Mal comparando, ao receber o Congresso Mundial de Turismo, entre 14 e 16 maio, Florianópolis se tornará uma espécie de Davos, pequena cidade nos Alpes suíços onde se organiza anualmente o Fórum Econômico Mundial. Ambos são eventos exclusivos, cuja lista de inscritos inclui uma série de líderes globais. Claro que há uma diferença no nível de exclusividade: a Capital catarinense concentrará 800 dos principais nomes globais dos setores públicos e privado ligados ao turismo, enquanto que os convidados à vila europeia (2,5 mil) são banqueiros, megainvestidores e presidentes.
O fato de o congresso mundial ser um evento restrito não significa um orçamento pequeno. Ele está orçado em R$ 10 milhões. Para aqueles que se perguntam se essa quantia investida trará, de fato, algum resultado paupável para SC, o governo do Estado e o Conselho Mundial de Viagem e Turismo (WTTC na sigla em inglês), organizador do congresso, garantem que sim.
A começar pelo retorno em publicidade gratuita. Além do grupo RBS, o canal de televisão britânico BBC World, o jornal USA Today e a revista americana Newsweek Internacional são parceiros no evento. Até o momento, apenas os anúncios convidando para o congresso, tal como o estampado na contracapa da Newsweek do dia 23 de fevereiro, somaram US$ 2,6 milhões (R$ 6 milhões). A expectativa é que a cifra chegue a US$ 3,5 milhões (8,3 milhões) até maio. Isso sem contar todo o material sobre Florianópolis que será veiculado nos mais diversos meios de comunicação mundo afora – são esperados 150 jornalistas internacionais na Capital.
O congresso, chamado oficialmente de The Global Travel & Tourism Summit, também deve significar investimentos no médio prazo. O governo estadual quer aproveitar ao máximo a presença das principais bandeiras globais do turismo em SC. Aqueles que tiverem interesse em visitar algum local específico do Estado poderão fazê-lo em excursões organizadas exclusivamente para este fim, nos dias 19 e 20 de maio.
Dados estatísticos para convencer investidores
O governo ainda promete um escritório de informações pós-evento. Ele funcionará por 12 meses a fim de facilitar possíveis contatos futuros dos investidores estrangeiros.
A diretora-executiva do WTTC, Ufi Ibrahim, engarregada do evento, visitou o Estado esta semana. Segundo ela, o número de inscritos já é significativo. Há um grande interesse, por exemplo, dos Emirados Árabes,cuja delegação deve trazer xeques de Abu Dhabi e Dubai, gente com dinheiro e know-how em turismo. A delegação chinesa, por sua vez, incluirá 70 pessoas, entre elas o dirigente da Administração Nacional de Turismo da China, cargo equivalente ao de ministro de Turismo.
Para alavancar as inscrições nos países da América Latina, o governador Luiz Henrique e comitiva viajarão no início desta semana para Argentina e Chile. O congresso ainda contará com um garoto-propaganda de peso internacional. Aproveitando a passagem por Florianópolis, na sexta-feira, o presidente Lula gravaria um vídeo de dois minutos convidando para o evento. A mensagem será publicada no site oficial do congresso (www.globaltraveltourism.com).
Outro ganho para o Estado será o levantamento do impacto total econômico e de geração de empregos do turismo em SC. Ou seja, pela primeira vez o setor argumentará em cima de números precisos para atrair investidores. Os dados, obtidos por um método de contabilidade desenvolvido pelo WTTC, a Conta Satélite de Turismo, serão divulgados no evento. A pesquisa começa em março e não custará um tostão ao Estado – o WTTC conseguiu patrocínio para os 200 mil euros (R$ 600 mil) necessários.
Aos poucos, Florianópolis fica com a cara de um verdadeiro destino internacional.
(Eduardo Kormives, DC, 01/03/2009)