Reação desregulada do organismo a uma infecção é reconhecida pela OMS como problema de saúde pública mundial
A maior parte da população sequer sabe o que é sepse – uma reação desregulada do organismo a uma infecção. Um quadro infeccioso que evolui para a sepse pode provocar sequelas importantes e, no extremo, levar à morte. "A sepse é sempre uma emergência", diz o infectologista Rafael Osellame. Ele é um dos responsáveis pelo protocolo de sepse implantado no Hospital Baía Sul desde dezembro de 2017. O pacote determina uma série de medidas que precisam ser postas em prática (coleta de exames, infusão do antibiótico e reposição volêmica) imediatamente após a identificação de um caso, em até uma hora.
O médico explica que cada hora de atraso no tratamento aumenta praticamente em 8% a chance de a doença ser fatal. Justamente por isso, é essencial que não apenas os profissionais de pronto atendimento, mas também os leigos em medicina estejam aptos a reconhecer rapidamente a sepse e dar o encaminhamento adequado aos pacientes. "Quase todas as pessoas sabem reconhecer os sinais que indicam a possibilidade de alguém estar sofrendo um infarto, e isso é essencial para o encaminhamento do caso ao atendimento médico urgente. Com a sepse deveria ocorrer o mesmo, porque a velocidade no diagnóstico e no tratamento é fundamental", diz.
Desde 2017 a sepse é reconhecida pela Organização Mundial da Saúde como um problema de saúde pública mundial. A medida busca estimular a prevenção, o diagnóstico precoce e o tratamento. Os especialistas acreditam na importância de disseminar informação sobre o assunto também entre a população em geral. Tanto que foi estabelecido o 13 de setembro como Dia Mundial da Sepse. O conhecimento do assunto e a atenção aos sintomas podem fazer a diferença na velocidade de encaminhamento e no sucesso do tratamento. "Quando o corpo reage de forma extrema a uma infecção, o que caracteriza a sepse, o paciente dá sinais que podem ser reconhecidos e devem acender a luz vermelha para a busca imediata de auxílio médico", alerta o infectologista.
Na sepse, o paciente tem febre alta persistente, mesmo com uso de medicamentos, a respiração acelera e a pulsação também. Há queda na pressão, diminuição no volume de urina e sonolência ou agitação. Podem ocorrer ainda casos de desorientação. Não há um perfil definido com exatidão de quem pode sofrer com o problema, mas a sepse é mais comum nos indivíduos com imunidade reduzida – idosos, gestantes, recém-nascidos, pessoas com desnutrição, pacientes em uso de quimioterapia, ou hospitalizados e submetidos a procedimentos invasivos, portadores de HIV sem tratamento, entre outros.
A adoção de hábitos saudáveis, que incluam alimentação adequada, prática de exercícios físicos, entre outros, é um dos fatores de prevenção. Osellame destaca ainda a importância de manter a vacinação em dia, já que há infecções associadas a doenças que podem ser prevenidas pela imunização, e manter sempre a adequada higiene das mãos. O especialista destaca ainda a importância de evitar a automedicação, principalmente com uso de antibióticos, o que pode mascarar sintomas e atrasar o tratamento
Instituto reúne instituições latino americanas para fortalecer combate à Sepse
O Hospital Baía Sul possui o protocolo de sepse em parceira com o Instituto Latino Americano de Sepse (ILAS), entidade criada em 2004 para aprofundar e difundir os conhecimentos sobre sepse e choque séptico; desenvolver programas de melhoria da qualidade assistencial ao paciente com sepse e aos sobreviventes; coordenar estudos clínicos e epidemiológicos na área de sepse, e aumentar a percepção do problema que a sepse representa entre leigos, profissionais de saúde, políticos e formadores de opinião.
O ILAS acompanha a implantação de protocolos de sepse e monitora os resultados obtidos por instituições privadas e públicas que aderiram ao programa. O pano de fundo do trabalho é a Campanha Sobrevivendo à Sepse (Surviving Sepsis Campaign – survivingsepsis.org), um esforço mundial que visa reduzir a mortalidade da sepse.
O infectologista Rafael Osellame explica que a parceria é importante porque a atenção ao combate à sepse deve ser permanente. O protocolo de sepse do Hospital Baía Sul envolve o trabalho da equipe multidisciplinar no atendimento imediato após a identificação de um caso suspeito, trazendo assim qualidade de assistência, segurança ao paciente e redução da letalidade. Ainda, há ações contínuas de conscientização de toda a equipe. O ponto alto das atividades ocorre em setembro, com a semana de combate à sepse. A programação inclui exposição de material educativo sobre o tema, aplicação de quizz e um seminário técnico-científico, agendado para o dia 12, que reúne médicos, enfermeiros, técnicos e estudantes para atualizar conhecimentos sobre o assunto