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Florianópolis, 22 fevereiro 2025

Projeto de intervenção urbanística no bairro José Mendes ficará em exposição até 12 de julho

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O Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis (IPUF) apresentou nesta terça-feira, 9, o pré-projeto de intervenção urbanística “Bairro José Mendes, Revitalização da Orla – Eixo Viário Principal”. O material ficará exposto até o dia 12 de julho nos jardins da antiga fábrica de refrigerantes da Coca-Cola (rua José Maria da Luz, 163, José Mendes), onde está sendo realizada a mostra Casa Cor 2015. Apesar de o evento ser pago, os painéis foram fixados na área externa, com entrada gratuita à população. As informações são da Secretaria de Comunicação do Executivo Municipal.

 A autoria do projeto é do arquiteto e urbanista Marco Ávila Ramos, que buscou adequar as características tradicionais e culturais da região com a necessidade de uma reestruturação viária, preservando e valorizando o patrimônio cultural e histórico do bairro. “Queremos ligar a ciclovia da Beira Mar Norte à Via Expressa Sul. Transformar o bolsão onde hoje serve de estacionamento em uma praça pública. Construir passeios novos e padronizados, dando uma melhor harmonia ao bairro”, disse o arquiteto.

 Entre as pessoas que estiveram visitando a mostra estava o professor Eduardo de Souza, 39 anos, morador do bairro desde que nasceu. Segundo ele, o projeto é muito interessante principalmente no que se refere à ligação das orlas norte e sul através das ciclovias. “Poderei trocar o ônibus, que utilizo todos os dias para trabalhar, pela bicicleta. Além de economizar no bolso, estarei praticando uma atividade física com mais segurança”.

 

Outro ponto positivo para o professor é que o processo de revitalização pode acabar estimulando a atividade econômica no local. “Eu e minha esposa produzimos artesanato em casa e nosso sonho é abrir uma lojinha para vender as peças sem precisar sair do bairro”.

 Segundo o secretário adjunto de Obras, Américo Pescador, o pré-projeto do bairro José Mendes foi inscrito com o projeto de revitalização dos corredores de ônibus, através do pacto para mobilidade. “Enviamos toda documentação necessária para o Ministério das Cidades, que se comprometeu a nos dar um parecer até o final deste mês. Se a resposta for positiva, vamos elaborar o projeto executivo para contratação dos recursos através da Caixa Econômica Federal”.

 O secretario destacou ainda que o processo burocrático envolve outras etapas obrigatórias. “Mesmo com a liberação do dinheiro, cerca de R$ 4,8 milhões, teremos que providenciar as licenças ambientais necessárias, elaborar o processo de licitação e aí sim dar início à execução da obra, que deve levar um ano para ser finalizada”.

 São objetivos do projeto:

 

Priorizar a circulação de pedestres e ciclistas, com a necessária adequação do sistema de circulação de veículos automotores;

 

Realizar a tão aguardada conexão cicloviária entre a avenida Beira-mar Norte e a Via Expressa Sul e o bairro Saco dos Limões, com a implantação de ciclovias ou passeios compartilhados;

 

Criar e qualificar espaços de estar, lazer e contemplação ao longo da nova configuração viária;

 

Preservar e valorizar o patrimônio histórico e cultural do bairro;

 

Evidenciar e implementar o caráter panorâmico das vias ao longo da orla, adequando a altura de muros e edificações e implantando rede de fiação subterrânea;

 

Garantir e qualificar a acessibilidade física pública à borda d’água;

 

Estimular a atividade gastronômica e o transporte marítimo de lazer ao longo da orla.

O bairro

A construção do túnel Antonieta de Barros, concluído em 2002, materializou uma linha, antes imaginária, entre o bairro José Mendes e o restante da cidade. Evidenciou a percepção comum de que esta microrregião urbana, tão próxima do Centro, parece ter sido esquecida pelo tempo. Com um olhar mais atento, percebe-se também que foi exatamente esse “esquecimento” que preservou o lugar da sanha imobiliária das últimas décadas.

 Hoje, o bairro José Mendes representa a única faixa de orla da região central insular, entre a Ponta do Coral e o mangue do Aeroporto, que não sofreu qualquer tipo de aterro; onde a urbanização respeitou os limites estabelecidos naturalmente pelo mar.

 O bairro guarda ainda características de vila em sua escala urbana e tipologia arquitetônica, bem como na forma de organização sócio-espacial que se deu, em grande parte, através de sucessivas gerações de nativos fracionando gradativamente os imóveis familiares, sem produzir grandes impactos urbanísticos.

 Ao longo das vias longitudinais principais, o bairro é considerado pela legislação vigente como Área de Preservação Cultural, além de se caracterizar como Via Panorâmica, o que restringe a altura permitida das construções e muros voltados para o mar.