A situação é paradoxal: por medo da COVID 19, pessoas estão evitando ir a consultórios médicos ou hospitais. Dessa forma, podem estar deixando de buscar diagnóstico e tratamento para doenças graves. Apesar da necessidade de cuidados especiais para sair de casa – evitar aglomerações, usar máscara e higienizar as mãos constantemente – é aconselhável não ignorar sintomas que podem indicar problemas sérios.
“O tempo de resposta entre a ocorrência de um Acidente Vascular Cerebral (AVC) e o tratamento adequado é fator essencial para minimizar danos ao cérebro”, diz o neurocirurgião Jorge Luís Wollstein Moritz. Segundo ele, o cérebro começa a sofrer danos assim que ocorre a obstrução (ou a ruptura) de um vaso sanguíneo, o que exige velocidade no diagnóstico e no tratamento.
Hoje, equipes especializadas em AVC trabalham para que todo o processo de preparo de um procedimento – avaliação clínica do paciente, realização de exames de imagem, análise dos resultados e definição do procedimento a ser realizado – demore apenas uma hora. Segundo Moritz, é preciso conhecer os sintomas para identificar a ocorrência de um AVC e buscar o tratamento o mais rapidamente possível. Os sinais que merecem atenção, principalmente se aparecerem de maneira súbita, incluem fraqueza ou formigamento nos membros, geralmente em apenas um dos lados do corpo; formigamento ou distúrbio da motricidade da face, dificuldades na fala, alterações na visão, entre outros. “Amigos, parentes e o próprio indivíduo precisam estar atentos e agir quando surgem os primeiros sinais”.
A mastologista Rebeca Heinzen explica que as mulheres também precisam estar atentas a eventuais sinais de alerta emitidos pelo corpo. Pacientes saudáveis podem aguardar algum tempo para a realização de exames de rotina, como a mamografia. Mas mulheres que identificarem um nódulo ou massa na mama ou apresentarem outro sintoma – saída de secreção, principalmente sangue, pelo mamilo; inchaço, dor ou inversão no mamilo (mamilo “‘para dentro”) ou irritação e aparecimento de irregularidades que fazem a pele se assemelhar à casca de uma laranja – devem procurar um profissional.
“Em casos assim, o atraso na avaliação pode ser prejudicial à paciente. Principalmente porque quanto mais precoce a detecção, maior a chance de cura. Além disso, há possibilidade de tratamentos menos agressivos”, diz a mastologista.
Os hospitais e clínicas também precisam se adaptar para receber os pacientes com segurança. No Hospital Baía Sul, por exemplo, pacientes com cirurgia agendada utilizam garagens específicas e são atendidos em espaços isolados de casos de COVID19 desde a recepção até a observação e internação do pós-operatório. “Independente da crise mundial causada pelo coronavírus, os hospitais são concebidos e gerenciados de forma a lidar com o controle de infecções, sendo assim um local seguro para quem está enfermo e precisa de atenção médica”, diz o presidente do Hospital Baía Sul, Sérgio Brincas.
A Clínica Imagem também adotou cuidados especiais. Há álcool em gel e máscaras para pacientes e acompanhantes e os espaços foram organizados e readequados a partir de orientações dos órgãos de saúde. Além disso, houve prolongamento no intervalo entre os procedimentos e a equipe foi treinada a identificar possíveis sintomas gripais em pacientes que são então encaminhados para o fluxo específico dessa condição.