Teve início em seis de agosto e segue até o final do mesmo mês, a exposição Lume de Clara Fernandes, no Museu Histórico de Santa Catarina, Palácio Cruz e Sousa. A curadora da mostra, Kamilla Nunes, acadêmica de Artes Visuais da UDESC, diz que a exposição pretende investigar a passagem do tempo do Centro Histórico de Florianópolis para os dias atuais.
“O princípio deste conjunto de ações se deu pela observação de alguns espaços públicos em ambientes naturais e seus amplos interespaços vazios que envolvem pessoas e idéias que neles circulam” diz Clara Fernandes.
A partir desta proposta, a artista construiu anteparos de grandes dimensões estabelecendo pontos de ligação entre os diversos momentos de circulação atuando como um “filtro das idéias” que se movem em espaços públicos.
A obra penetrável, construída especialmente para esta exposição, é o final de um percurso, dentro do recorte proposto, de manuscritos, imagens impressas em forma de registro e uma instalação que nos remete a uma natureza-morta às avessas.
O trânsito dos artistas, poetas, escritores, pensadores, a itinerância em outros circuitos, as semelhanças e contrastes entre as idéias, seu fluxo e suas revelações através das artes e da literatura mostram através do tempo um tom para o ambiente da ilha. Nas palavras do poeta Cruz e Sousa: sua força original, essência e graça.
Reconhecido pela sua condição de veloz e efêmero, o mundo tende ao móvel e ao virtual, em um tempo que se configura como espetáculo. Na contramão factual apresentada, Clara Fernandes assegura uma coerção do passado histórico da cidade de Florianópolis com a contemporaneidade. A mostra realizada no Museu Histórico de Santa Catarina, localizado no Palácio Cruz e Sousa, consiste também em abordar possibilidades de fazer instalações de grandes dimensões flutuarem através de anteparos invisíveis.
Conforme a citação acima, Clara está propondo um conjunto de ações que permitem pensar e sentir os amplos espaços públicos e ambientes naturais que envolvem as pessoas que circulam por eles. Logo, não se trata de vitalizar espaços abandonados, mas de tentar uma aproximação das pessoas com os locais frequentados, mas, não necessariamente, percebidos numa relação mais direta com o corpo, a história e a arte.
A artista pensa sua instalação num ambiente que infiltra e transborda reflexões que se espalham pelo espaço urbano. Assim ramificada, trata-se da instalação como um pensamento plástico que se estende e replica para além do ambiente expositivo, tomando-o como um ponto de partida, mas aumentando o alcance do objeto artístico.
Entre os critérios curatoriais propostos por Kamilla Nunes, encontram-se aqueles menos interessados em re-apresentar ou denunciar-revelar a realidade e mais aqueles que concebem a obra como um mundo singular e cuja imagem se configura como fragmento suspenso de um sonho.
O projeto LUME foi concebido conceitualmente no final do ano de 2006 e começou a ser executado em março de 2007. Deste ano em diante, a intervenção itinerou em praias e campos da ilha de Santa Catarina, numa antiga fábrica em São Paulo (hoje um espaço cultural chamado Casa das Caldeiras), na Fundação Cultural Badesc, no Teatro Álvaro de Carvalho e agora, no Museu Histórico de Santa Catarina.
SERVIÇO
O que: Exposição LUME de Clara Fernandes
Quando: 06 de agosto às 19h ao dia 30 de agosto de 2009
Mesa Redonda: 19 de agosto às 16h
Onde: Museu Histórico de Santa Catarina, Palácio Cruz e Sousa
Quanto: Gratuito