Isqueiros furtados, bitucas, sedas, e embalagens de cigarro compõem a coleção da exposição Caro Fumante:, de Giorgio Filomeno, que abre às 19h desta quinta-feira, 24, na Fundação Cultural Badesc. A mostra é uma provocação a quem fuma e também a quem pretende dar uma primeira tragada. A entrada é gratuita.
Caro Fumante: tem uma ordem matemática, uma lógica de produção industrial. Uma das peças será um texto em linha vertical com o nome das 4.700 substâncias contidas e expelidas na queima do cigarro. Giorgio não fuma e detesta cigarro. A ideia de Caro Fumante: surgiu da observação do artista em torno de pessoas que tem o vício e não conseguem deixar de fumar, mesmo sendo inteligentes e sabedoras do mal provocado pelo fumo.
A reflexão do artista sobre o “fumar” ocorre desde 2006. Foi quando começou a furtar cigarros de amigos, que de acordo com uma lógica própria, seria uma tentativa eficiente de impedir o ato de fumar. Estes cigarros serão apresentados individualmente na exposição, envelopados em sacos plásticos, como uma evidência criminal do furto.
A coleção de isqueiros furtados é formada por mais de 200 peças e o montante de bitucas é de 7.300, que apontam para o consumo anual de cigarros de um fumante mediano. Noutro espaço da exposição, o artista vai apresentar os textos estampados nos versos dos maços, que retratam com imagens aterradoras os malefícios do fumo.
Em duas telas de vídeo serão exibidas sequências de imagens que mostram desde o instante em que se abre a embalagem de isqueiro, sendo repetidamente acendido e apagado até acabar o gás, criando referência para o cálculo de quanto os isqueiros roubados deixaram de acender.
O artista
Giorgio Filomeno não é acumulador, é arquivista. Não é obsessivo compulsivo, é perfeccionista. Não é control freak, é exigente. Não é alienado, é delirante. Não é visionário, é prospectivo. Não é irresponsável, é persistente. Não é megalomaníaco, é excêntrico. Não é sociopata, é efêmero. Não é ladrão, é artista.