinas, laboratórios de pesquisa, hospitais e empresas de logística também utilizam câmaras frias, geladeiras e freezers monitorados pela startup como a RV Ímola e o Seconci-SP.
“No caso das vacinas de Covid-19, um diferencial que tem ajudado nossos clientes a armazenar, transportar e aplicar as vacinas é a faixa de capacidade de registro das temperaturas de -196°C até +200°C que possuímos. Um dos cuidados que tomamos desde que as vacinas chegaram no país é a garantia de registro em transporte, mesmo quando o caminhão passa por uma área de sombra, ou seja, quando não há sinal de nenhuma operadora, o sensor consegue guardar e manter os dados e depois enviá-los para a nuvem segura. Já para os armazéns, nossa equipe de especialistas tem sido ativa com os principais ambientes logísticos que armazenam as vacinas, tornando-se crucial a utilização de tecnologias no controle e monitoramento a fim de garantir vacinas seguras para todo o país”, assegura Douglas Pesavento.
Ainda nesse contexto, a tecnologia IoT para monitoramento de temperaturas se faz presente em instituições que produzem vacinas, pesquisas e testes relacionados ao coronavírus. Hoje a tecnologia Sensorweb auxilia a Fundação Ataulpho de Paiva, que produz testes e vacinas de BCG, como também auxilia o IBMP no monitoramento de temperatura quanto a pesquisa e produção de kits testes para diversas doenças no país, incluindo os testes da covid-19 numa parceria com FioCruz e Tecpar. Além disso, no primeiro semestre o Ministério da Saúde em parceria com FioCruz e Bio-Manguinhos anunciaram a assinatura de contrato de Transferência de Tecnologia da vacina Covid-19 e a tecnologia Sensorweb será empregada para garantir a segurança destes insumos essenciais para a proteção da população.