Empresas do ecossistema de TI de SC elevam contratações com vendas para o exterior
A internacionalização de empresas de tecnologia tem ajudado a gerar empregos no Brasil. Em Santa Catarina, um dos maiores ecossistemas brasileiros de TI, há várias empresas elevando as contratações para atender as demandas de clientes de outros países. Um ponto favorável ao setor é sua escalabilidade, a capacidade de fazer crescer muito rapidamente seu mercado – e atendê-lo. Isso torna possível um rápido crescimento da oferta de empregos no Brasil. Como desenvolvem produtos digitais, essas empresas abrem escritórios ou se associam a parceiros estrangeiros em joint ventures, mas mantém a “fábrica” no Brasil, abrindo oportunidades para brasileiros.
Neste ano, o DOT digital group deu início ao seu processo de internacionalização com a abertura de uma joint venture em Lisboa, em parceria com a portuguesa Vantagem+. Referência em Edtech no Brasil, com uma carteira de clientes como Natura, Santander, Honda e Engie – o DOT quer ampliar seu mercado, ganhar escala, reduzir custos e diversificar os riscos. Em Lisboa, o grupo terá uma equipe responsável pela comercialização das soluções de Edtech no mercado europeu, mas o desenvolvimento tecnológico será feito pela equipe do DOT no Brasil, sediada em Florianópolis. O grupo tem atualmente 300 colaboradores e estima contratar 50 com a internacionalização ao longo de três anos.
“Temos uma equipe de especialistas em tecnologias para Edtech que já conquistou o mercado brasileiro e tem muito know-how para atender novos mercados”, destaca Luiz Alberto Ferla, CEO e fundador do DOT. Para o empresário, a internacionalização traz riscos normais às atividades empresariais, mas é uma proteção em relação à volatilidade dos mercados. “Os reveses da economia de um país podem ser compensados pela estabilidade de outrem”, explica Ferla. Com relação às contratações, o empresário destaca que as oportunidades de carreira internacional atraem talentos para a empresa, além de estimular a integração de diferentes culturas, o que é muito positivo para o ambiente corporativo.
No caso da Cheescake Labs, o caminho foi inverso: a empresa ofereceu serviços internacionais antes mesmo de formar uma carteira de clientes no Brasil. A empresa nasceu com o propósito de conectar mão-de-obra brasileira com demandas por desenvolvimento de aplicativos web e mobile proveniente dos Estados Unidos. Hoje 60% dos clientes ainda são estrangeiros, de países como Espanha, EUA, Reino Unido e Suíça. De acordo com Marcelo Gracietti, CEO da empresa, a Cheesecake Labs emprega mais de 50 pessoas e cerca da metade do time operacional está trabalhando com projetos internacionais.
Outra empresa do ecossistema catarinense que vem acelerando contratações por conta de seus negócios no exterior é a Involves, desenvolvedora do software de Trade Marketing focado em execução in-store. A empresa começou sua trajetória em Florianópolis em 2009 e hoje possui clientes em 21 países. Para atender a demanda externa, quase 10% da sua equipe é responsável por cuidar apenas de negócios no exterior. Só em 2018, o crescimento fora do país foi de 50%, o que deu segurança para a empresa dar um passo maior: este ano, a Involves abriu uma filial do México, e pretende acelerar ainda mais sua expansão internacional, aumentando as possibilidades de contratação no Brasil.
A HostGator, provedora mundial de hospedagem de sites e outros serviços relacionados à presença online, iniciou a expansão na América Latina em 2015, quando começou a operar no México a partir do escritório brasileiro. O crescimento da empresa, que entrou também nos mercados chileno e colombiano no último ano, gerou a demanda por funcionários em Florianópolis (SC), onde está sediada, para atender os novos clientes. Só em 2017, foi registrado um crescimento de 27% no quadro de funcionários e no ano seguinte, de 29%. A HostGator planeja continuar em ritmo de expansão em 2019 e estima que o número de funcionários aumente mais 11% neste ano.
Procura-se – Apesar do aumento de vagas no setor de tecnologia da informação (TI), preencher esses espaços pode ser um desafio para as empresas devido à falta de mão-de-obra qualificada no Brasil. A Codenation surgiu exatamente para resolver esse problema. A startup insere novos profissionais no mercado de tecnologia através de cursos de capacitação na área de desenvolvimento em parceria com empresas do segmento. Durante o programa de aceleração, os selecionados resolvem desafios, desenvolvem projetos, recebem auxílio de tutores e assistem palestras com convidados que já atuam na área. Assim, os profissionais aprendem mais sobre linguagens específicas de programação e sobre o cotidiano das empresas que estão contratando.
Grupo temático – Entendendo que a internacionalização é o futuro de muitas empresas do ecossistema de inovação de Santa Catarina, a Associação Catarinense de Tecnologia (ACATE), criou o Grupo Temático de Internacionalização. A iniciativa promove encontros multidisciplinares entre advogados, empreendedores, professores, mestrandos e doutorandos para debater legislação, desafios e estratégias de expansão internacional. O propósito do grupo é consolidar uma cultura de internacionalização entre as empresas do ecossistema da ACATE, contribuindo para que sejam mais competitivas e sustentáveis. Além do grupo, a Associação inaugurou, em 2018, um escritório em Boston (EUA), e tem buscado parceiros para replicar a experiência internacional bem-sucedida de algumas de suas associadas para todas as empresas de tecnologia de Santa Catarina que querem conquistar o mercado internacional.