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Florianópolis, 17 janeiro 2025

Confira como foi o desfile do grupo especial das escolas de samba de Florianópolis

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O desfile do Grupo Especial na Passarela Nego Quirido, em Florianópolis, entre a noite de sábado, 6, e a manhã de domingo, 7,  teve casa cheia até quase o final das apresentações.

Confira um resumo do que apresentou cada escola na noite de festa. Com informações da assessoria de imprensa da prefeitura da Capital e imagens da fotógrafa Petra Mafalda. 

A Fanpage da Liga das Escolas de Samba de Florianópolis no Facebook apresenta uma série de fotos dos desfiles das escolas de samba. 

 

Nação Guarani

Foto: Petra Mafalda

Estreante no Grupo Especial este ano, a campeã do Grupo de Acesso em 2015 entrou na passarela falando sobre a Comunicação, a “gigantesca teia sobre o mundo”.

 A escola apresentou 22 alas e três casais (um mirim) de mestre-sala e porta-bandeira. Falou dos sentidos humanos, da inteligência artificial e da hipermídia e veio regredindo no tempo, com a invenção da imprensa, as mídias analógicas, a fotografia, os sumérios, os papiros e as inscrições rupestres.

Trecho do samba-enredo

“Sou uma usina de conhecimento/Um cartunista através do tempo/Da China o papel a despontar/Nas páginas da vida, no rádio as canções/A imagem na TV, em cartaz no cinema/Alô em cada click um sentimento/Formatando fragmentos, filial ou matriz/Comunicar é minha diretriz.”     

Dascuia

Foto: Petra Mafalda

Quarta colocada no ano passado, quando debutou no Grupo Especial, a Dascuia trouxe seu samba este ano à passarela para enaltecer a tradição vinícola catarinense. “A Tradição do Vinho, a Força de um Povo, Isso é Santa Catarina”.

Com 26 alas, quatro casais de mestre-sala e porta-bandeira e três alegorias – a primeira delas saudando Baco, o deus romano do vinho, que é para dar sorte – a Dascuia contou a história do vinho desde sua origem: a uva.

Trecho do samba-enredo

“E assim vai brotando da terra a magia, o sabor/Que me toca a alma e me faz celebrar/Mergulhar nas borbulhas, esquecer o pudor/Delírio da mente arrebatador/Transporta os segredos mais excitantes/Loucas bacantes, a sedução/O néctar divino eu vou degustar/O vinho bom que faz arrepiar”

Depois de falar das maravilhas do vinho, a Dascuia terminou o desfile de maneira politicamente correta: exibiu uma faixa com o mantra “se beber, não dirija”.

Embaixada Copa Lord

Detentora de 23 títulos do Carnaval florianopolitano e terceira colocada em 2015 – empatou em pontos com a União da Ilha da Magia, mas perdeu nos critérios de desempate – a Copa Lord dedicou seu desfile este ano a Anderson Ricardo Santos, o Andy do Cavaco, coordenador musical da escola, encontrado morto por afogamento na praia do Abraão em 26 de janeiro e “neste momento do desfile (…) tocando seu cavaco numa grande festa no céu”.

Trecho do samba-enredo

 “E quem quiser fortalecer a fé/Vai seguir a multidão/Tem procissão, é Círio de Nazaré/Ao norte de meu país eu vi despertar/A força de Parintins, um brilho no olhar/Se caprichar fica mais lindo/O nosso show tá garantido/O mundo se rendeu aos teus encantos/A festa não pode parar/E leve flores pra saudar Iemanjá/Ao ano que vai nascer um novo tempo virá/Se você pensa que acabou, agora é que vai começar”

Com 2.460 componentes declarados, a Copa Lord veio com 22 alas, doias casais de mestra-sala e porta-bandeira e quatro carros alegóricos, alguns com ‘dupla face’ (de um lado, festas juninas; de outro o Boi-Bumbá) e o último deles reverenciando a ponte Hercílio Luz – que em 2016 festeja seus 90 anos – como base para a festa de Réveillon. 

