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Florianópolis, 25 novembro 2024
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Feministas lançam campanha contra Cacau Menezes

GeralFeministas lançam campanha contra Cacau Menezes
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Coletivo Jornalismo Sem Machismo está fazendo uma campanha nas redes sociais contra opiniões e matérias do jornalista Cacau Menezes, da NSC Comunicação. O grupo acusa Cacau de denegrir a imagem das mulheres catarinenses em sua coluna no jornal Diário Catarinense e também critica um vídeo exibido pelo jornalista em seu quadro no Jornal do Almoço. 

"Chega de Machismo, Cacau", é o nome da campanha lançada pelo coletivo, formado por alunas da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). A campanha já conta com mais de 2 mil curtidas no Facebook e mais de mil compartilhamentos. Confira no fim da matéria a resposta do Cacau Menezes às criticas. 

A campanha exige um posicionamento da NSC Comunicação sobre as colocações do jornalista, já que se trata de uma rede com concessão pública e que atinge grande número de pessoas em Santa Catarina. 

O vídeo que serviu de estopim para o lançamento da campanha foi exibido no quadro do Cacau Menezes do dia 26 de março. Confira:

Veja a posição do Coletivo Jornalismo Sem Machismo sobre o vídeo e também sobre o porquê do lançamento de uma campanha contra algumas posições adotadas por Cacau Menezes: 

"CHEGA DE MACHISMO NA MÍDIA CATARINENSE! 
Campanha #ChegaDeMachismoCacau

Na segunda-feira, 26 de março, Cacau Menezes, colunista da NSC TV no programa Jornal do Almoço e também do jornal Diário Catarinense, mais uma vez utilizou o espaço para reproduzir suas opiniões machistas e nada embasadas. O colunista exibiu um vídeo no qual uma mulher apresenta diversos dados, sem nenhuma fonte, na tentativa de desqualificar o movimento feminista, referindo-se a esse como “mimimi”.

Se a situação fosse uma exceção, já seria complicada. Mas não é o caso. A coluna do dia 26 não foi a única vez em que o colunista utilizou seu espaço na emissora para divulgar suas opiniões sobre o comportamento das mulheres, expondo imagens sem autorização e se referindo às catarinenses como um produto para atrair turistas.

Entre as situações que geraram revolta das mulheres catarinenses, estão as vezes em que Cacau sexualizou uma policial militar, insinuou que as mulheres do estado são “produto de exportação” e diminuiu as consequências da pornografia de vingança, culpabilizando as vítimas, após uma miss ter fotos íntimas divulgadas na internet. No dia 7 de fevereiro deste ano, Cacau Menezes publicou em sua coluna no jornal Diário Catarinense que a Ritalina (medicamento indicado para tratamento psiquiátrico) poderia ser usado para emagrecer. Nesse caso, a própria Associação Catarinense de Medicina respondeu: “Sugerir à população que uma medicação que possui efeitos colaterais pode ser usada simplesmente para perda de peso fere qualquer princípio de ética e boa conduta. Incita a fraude de sintomas e diagnósticos errados a fim de ‘conseguir a medicação’, além de estimular o ‘perder peso’ sem qualquer investigação médica.”

EXIGIMOS UM POSICIONAMENTO DA NSC

A NSC TV (sigla de Nossa Santa Catarina) é uma rede de televisão estadual de concessão pública e com grande alcance no estado. Mesmo assim, a afiliada da rede Globo autoriza, há décadas, a veiculação das ideias do colunista sem nenhuma restrição e sem assumir responsabilidade sobre o perigo de tais opiniões.

Como jornalistas e estudantes de jornalismo, não acreditamos que a NSC possa assumir um posicionamento “neutro” com relação às opiniões de seus colunistas. Principalmente porque o mesmo espaço disponibilizado para Cacau Menezes não é garantido para programas, colunistas e reportagens que abordem as questões das mulheres e, em especial, que desmistifiquem o movimento feminista. Além disso, o oligopólio de comunicação instalado em Santa Catarina há décadas impede que outros veículos tenham o mesmo alcance que os programas da NSC TV (antiga RBS).

Desde a criação do coletivo, em 2014, nós lutamos por uma mídia menos machista e com maior espaço para repórteres e jornalistas mulheres que tratem de questões de gênero. Diante disso, viemos a público exigir um posicionamento do grupo NSC, uma mudança no comportamento do colunista e o direito de responder às acusações de Cacau ao vivo no Jornal do Almoço.

Queremos também convidar todas as mulheres catarinenses indignadas com os posicionamentos conservadores, machistas e ignorantes do colunistas para fazerem parte da campanha “Chega de machismo, Cacau!”. Compartilhe com a gente outras situações nas quais o colunista ofendeu os direitos das mulheres e sexualizou nossos corpos usando a hashtag #ChegaDeMachismoCacau. Não vamos mais nos calar. Dizemos basta!

Não somos corpos à venda nem objetos na terra em que nascemos ou que escolhemos para morar. Somos mulheres trabalhadoras, negras, lésbicas, bissexuais e trans, que enfrentam diariamente uma série de preconceitos, mas seguem batalhando por uma Santa Catarina mais justa e igualitária para todos e todas nós!

POR UM JORNALISMO FEMINISTA!

Coletivo Jornalismo Sem Machismo, 
Março de 2018"

Cacau Menezes escreveu sobre o caso em sua coluna na página da NSC. Confira a resposta do jornalista na íntegra:

"Censura, ódio e preconceito

Um grupo que se identifica como Coletivo Jornalismo Sem Machismo, sem citar o nome de seus integrantes e nem em que veículos de comunicação trabalham, contesta vídeo veiculado pelo colunista no Jornal do Almoço, no qual uma mulher apresenta uma série de dados para provar, segundo ela, que machismo não existe. O mesmo conteúdo foi transcrito para esta coluna impressa. Dizem os "jornalistas" que, repito, não sei quem são, que estou atentando contra os movimentos feministas, os quais buscam maior e melhor participação das mulheres na sociedade. É necessário ressaltar, a quem interessar possa, que a simples apresentação do material não significa obrigatoriamente que eu seja a favor do que ele prega. Posso perguntar? Então vou perguntar: quem noticia uma guerra é a favor da guerra?

A nota é um atentado à nossa profissão: contém manifestação explicita de censura, ódio e preconceito, fugindo do debate quando "exigem" que até mesmo quem reproduz opiniões de terceiros sobre assuntos que eles não concordam, que foi o meu caso, seja demitido do emprego, ignorando a importância da polêmica e do contraditório.

É de se lamentar que justamente jornalistas ou estudantes de jornalismo não tenham uma visão contextualizada dos fatos e de algumas regras básicas da sua profissão, entre elas, a liberdade de expressão."