O Fórum Diversidade Grande Florianópolis, formado por 21 entidades da região, divulgou nesta sexta-feira, 4, uma carta em que explica as razões de por que não participará da 9ª edição da Parada da Diversidade de Florianópolis, que ocorrerá domingo, 6, na Avenida Beira-mar Norte.
Para a entidade, "ao mesmo tempo em que reconhecemos o esforço e iniciativa historicamente dedicados à viabilização do evento, consideramos que a presente edição não contempla as pautas de luta e visibilidade necessárias à população LGBT, por diversos motivos:
"1. O esvaziamento do caráter político, de protesto e luta da Parada, substituído por fim meramente festivo e turístico, preferencialmente para público branco de classes A e B. Essa substituição é evidenciada pelo fato da Parada ser executada pela Secretaria de Turismo, não a de Cultura ou Assistência Social.
"2. Os recursos que entram para a cidade pelo turismo (o chamado "pink money") não são revertidos para políticas públicas de acolhimento das populações LGBT em situação de vulnerabilidade.
"3. A apropriação do evento com objetivos eleitorais, a fim de promover a candidatura do vereador Tiago Silva ao cargo de vice-prefeito de Florianópolis, em chapa com o atual prefeito Cesar Souza Jr, conforme já antecipado publicamente na TV durante a semana passada.
"4. A impossibilidade dos movimentos sociais serem ouvidos e consultados para a organização da Parada, como se esta pertencesse a apenas uma pessoa.
"5. A ausência do lema NADA SOBRE NÓS, SEM NÓS, que foi o tema do Mês da Diversidade, de 13 de agosto a 6 de setembro. A luta por um lar de acolhimento que garanta direitos e visibilidade para a população LGBT, preferencialmente homens e mulheres trans em situação de vulnerabilidade, é fundamental para enfrentar a cafetinagem e o tráfico de pessoas. O tema foi escolhido após várias reuniões e reflexão e representa necessidades reais e imediatas."
O fórum considera que suas reivindicações não foram levadas em conta pela Prefeitura e exige participar, desde o princípio, da organização e conceituação da Parada da Diversidade nos próximos anos. "Mas as ações não devem ser construídas apenas nos gabinetes, mas também nos parques, praias, praças, ruas e em todos os espaços. A Parada precisa ser acompanhada por debates políticos constantes desde sua formulação."