Juntamente com o ato solene para marcar a passagem dos 50 anos do golpe militar de 31 de março de 1964, foi lançado na noite desta terça-feira (1º), no Palácio Barriga Verde, em Florianópolis, o livro “Notas de um desaparecido – Paulo Stuart Wright” e reeditada a exposição ”Dos filhos deste solo – vítimas da ditadura”. As iniciativas são do Instituto Paulo Stuart Wright (IPSW), com o apoio do Sindicato dos Servidores da Assembleia Legislativa de Santa Catarina (Sindalesc) e da Comissão de Direitos do Parlamento estadual.
Constituída por artigos de autores brasileiros e estrangeiros, a publicação procura reconstruir a época e a conjuntura política e social brasileira no momento da cassação de Paulo Stuart Wright, afirmou seu organizador, Iur Gomez. “A obra procura ser fiel aos fatos relacionados a um período que vai da militância política de Paulo até sua cassação como deputado estadual e as circunstâncias que envolveram seu desaparecimento”, afirmou.
A presidente do IPSW, Regina Mauro Soares, destacou que a perda do mandato de Paulo Stuart Wright sob a alegação de falta de decoro parlamentar por não usar gravata é considerado um caso único no país e deve ser divulgado.
Paralelamente ao lançamento do livro, foi aberta a exposição “Dos Filhos deste Solo”, que traz fotos e textos sobre os destinos dos nove mortos e desaparecidos políticos de Santa Catarina durante as duas décadas de ditadura militar. Após Florianópolis, a mostra e o lançamento do livro seguem para os municípios de Criciúma, Itajaí, Brusque, Chapecó e Laguna.
Quem foi Paulo Stuart Wright
Paulo Stuart Wright nasceu em Herval d’Oeste, no dia 2 de junho de 1933. Irmão do pastor Jaime Wright, filho de Lathan Ephrahim Wright e de Maggie Belle Müller Wright, ambos norte-americanos, Stuart era diplomado em engenharia pela Escola de Engenharia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Foi deputado estadual de Santa Catarina na 5ª legislatura (1963 — 1967), eleito pelo Partido Social Progressista (PSP).
Cassado pelo Ato Institucional Número Cinco (AI-5), exilou-se no México e retornou clandestinamente ao Brasil. Preso em São Paulo na primeira semana de setembro de 1973, não se teve mais conhecimento sobre seu destino desde então.