O curta-metragem “branCURA”, que fala de conflitos psíquicos, de violência e arte, estreia no dia 8 de junho, no Cinema do CIC, às 20h. Com roteiro e direção de Giovana Zimermann, ele é o segundo de uma trilogia iniciada pela ficção “Da Janela” (2009). A entrada é gratuita.
Junto ao filme, será lançado o livro "Rio de Janeiro e Paris: A Juventude Apache do Cinema na Periferia", que acaba de ser publicado pela editora Autografia, no Rio de Janeiro.
No curta, a protagonista Aimèe, vivida pela atriz Angélica Mahfuz, toma cuidados para não ser percebida, sublima a sensualidade, entendendo-a como uma ameaça, resultado de violências sofridas na infância e na adolescência. Ela usa a arte na luta contra uma neurose obsessiva: vê em seu processo criativo uma possibilidade de suprir a lacuna deixada pelo trauma.
“O espectador será levado a transitar pelo inconsciente da jovem que sofreu violência sexual e sofre de uma certa psicopatologia. Esse sintoma de obsessão com a limpeza do próprio corpo, que em psiquiatria se designa com a sigla TOC (Transtorno Obsessivo Compulsivo), remete ao que em psicanálise aponta para uma neurose obsessiva. Aimèe desenvolvem ‘técnicas de brancura’ para se livrar de si mesma, refugiando-se no inconsciente, escapando da vida real e mergulhando na arte”, relata a diretora.
O nome do filme é motivado pela estética escolhida, com base na ideia lacaniana de que a arte se constrói em torno do vazio (branco). Giovona explica que trata-se também “de uma citação a trilogia Trois Couleurs: Bleu/Blanc/Rouge de Krzysztof Kieślowski (1993-1994)”. “No ‘Da Janela’ o vermelho remete a sensualidade e a violência, em ‘branCURA’ o branco remete a limpeza obsessiva, mas também a lacuna deixada pelo trauma e no último, ‘A Cor da Liberdade’ será a vez do azul, como transcendência”, afirma.
O enfoque psicanalítico da trilogia está relacionado com os três tempos mencionados por Jacques Lacan, quando se refere ao instante de ver (Da Janela), ao tempo para compreender (branCURA) e o momento de concluir (A Cor da Liberdade).
São diversas as referências das artes em “branCURA”, entre elas a poesia de Cruz e Sousa e de Charles Baudelaire, a pintura de Mondrian e fotografia Le Violon d'Ingres de Man Ray e Henry Forde Hospital – La cama volando de Frida Kahlo.
O curta-metragem foi vencedor do Prêmio Catarinense de Cinema – edição 2012/2013, concedido pelo Governo do Estado, por meio da Secretaria de Turismo, Cultura e Esporte (SOL) e da Fundação Catarinense de Cultura (FCC).
Após a exibição de “branCURA”, haverá uma conversa com a equipe e lançamento do livro "Rio de Janeiro e Paris: A Juventude Apache do Cinema na Periferia", de autoria de Giovana Zimermann.
O livro é um estudo crítico sobre as mudanças nas cidades e o que elas têm em comum, através de uma filmografia que inclui La Haine (O Ódio), 1995, de Mathieu Kassovitz, e Cidade de Deus, 2002, de Fernando Meirelles e Kátia Lund.
Pela perspectiva de Walter Benjamin, Giovana investiga a expressão da periferia na cinematografia brasileira e na francesa. A autora propõe a realização de uma discussão sobre os dois países a partir de suas características semelhantes – mesmo que possuam diferenças entre si –, como o comportamento dos jovens em uma sociedade do espetáculo e do consumo.
Sobre a autora
Giovana Zimermann é artista visual e cineasta. Cursou mestrado em Arquitetura e Urbanismo na Universidade Federal de Santa Catarina em 2009, e concluiu doutorado em Literatura, em 2015, na mesma universidade. Pós-doutoranda na Universidade Federal do Rio de Janeiro – IPPUR/UFRJ (2016), utiliza o cinema como dispositivo do discurso sobre os conflitos urbanos. Dedicada a pesquisar e produzir arte urbana desde 2000, Giovana possui obras em acervos nacionais e internacionais.
Serviço
O quê: Estreia de “branCURA”; Lançamento do livro "Rio de Janeiro e Paris: A Juventude Apache do Cinema na Periferia"
Quando: 8/6/2016, 20h
Onde: Cinema do CIC, Florianópolis
Quanto: Gratuito; R$ 55,00 (livro)
Ficha técnica / filme branCURA:
Tempo de duração: 15 min
Classificação: 12 anos
DIREÇÃO
Roteiro e direção: Giovana Zimermann
1º Ass. de Direção: Thais Aguiar
2° Ass. De Direção: Thais Alemany
ELENCO
Prod. Elenco: Elianne Carpes
Preparação de elenco: Elianne Carpes
Aimée: Angélica Mahfuz
Louis: Johny Fabricio Bruckhoff
Avó Julieta: Elianne Carpes
FOTOGRAFIA
Diretor de Fotografia: Roberto Santos (Tuta)
1º Assis. de Câmera: Cristina Kreuger (Kike)
2º Assis. de Câmera: Danilo Rossi
Câmera subjetiva: Johny Fabricio Bruckhoff
Making off: Leandro Elsner
PRODUÇÃO
Direção de Produção: Marina Teixeira
Secretária Produção: Roberta Iribarrem
Platô: Leandro Dias
ARTE
Direção de Arte: Giovana Zimermann e Policarpo Graciano Pinto
Assistente de arte: Maria Fernanda Bin
Beleza: Kellen Kristine Silveira
Figurino : Singra Zimermann
ANIMAÇÃO
Desenho: Giovana Zimermann
Animação stop motion: Camila Kauling Rumpf
Pós produção: Moacir Barros
FINALIZAÇÃO
Editor: Alan Porciuncula
Color Grading: Alan Porciuncula
1º corte: Rodrigo Goes
TRILHA SONORA ORIGINAL E PÓS-PRODUÇÃO DE ÁUDIO
Daniel Téo
Marcelo Téo
TRILHA
Kamma No – Terra Sonora
Operador Som: Paulo Achut Cicero
Voz off : Angélica Mahfuz
Voz off francês: Thais Alemany
ELÉTRICA
Chefe de Elétrica: Hercules Jerônimo Jesus
1º Assis. De Elétrica: Carlos Lenine
MAQUINÁRIA
Chefe de Maquinaria: Claudio Reginatto
1º Assis. Maquinaria: Lenon Oliveira