Artista faz dois shows – um em Criciúma e outro em Florianópolis nos dias 20 e 21 de setembro
Depois do semestre de aulas em Coimbra e do lançamento do álbum Margem em Portugal e no Brasil, Adriana Calcanhotto estreia a nova tour e mais uma vez, vem se dar ao mar como imagem.
A Artista vem a Santa Catarina para dois shows, em Criciúma no dia 20 de setembro no Teatro Elias Angeloni e em Florianópolis no dia 21 de setembro no Teatro Da UFSC. Ingressos disponíveis em Ingresso Nacional para Criciúma e Florianópolis.
Adriana Calcanhotto assina a direção do espetáculo de lançamento de seu novo álbum, Margem, lançado em junho de 2019. A banda que a acompanha é formada pelos mesmos músicos que tocaram e co-produziram com ela o seu mais recente trabalho de estúdio. Rafael Rocha (mpc, bateria, percussão, Handsonic, assovio), Bruno Di Lullo (baixo e synth) e Bem Gil (guitarra e synth), os dois últimos estiveram com Calcanhotto na turnê A Mulher do Pau Brasil que rodou o Brasil no segundo semestre de 2018.
“Eles são compositores, são parceiros, são amigos, tocam na mesma banda, me ajudaram a produzir o disco, são gatos, como não os levaria pela estrada a fora?”, derrete-se a artista.
O repertório do novo show tem como esqueleto as canções do novo álbum, Margem, resgata músicas de Maritmo e Maré, os outros dois discos da trilogia marinha (como “Mais Feliz”, “Vambora”, “Quem vem pra beira do mar”), além de sucessos da carreira de Adriana, como “Esquadros” e “Maresia” canções arranjadas especialmente para o espetáculo, como ‘Futuros amantes”, de Chico Buarque, de 1993, que a cantora gravou como faixa exclusiva para a versão japonesa do álbum Margem. “Canção irmã de “Os ilhéus”, apontam as duas para muito tempo depois de nossa civilização, e apostam as duas no amor e na virtude como humanidades sobreviventes aos tempos. Não saberemos. As duas canções irmãs só se encontram no palco (e no disco japonês) e em sequencia. É dos momentos mais fortes do show, pra mim, no sentido do quanto uma canção pode exigir de nós em termos da nossa capacidade de rendição à beleza. Será que um dia Copacabana será a nova Atlântida? Chico Buarque é quem sabe”, especula a compositora.
“No primeiro ensaio olhei para a banda e falei “vamos fazer um luau”. Esse foi o primeiro sentimento. Luaus dependem da força do vento, do tempo que ele sopra numa só direção, da maré, e esse show é assim; completamente dependente do mar. Com os ensaios porém, fui percebendo que o emaranhado de textos do roteiro, que tem muitos ecos e referências literárias, foi se superpondo à ideia de luau, que é a princípio menos complexo. Os arquétipos marinhos foram dando as caras, a meu ver em função da sonoridade que alcançamos tocando juntos tanto tempo depois das gravações do disco. O som do show não quis ser o som do disco, o universo timbrístico teve que se expandir pra conter as canções da trilogia e mais as outras todas e isso era previsto mas o som do show resultou mais relaxado, mais vagabundo. Interessante foi notar as ligações que as canções começaram a fazer entre si independentemente da minha ação. De certa forma, fui observando o roteiro se fazer a si próprio, maneira inteiramente nova pra mim de conceber um espetáculo.
“O irresitivel canto da sereia”
La Nación,2008
“Minha relação com o mar vem se aprofundando. Por causa da minha relação com o mar físico, concreto, que foi um dos motivos que me levaram a escolher o Rio de Janeiro pra morar, por exemplo, fui adentrando o mundo do mar metafórico, da literatura de mar, dos autores que escreveram sobre o mar, em prosa ou verso, enfim, essa tradição da literatura de mar, sobretudo portuguesa”
Adriana Calcanhotto in Maré, 2008
"O espetáculo é onde as águas da trilogia se encontram, uma espécie de pororoca de água salgada”
Adriana Calcanhotto in Margem 2019