Faz um ano que o Cine Paredão, projeto criado por quatro estudantes do curso de Ciências Sociais da UFSC, exibe filmes gratuitamente para a comunidade. O palco é o bosque da UFSC, no Centro de Filosofia e Ciências Humanas, onde são exibidos, todas as sextas feiras, a partir das 20h, filmes de difícil acesso à comunidade.
A utilização dos espaços da universidade para fins culturais é um dos motes do projeto. “Queremos incentivar o pessoal a realizar apresentações de teatro e música, por exemplo, a utilizar o espaço da UFSC de outra forma”, afirma Milena Abreu Chiaranda, uma das criadoras.
Para comemorar o aniversário, os criadores do projeto idealizaram a semana 1º Ano do Cine Paredão, que iniciou nesta segunda, com a Oficina de Animação, ministrada pelo professor do Departamento de História, Henrique Oliveira. A programação de abertura incluiu também a palestra ´Uma linguagem dogma de fazer cinema`, com Lau Santos, ator, diretor, mestrando em Teatro na Udesc. O objetivo foi discutir um dos movimentos cinematográficos mais expressivos dos últimos tempos, denominado Dogma 95, e debater o filme “The King is alive” (2000), dirigido por Kristian Levring.
Ainda hoje, às 20h, será exibido no hall do CFH o filme The Magic of Méliès, que será musicado ao vivo pelos músicos Alexandro Antunes, Dimitri Steckel Camorlinga, Eva Figueiredo, João Tragtenberg, Raphaela Rezende, Tácio Vieira, Tales Custódio e Tiago Brizolara.
O Cine Paredão tem o apoio da direção do CFH e da Secretaria de Cultura e Arte da UFSC (SeCArte). As sessões são gratuitas. Uma tenda foi montada na praça em frente ao Museu da UFSC (perto do CFH/ CED) para a realização de alguns destes eventos.
Mais informações no site www.cfh.ufsc.br ou com Milena Abreu Chiranda pelo e-mail luamilenar@hotmail.com
Por Maria Luiza Gil / Bolsista de Jornalismo na Agecom
Programação:
De segunda a sexta (8h30-12h): Oficina de Animação (todos os dias, neste horário, até sexta-feira, no Lastro – CFH, prédio anexo) com o professor Henrique Oliveira, do Departamento de História.
Terça-feira::
16h-18h: Oficina Proposições em aberto: Situação Parangolé, com a artista Karen da Rocha Keppe. No miniauditório do CFH
Hélio Oiticica (1937-1980) é um artista propositor, inconformado com a arte na década de 60, especificamente a brasileira, e suas limitações espaciais – quadro, espaço (galerias) – de interação com expectador – que apenas contempla a obra – e sociais – toda essa arte é só pra burguês vê! Desenvolvendo assim toda uma série de obras e pensamentos, que questionam essas estruturas artísticas.
A obra que o ministrante pretende desenvolver nessa oficina é o Parangolé, obra ético-estética-social, que Hélio iniciou em 1964 no Morro da Mangueira. São capas que iremos construir coletivamente, que têm a intenção da descoberta do corpo e do espaço a partir delas. O poeta Haroldo de Campos as descreveu como: ASA-DELTA PARA O ÊXTASE. A oficina será dividida em dois momentos, no primeiro dia uma imersão ao mundo de Hélio Oiticica e sua obras – principalmente o Parangolé – com vídeos e imagens e discussões. E no segundo momento, dia seguinte, mãos e corpos a obra! Iremos montar coletivamente as capas e depois vivenciá-las.
18h30: Debate com o grupo Movimento Antimanicomial
Se refere a um processo mais ou menos organizado de transformação dos Serviços Psiquiátricos, derivado de uma série de eventos políticos nacionais e internacionais. O termo costuma ser usado de modo generalizante e pouco preciso. Apresentação de poesias e música com César Félix e João Tragtenberg. E exibição do filme escolhido pelo grupo Movimento Antimanicomial. Na Tenda.
