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Florianópolis, 23 novembro 2024

Leonor Scliar-Cabral lança arqueologia das origens do alfabeto na forma de sonetos

EventosLeonor Scliar-Cabral lança arqueologia das origens do alfabeto na forma de sonetos
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As letras e seu simbolismo histórico inspiram os poemas

A cientista da linguagem, autora e tradutora brasileira, professora titular aposentada pela UFSC, Leonor Scliar-Cabral, lança na próxima terça-feira (8/12), na forma de poesias, uma “arqueologia” das origens do alfabeto. A obra Sagração do Alfabeto já foi lançada na Universidade de Évora, em Portugal, e na Livraria Cultura, em São Paulo. Agora será apresentada em Santa Catarina, no Hall da Reitoria da UFSC, com a leitura de sonetos nas cinco línguas em que são apresentados na obra: português, inglês, francês, hebraico e espanhol.

Com a nova publicação (são dezenas de trabalhos no Brasil e exterior), a linguista presta seu tributo a um dos maiores feitos do homem na acumulação do saber: a invenção do alfabeto. E dá novo vigor ao soneto, forma que muitos jovens poetas considerada superada.

“Sagração do Alfabeto, não hesito em dizer, é um dos projetos poéticos mais belos e originais de que tenho conhecimento. Confluem nele não apenas a vocação poética de Leonor, como também sua enorme cultura linguística e ainda a tradição judaica, que no caso dela, não tem origem religiosa, mas sim histórica, cultural”, destaca na apresentação do livro Moacyr Scliar, um dos mais conhecidos escritores brasileiros da atualidade. “Ela recupera em cada letra o seu simbolismo histórico e o usa como inspiração para seus poemas. Ela reaviva antigas e profundas tradições poéticas”, enfatiza o escritor, “primo, amigo, admirador e até discípulo”, da autora.

A publicação mostra que a trajetória da escrita desenvolve um lento percurso desde a fase em que as ideias são expressas por meio de figuras e cenas (tradução da realidade do mundo, a descrição das coisas), passando pelos ideogramas, até chegar à etapa fonográfica, que representa a fala. Na série de 22 sonetos a autora retoma a ligação entre os hieróglifos e o alfabeto fenício, que representa a escrita quase chegando à fase de sinais.

Leonor Scliar ensina, dessa forma, como transcorreram etapas fundamentais do desenvolvimento da linguagem humana. Um dos primordiais é aquele em que o som é fixado por meio de um desenho que o representa. Nas fases seguintes acontece a simplificação e abstração do desenho, que não guarda mais relação com a realidade e resulta numa economia de custos para a memória e no aumento gigantesco da produtividade dos sistemas escritos. A edição é enriquecida pelo traçado do poeta e artista plástico Rodrigo de Haro.

A autora:
Leonor Scliar-Cabral nasceu em Porto Alegre, em 1929. É doutora em Linguística pela USP e professora emérita. Titular aposentada pela UFSC, é pós-doutora pela Universidade de Montreal e em 1991 foi eleita pela Universidade de Toronto presidente da International Society of Applied Psycholinguistics, sendo reeleita pela Universidade de Bolonha. Atualmente é presidente de honra da sociedade.

Foi presidente da União Brasileira de Escritores em Santa Catarina (1995-1997) e presidiu a Associação Brasileira de Linguística (Abralin) no biênio 1997-1999. Pesquisadora do CNPq desde a década de 70, atualmente é coordenadora do Grupo de Pesquisa Produtividade Linguística Emergente, alimentando o Childes, o maior banco de dados sobre linguagem do mundo.

Obras:
– Introdução à Lingüistica (Globo, 7ª edição)
– Introdução à Psicolingüistica (Ática, 1990)
– Romances e Canções Sefarditas (Massao Ohno, 1990)
– Memórias de Sefarad (Athanor, 1994)
– De senectute erotica (Massao Ohno, 1998)
– Poesia espanhola do século de ouro (Letras Contemporâneas, 1998)
– O outro, o mesmo (trad. Poética, in J.L. Borges, Obra completa, Globo, 1999)
– Cruz e Sousa, o poeta do desterro (versão poética para o francês com M.H. Torres, das legendas do filme de Sylvio Back, Sete Letras, 2000)
– Princípios do sistema alfabético do português do Brasil e Guia Prático de alfabetização (Contexto, 2003)
– O sol caía no Guaíba (Prym, 2006)
– Desvendando discursos: conceitos básicos (EdUFSC, 2008)

Saiba Mais

Primeiros desenhos: são encontrados há 20 mil anos, em grutas em Lascaux, complexo de cavernas ao sudoeste de França.

As linguagens: aos poucos acontece o surgimento da escrita cuneiforme sumério-acadiana (entre 4 mil e 3 mil anos antes de Cristo), a ideográfica na China, (3 mil anos antes de Cristo) e a hieroglífica, no Egito (3 mil anos antes de Cristo), até os sistemas alfabéticos.

O alfabeto moderno: Foi desenvolvido no século III

A passagem dos hieróglifos para os demais alfabetos: ocorre em dois processo paralelos. Vão sendo eliminados pedaços do todo, até restarem traços arbitrários, que se resumem a retas e arcos. Há também o desmembramento da sílaba, cuja unidade será fixada na escrita pela letra.

Hieróglifos: O filólogo que decifrou essa escrita, chamada de proto-sinaica, foi Gardiner, em 1916. Ele constatou que cada hieróglifo correspondia ao significado de uma palavra iniciada por aquele som.

Serviço: Lançamento de ´Sagração do Alfabeto`, de Leonor Scliar-Cabral, com leitura de sonetos em cinco línguas
Quando: 8 de dezembro
Hora: 19h
Local: Hall da Reitoria da UFSC

Mais informações: Leonor Scliar-Cabral, fone (48) 3334-8232 / e-mail: lsc@th.com.br

Por Arley Reis / Jornalista da Agecom