Os Protegidos da Princesa

Foto: Petra Mafalda

Bicampeã no ano passado, a mais antiga escola de samba da Capital trouxe as mathrioskas para sambar na Nego Quirido e tentar seu 26º título do Carnaval de Florianópolis.

“Primaveras Russas: Uma História do Mundo em Partituras” tratou da história da Rússia sob o enfoque da música, ou “como a música expressa o espírito de diferentes momentos da Rússia, vividos ou imaginados por seus compositores e público”.

Trecho do samba-enredo

“Lá das colinas, vejo a flor/ Tribos dançam em ritual/Nos olhos da anciã, um futuro promissor/É a ‘primavera’ de um gigante/Que em cada ‘passo’ a história marcou/Eis que de repente em meio aos salões/A melodia faz a corte delirar/Sonhando com a bela que adormece/Com cisnes e brinquedos de um mundo ideal/Desperto ao som de valentes canções/Nos lares, nas ruas e nas multidões/Ecoam pra vencer o capital”

O enredo nos remeteu a alguns grandes compositores russos, como Tchaikowski (O Lago dos Cisnes, A Bela Adormecida e o Quebra Nozes), Borodin (O Príncipe Igor), Stravinski (A Sagração da Primavera) e Rimsky-Korsakov (A Donzela da Neve).

Unidos da Coloninha

Camila Ventura, rainha de bateria da Coloninha (Foto: Petra Mafalda)

A Unidos da Coloninha não foi campeã do Carnaval no ano passado por causa de uma baiana. A escola fez meio ponto a mais do que a campeã Os Protegidos da Princesa – 268,1 a 267,6 – mas perdeu dez pontos porque faltou uma integrante na Ala das Baianas. Com isso, a escola saltou para a quinta colocação, menos de 5 pontos à frente da rebaixada Consulado do Samba.

As 24 alas, com três alegorias, cantaram sem parar o que ao final resume o desejo da escola:

Trecho do samba-enredo

“Assim vou eu no universo, conspirando as emoções/Ser um rei nessa folia em boa forma, paz e união/Saciar nos prazeres, viver fantasias, alcançar o sucesso, espelhar alegria/Buscar a vitória e com a Unidos desfilar vestida em luxo e ostentação/Desce meu povo a batucar, essa escola é minha raiz/Um desejo contido, na alma e no coração, o sonho de ser campeão”

Das alegorias, a primeira – com dupla face: a primeira, uma caverna, de onde emergem obviamente homens das cavernas; a outra, uma metrópole, de onde emergem seres ‘high tech’, como personagens saídos do filme Tron – e o da “Escuridão da Alma” chamam a atenção: a primeiro, pelos efeitos luminosos das fantasias, e o segundo por ser de certa forma amedrontador.

União da Ilha da Magia

Trecho do samba-enredo

“Eu lutei, revoltas em busca da igualdade/Ecoa em nossa terra a liberdade/Sou filho africano e dono desse chão/Marcou a história/Tanta cobiça em minha nação/Aos ancestrais eu peço glória/’Nasci das cinzas’, União/Vou viajar/Saudade refletiu na fantasia/Se o samba é acalanto e poesia/O povo vai cantar”

Com o enredo “Haiti-A Pérola das Antilhas, o País mais Africano das Américas”, a União da Ilha da Magia, segunda colocada no ano passado, trouxe 24 alas e três alegorias à Nego Quirido para contar um pouco da história do Haiti, país pobre e castigado por desastres naturais e, como diz o próprio samba, pela cobiça. Se a escola trouxe em 2015 um tema caro aos florianopolitanos – o surf – em 2016 traz outro afeito à cidade, que acolheu alguns pobres imigrantes haitianos e deu-lhes a oportunidade de recomeçar a vida.

Com efeito, o enredo tratou da colonização francesa, do tráfico de escravos, da independência e da exploração que se seguiu ao ato – o de tornar-se livre de seus colonizadores – que deveria significar a redenção dos haitianos. O que se viu, ao contrário, foi a submissão do povo a ditaduras sangrentas, como a dos Duvalier, e a degradação monstruosa de suas florestas.