Quarta-feira:
14h-16h: Oficinas do CMI (Centro de Mídia Independente). Discussão sobre Mídia Independente com exibição de curtas. Na Tenda.
16h-18h: Oficina Proposições em aberto: Situação Parangolé. Com Karen da Rocha Keppe no bosque.
18h30: Mesa-Redonda sobre Arte e Cultura na Universidade com o grupo Bola de sebo/ Pacoerinha (Campinas/ Unicamp) no Auditório do CFH.
21h: Apresentações musicais (poemas de Bertolt Brecht musicadas por Kurt Weill) e performáticas (dança, tecido, poesias de Brecht musicadas) no Hall do CFH. Apresentação da banda As papoulas (cover da banda Morphine).
Quinta-feira:
14h-16h: Discussão com a Rádio Tarrafa sobre rádio comunitária e exibição de curtas. Na Tenda
16h-18h: Oficina com Beto Percussionista: Sucata Musical
Apresentação e discussão sobre o projeto Kaha Nalu com jovens da comunidade do Rio Tavares. Presença dos meninos que fazem parte do projeto e apresentação musical. Para quem for participar desta oficina levar algum objeto ou material reciclável. No bosque.
19h: Debate e exibição de curtas com o diretor Caetano Gotardo, no auditório do CFH.
Curtas:
– O outro dia, vídeo, 2002, 08 min – Feito em uma oficina de poucos dias para alunos de cinema da USP a partir de um poema de Jacques Prévert.
– Feito para não doer, 16mm, 2003, 14 min – Meu primeiro curta em película, trabalho de fim de curso da USP, começando a lidar com a idéia de inacessibilidade da memória que em alguma medida se relaciona com “Areia” (mas numa chave bem diferente).
– O diário aberto de R., 35mm, 2005, 14 min – O primeiro filme que fiz fora da USP, e o primeiro em 35mm, a partir de um prêmio de roteiro do festival de curtas do Rio de Janeiro, feito quase sem dinheiro nenhum.
– Areia, 35mm, 2008, 12 min – Feito com dinheiro de um edital do Governo do Estado de São Paulo, meu filme que mais circulou por festivais.
– O menino japonês, 35mm, 2009, 18 min – Ainda em fase de finalização (posso falar talvez do processo de montagem, de edição de som, as etapas que vêm depois da filmagem). Feito a partir de um edital do Ministério da Cultura.
Sexta-feira:
14h-16h: Debate com o grupo GAFe (Grupo de Ação Feminista) sobre Masculinidade e Violência. Exibição do curta Acorda, Raimunda, acorda! (1990). Na Tenda.
Sinopse: E se as mulheres saíssem para o trabalho enquanto os homens cuidassem dos afazeres domésticos? Essa é a história de Marta e Raimundo, uma família operária, seus conflitos familiares e o machismo, vividos num mundo onde tudo acontece ao contrário. Dir.: Alfredo Alves.
19h: Debate no auditório do CFH, com as professoras Aglair Bernardo e Clélia Mello, do Curso de Cinema da UFSC.
20h: Exibição do filme Moolaadé (2004). Nas colinas do bosque.
Sinopse: A saga de mulheres que desejam ser livres. Numa aldeia africana, persiste o costume brutal de castrar todas as meninas, numa operação dolorosa, brutal e temida por todas. Seis meninas, com idades entre 4 e 9 anos, devem passar pelo ritual num determinado dia. O pavor é tanto que duas delas preferem afogar-se no poço a submeter-se à violência. As outras quatro buscam a proteção de Colle, uma mulher que não permitiu que a filha fosse mutilada, invocando a “mooladé” (proteção sagrada), indicada por uma corda colorida. Enquanto usarem essa corda, ninguém na aldeia poderá tocá-las. Mas vários homens pressionam o marido de Colle para que retire a proteção, nem que para isso ele tenha de chicoteá-la. Dir.: Ousmane Sembene.