Os policia federais de Santa Catarina começaram nesta quarta-feira, 22, uma greve de 72h decidida em assembleias realizadas pela Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef) nos dias 16 e 17. A paralisação ocorrerá até o fim da tarde de sexta-feira, 24.
Em entrevista à reportagem do DeOlhoNaIlha na manhã de segunda-feira, 20, o presidente do sindicato da categoria no Estado (Sinpofesc), Joel Moraes Ferreira, confirmou a paralisação, mas disse que 30% de servidores continuarão trabalhando, no Aeroporto Internacional Hercílio Luz, na Superintendência, nas delegacias descentralizadas – inclusive com marítima. O serviço de emissão de passaportes não será interrompido.
De acordo com Ferreira, os agentes federais paralisados farão atos em frente à Superintendência da PF em Florianópolis, localizada na Avenida Beira-mar Norte, e defronte as delegacias descentralizadas. O objetivo é chamar a atenção da sociedade para as bandeiras da categoria, sem com isso prejudicar o atendimento ao público.
Motivações da greve
Segundo a Fenapef, os agentes, escrivães e papiloscopistas federais se sentem desprestigiados, com salários congelados há seis anos, e reclamam da falta de compromisso do atual governo em relação ao termo de acordo que finalizou a última greve em 2012.
O estopim da greve é a recente Medida Provisória 657, que “atropelou”, no dizer da Federação, as tratativas junto ao Ministério do Planejamento. Ao restringir as chefias e o conceito de autoridade policial somente para o cargo de delegado, a medida cria uma hierarquia política nunca existente na PF, e retira a autoridade e autonomia técnica dos demais policiais envolvidos nas investigações.
Segundo Jones Borges Leal, presidente da Fenapef, “queremos uma polícia com chefes que mereçam os seus cargos pelo mérito e pela experiência. Somente com profissionalismo podemos evitar interferências nas investigações, garantir que todas as provas produzidas pelos agentes federais cheguem na justiça e impedir que ocorram vazamentos de informações sigilosas”.
“A Polícia Federal está sendo destruída, e é um absurdo como são desperdiçados os recursos financeiros e humanos, enquanto a população brasileira precisa do combate ao crime organizado e corrupção. Hoje, infelizmente, milhares de agentes, escrivães e papiloscopistas da Polícia Federal são engolidos pela burocracia”, explica Leal.