Francisco José Battistotti – Presidente da Associação de Clubes de Futebol Profissional de Santa Catarina
Com quase nove meses de duração, interrompido três vezes, sem torcida nas arquibancadas, o Campeonato Catarinense de Futebol, que terminou ontem à tarde com a conquista do título de campeão pela Chapecoense, foi um dos mais longos e mais difíceis da história. No entanto, apesar da pandemia, foi realizado e concluído. Mérito coletivo – das entidades que comandam o futebol, dos dirigentes de clubes, dos governos Estadual e Municipais, das equipes médicas, das comissões técnicas, dos jogadores e funcionários dos clubes, das torcidas e dos profissionais da imprensa. É um feito do qual devemos nos orgulhar porque saímos, todos nós, vencedores. Cada qual do seu jeito, na sua função, tem enfrentado com coragem os desafios que a vida nos impôs neste ano.
Nenhuma decisão foi tomada de improviso ou por impulso – isso não significa que não houve erros – mas tentamos equilibrar os pontos de vista e, na grande maioria das vezes, conseguimos construir consensos. Uma das características mais marcantes dos seres humanos é a capacidade de se adaptar e superar desafios e nós, neste ano histórico e inesquecível, superamos vários, sempre de cabeça erguida.
Com critérios rigorosos de saúde, realizamos muito mais que mil testes nos jogadores, comissão técnica e demais colaboradores para detectar a presença do novo Coronavírus. Fizemos o que parecia impossível: retomamos o show do futebol, preservando, ao máximo, a integridade de todos. Neste sentido, marcamos um gol de placa, como diria o saudoso jornalista Joelmir Beting, o inventor dessa expressão que virou um bordão brasileiro.
Poucas coisas no mundo agregam como o futebol. Não há esporte que mexa tanto com as emoções e mobilize um número tão grande de pessoas. Este amor pelo esporte – amor que agrega, inspira e nos faz mais felizes – é uma das coisas mais bonitas da vida. Há, é lógico, aqueles que confundem amor com fanatismo cego e usam o futebol apenas para extravasar ódios e frustações. Estes, ainda bem, são uma minoria. A maioria tem o amor autêntico e entende que futebol, quando bem jogado, é também uma arte – a arte mais popular do mundo.
Impossível não falar, é claro, dos amigos e dos profissionais valorosos que perdemos para a Covid-19. Eles serão lembrados para sempre, por tudo que fizeram na vida pessoal e profissional. Em memória deles, seguimos em frente, fazendo o nosso trabalho e cumprindo a nossa missão. Por eles, seguiremos torcendo pelo futebol e pela vida.