Após nove anos sem uma nova edição, a Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação de Santa Catarina (Fapesc) publicou edital para o Prêmio de Valorização da Biodiversidade de Santa Catarina. As inscrições estão abertas até 21 de junho. Podem participar estudantes de pós-graduação, professores, pesquisadores e jornalistas.
>>> Acesse o edital completo do prêmio
A ideia é incentivar pesquisas e produção de conhecimento sobre espécies do ecossistema catarinense. Assim como apoiar a divulgação desses estudos, dando mais visibilidade aos resultados.
Esse é o caso da pesquisadora Karine Louise dos Santos, professora da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), em Curitibanos. Em 2010, ela inscreveu um artigo publicado na revista científica Economic Botany, dos Estados Unidos. No mesmo ano recebeu a notícia de que foi uma das premiadas pela Fapesc.
A publicação trata dos conhecimentos tradicionais e manuseio da goiabeira serrana, espécie nativa de Santa Catarina e do Sul do país. Karine vem pesquisando sobre o tema desde a graduação.
“Eu continuo trabalhando com espécies nativas de ocorrência aqui na nossa região. Além da goiaba, trabalho com outras espécies como a araucária e a erva-mate. Hoje estudamos a incorporação em sistemas biodiversos de produção, a exemplo dos agroflorestais. Incorporamos essas espécies com o intuito de promover serviços agrossistêmicos, garantir equilíbrio ambiental e, também, gerar renda aos agricultores”, explica a pesquisadora.
Karine destaca ainda que o prêmio é um importante estímulo para quem trabalha e foca nas espécies nativas. "Às vezes temos dificuldade para acessar recursos para trabalhar com esse grupo de espécies. O prêmio foi muito bem-vindo. Representa um olhar atencioso para nossa biodiversidade”.
Por isso, o presidente da fundação, Fábio Zabot Holthausen, reforça a participação de pesquisadores, alunos e jornalistas nessa premiação. “A Fapesc, por meio desta chamada pública, convida a todos a inscreverem as suas propostas, os seus estudos e as suas reportagens. E, com isso, teremos um grande prêmio aqui em Santa Catarina, dando destaque às pessoas que valorizam nosso ecossistema”, comenta.
Quem pode participar
Tanto pesquisadores quanto professores, estudantes de pós-graduação e jornalistas podem se inscrever em uma das três categorias. Na Roberto Miguel Klein serão destacados os trabalhos que envolvem a ecologia e a biodiversidade de plantas nativas do Estado.
Já na categoria Raulino Reitz, serão aceitas publicações que tratam da recuperação e da conservação das matas ciliares e atreladas a recursos hídricos. Por fim, pode se inscrever em Burle Marx quem tiver material específico de publicações científicas e jornalísticas relacionadas à biodiversidade urbana e paisagismo ecológico.
Serão nove premiados, que receberão R$ 15 mil cada, mais medalhas e passagens para o Rio de Janeiro para visitar o sítio Roberto Burle Marx e o Jardim Botânico.
Proteção da biodiversidade
O Estado de Santa Catarina está inserido Mata Atlântica, que é responsável por uma parcela significativa da diversidade ecológica do Brasil. Esse bioma está presente em 17 estados. Mas, por estar em uma faixa litorânea, em que vivem mais de 80% da população brasileira, é também o mais devastado.
Restam hoje apenas 12,4% da cobertura original da Mata Atlântica. Seria preciso ao menos 30% para garantir a conservação, segundo artigo publicado na revista Science.
Segundo a coordenadora de projetos na Fapesc e responsável pelo Prêmio de Valorização da Biodiversidade, Márcia Patrícia Hoeltgebaum, das 46 mil espécies de plantas registradas no país, mais de 20 mil foram identificadas na Mata Atlântica. E mais: metade delas são de ocorrência exclusivas desse tipo de bioma.
“Santa Catarina detém cerca de 28% da cobertura florestal remanescente. Então, ações de conservação devem ser priorizadas no Estado”, defende Márcia, que também é bióloga e pesquisadora.
Foco na divulgação dos resultados
Um dos diferenciais do Prêmio de Valorização da Biodiversidade é aliar o trabalho científico com a divulgação dos resultados na imprensa. “O jornalismo tem fundamental importância na conexão do ecossistema de ciência, tecnologia e inovação com a sociedade. É pelo trabalho dos jornalistas que muitos projetos e pesquisas que estão em desenvolvimento chegam até as pessoas e se tornam conhecidos”, explica a assessora de imprensa da Fapesc, Francieli Regina de Oliveira.
Para participar, os jornalistas precisam ter elaborado uma matéria que apresente o resultado de pesquisas relacionadas à biodiversidade. Também é preciso ter o diploma de mestre, título mínimo também exigido para os outros participantes (pesquisadores, professores e alunos).
As inscrições para o edital 19/2021 podem ser feitas diretamente na plataforma da Fapesc. Para mais informações, acesse www.fapesc.sc.gov.br.