Estudantes do curso de Cinema da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) entraram em greve, por tempo indeterminado, nesta segunda-feira, 5.
Os alunos reivindicam ações imediatas, como a transferência de uma das duas bolsas do Departamento de Artes e Libras e um servidor do Jornalismo para o Laboratório de Estudos de Cinema. Término das alterações curriculares e do estatuto de Trabalho de Conclusão de Curso, a reforma da sala do Cineclube e garantia de um horário exclusivo para as sessões de filmes no auditório do CCE também são exigidos.
Na tarde desta terça-feira, 6, durante a reunião do Conselho Universitário da UFSC que definiu pela cessão do terreno da Edu Vieira para duplicação, alunos do curso de Cinema participaram do evento e tiveram a oportunidade de se manifestar.
Confira, na íntegra, a carta divulgada pelos alunos:
“O curso de Cinema da UFSC, mesmo depois de constantes manifestações e esforços que vêm se estendendo desde 2012 por parte de alunos e professores, permanece enfrentando crises institucionais de ordem as mais básicas. Perto de completar dez anos de existência, o curso ainda encontra inúmeras dificuldades em alcançar condições mínimas para seupróprio funcionamento. Há um grave número reduzido de professores e absolutamente nenhum servidor técnico administrativo à disposição que seja especializado na área. Os problemas de falta de laboratórios e de espaço físico em geral continuam não satisfatoriamente resolvidos
fazendo com que o curso corra o risco de não se adaptar a tempo e corretamente às exigências do MEC. Apesar de diversas promessas de construção por parte da reitoria, e da direção de centro, sequer existe um prazo para a entrega de um laboratório de fotografia, de um de laboratório de som, de um estúdio ou de uma sala de cinema.
Além disso, por conta da inevitável sobrecarga de que sofre o corpo docente, uma necessária reestruturação curricular tem se mantido indefinida, comprometendo a excelência na atuação dos professores e na formação dos graduandos.
Diante desta situação, os alunos do curso de Cinema não encontraram alternativa senão decretar ESTADO DE GREVE ESTUDANTIL.
A alta procura pelo curso é visível e tem se mantido regular ano após ano. No vestibular 2014/1, Cinema foi o curso mais concorrido do CCE e o décimo da UFSC (14 candidatos/vaga). A nota de corte foi de 61.85,
décima sexta maior de todos os campi. Apesar disso, quando calculado, tem-se o alarmante resultado de que o espaço físico disponível do curso de Cinema dividido entre os alunos matriculados é menor do que a
área de uma folha de papel A4. O Centro Acadêmico e o corpo docente vêm tentando diálogos para que esta situação mude, mas acabam sendo diálogos que se enrolam em burocracias e esbarram em promessas.
Promessas raramente cumpridas.
Os critérios mínimos instituídos pelo MEC com relação a equipamentos, professores e servidores, tanto em quantidade quanto em especificidade, mas, sobretudo, no que diz respeito ao espaço físico, continuam não contemplados. Trata-se de uma amostra do total descaso da Universidade, em todas as instâncias responsáveis, para com o curso de Cinema.
A partir do momento em que a Universidade aprova a existência e passa a oferecer à comunidade um curso de graduação, ela tem a obrigação de proporcionar ao menos as condições mínimas para seu funcionamento, mas a realidade atual é bem diferente. Somado aos problemas de defasagem de infraestrutura, há um evidente problema de abandono e negligência institucional. O curso se encontra em estado de calamidade e nem a reitoria nem a direção do centro têm tomado ações verdadeiramente efetivas para resolver problemas que já são antigos e motivos de diversas manifestações.
Em assembleia geral, decidiu-se pela greve. Mesmo tendo em mente todos os problemas do curso, a greve estudantil atual visa à resolução imediata de três deles, votados como os mais urgentes e de mais rapida resoluçao. Primeiramente, ao colegiado, requisitamos (1) a apresentação de um planejamento macro da reforma curricular iniciada em 2012, de acordo com as normas do MEC; à direção do CCE, exigimos (2) a reforma da sala do Cineclube, que atualmente se encontra sem condiçoes de uso, ou a relocação do espaço destinado ao Cineclube, junto à garantia de um horário regular exclusivo para as sessões do Cineclube Rogério Sganzerla no auditório Henrique Fontes; à reitoria, (3) a lotação ou transferência imediata de um servidor com especialidade fotográfica ou audiovisual para o LEC (Laboratório de Estudos de Cinema).
Atenciosamente,
CA do curso de Cinema da UFSC”
