Média de público foi de 1.500 por dia
O Floripa Instrumental, que ancorou no Ribeirão da Ilha por cinco dias, levou para o palco a brasilidade da percussão de Naná Vasconcelos; a conversa musical de duas gerações com Alessandro BB Kramer (acordeon) e Guinha Ramires (guitarra); a sintonia das cordas do Trio Madeira Brasil e o talento de Yamandu Costa. Foi um perfeito entrosamento entre músicos e público não só no palco principal, como também nos palcos montados na praia da Freguesia e nas jam sessions. A média de público de 1.500 pessoas por dia surpreendeu não só os organizadores, como também a comunidade.
Participaram do evento promovido pela Natura mais de 50 músicos e um público diverso, que modificava de acordo com a atração do dia. “Esses espetáculos foram um presente para a comunidade do Ribeirão da Ilha”, disse Neli Silva, 76 anos, moradora do Ribeirão e de uma família de músicos. Durante a emocionante e surpreendente apresentação da banda da Lapa do Ribeirão, às 15 horas de domingo, Janete Lombardo, 71 anos, não parava de cantar e bater palmas. “Foi uma volta às origens, aos bons tempos de Ribeirão”, confessou Janete, que atualmente mora no Rio Tavares.
Já a estudante Ana Ramos (28) ficou impressionada com a qualidade. “É inovador um evento como este no Sul da Ilha, onde está impregnada a riqueza da cultura portuguesa-açoriana. Foi um casamento perfeito entre o lugar e a música de qualidade”, observou Ana. Com apenas 9 anos, Bruno Estefano também deu sua opinião: “Gostei foi do som de Naná Vasconcelos. Ele fez até chover com a participação do público”, afirmou o novo fã.
O percussionista proporcionou uma viagem pelos sons do Brasil, o que encantou o público de 8 a 80 anos. “Adorei estar aqui nesse lugar, onde o cenário do palco é a casa onde ficamos hospedados e, ao lado, os vizinhos que vivem no céu”, disse Naná ao se referir ao cemitério do Ribeirão da Ilha. No segundo dia, o encontro de dois amigos – Guinha e BB Kramer – que levaram para o palco uma conversa íntima entre o acordeon e a guitarra. Já o Trio Madeira apresentou um repertório de músicas do mundo, com um toque talentoso da sonoridade brasileira, que surpreendeu o público de 2 mil pessoas.
No encerramento, a fabulosa banda da Lapa com integrantes de 12 até 70 anos surpreendeu os visitantes e deixou orgulhosa uma comunidade que não vive sem música. “É muito bom se apresentar para esse público bem diferente”, disse o baterista João Pedro Guerreiro Souza, de 14 anos. Quando subiu ao palco, às 17h04 – a pontualidade dos shows foi uma novidade em Florianópolis – Yamandu foi muito aplaudido. O calor do público fez o instrumentista tocar músicas difíceis como Ana Terra, Bachbarbaridade e Samba para o Rafa. E para terminar o festival, as palavras dele emocionaram. “Em nosso país, tocando a nossa música para um público tão especial e num lugar maravilhoso, só pode ser um presentão. Esse é um projeto de fundamento e não podemos deixá-lo ficar só nessa edição”.