Número de novos postos de trabalho criados em Florianópolis foi de 1.161
Única capital brasileira a registrar saldo positivo no emprego em dezembro de 2008, Florianópolis garantiu a criação de 1.161 novos postos de trabalho, fundamentalmente, pela importância do turismo na economia da cidade.
As contratações temporárias, feitas para assegurar aos setores de comércio e serviços bom atendimento em plena alta temporada de verão, compensaram a maior queda dos níveis de emprego registrada em todo o país num mês de dezembro.
Além de Florianópolis, Imbituba e Laguna, ambos municípios turísticos, também tiveram geração de emprego em dezembro, segundo o levantamento do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho.
Conforme o coordenador estadual do Sistema Nacional de Emprego (Sine/SC), Rodrigo Minotto, ainda não ficou claro o motivo do desempenho de Florianópolis em relação a outras capitais turísticas, como Rio de Janeiro, onde foram fechadas 8.109 vagas, ou Salvador, com saldo negativo de 4.542 empregos.
Algumas avaliações consideram Florianópolis a bola da vez no turismo nacional. Preferência que garantiu o desempenho positivo em função dos empregos temporários. Mas o fato de não ter uma forte indústria, setor que liderou as demissões em dezembro no resto do país, também colaborou para o diferencial.
— Ainda não sabemos ao certo, mas alguns motivos podem ser a facilidade de locomoção de Florianópolis, o fácil acesso e a segurança pública, que conferem à Capital catarinense esta preferência e a diferencia de outras capitais litorâneas, onde há mais violência — sustenta Minotto.
— Em Florianópolis, o peso do turismo é maior. Quase não há indústria. Comércio e serviços são, na sua maioria, voltados para os turistas, portanto contratam mais mão-de-obra temporária justamente em dezembro, para atender o pico da temporada — avalia o coordenador de Educação do Dieese, Nelson Karam.
Vagas criadas não serão mantidas
Para o presidente do Sindicato dos Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Florianópolis, Tarcísio Schmitt, não surpreende o fato de Florianópolis ter se destacado entre as capitais turísticas do país.
— É uma das menores capitais do Brasil e uma das poucas que é só turística, com pouca ou nenhuma força industrial. Além disso, Florianópolis é um dos destinos turísticos mais procurados do país atualmente, o que fez com que todos os setores que atendem os visitantes contratassem pessoal. Mas são empregos que não vão se manter. Não há como absorver esta mão-de-obra. Ela é temporária.
No Estado, dezembro registrou a desativação de 27.843 postos de trabalho, uma queda de 1,77% em relação ao mês anterior, apesar de, no acumulado do ano, o índice ainda ser positivo, de 5,07%. Mas fatores pontuais justificam a redução de dezembro em algumas cidades, como as enchentes ocorridas nos municípios de Blumenau, Joinville, Brusque e Itajaí e no Sul do Estado.
Setor quer contrato mais flexível
Os números de Florianópolis poderiam ser ainda melhores se houvesse maior flexibilidade nos contratos temporários, segundo a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel/SC), que defende o trabalho por tempo determinado e o profissional horista.
Segundo o presidente da entidade, Ézio Librizzi, uma reforma trabalhista deveria contemplar a adequação do trabalho temporário de forma a ampliar a contratação de temporada.
— O pico da temporada é cada vez mais curto, resumido aos primeiros dias de janeiro. Há sazonalidade até mesmo dentro da semana. No fim de semana é um movimento, durante a semana é outro. Temos que legalizar o trabalho do horista, aquele profissional que trabalha por hora. Assim podemos ter mais funcionários no fim de semana, sem sacrificar toda equipe — explica.
Segundo ele, por conta da lei e da CLT, ainda não há dispensa de trabalhadores temporários. Os contratos são de experiência e vão até o final do Carnaval. Se fosse possível formalizar as vagas criadas na informalidade em função dos impedimentos legais, os números seriam ainda mais positivos.
Comércio e hotelaria estão otimistas
Comércio e serviços têm garantido os números positivos do emprego na Capital. O setor hoteleiro, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH/SC), não prevê demissões. O comércio de Florianópolis vai manter os temporários até o final da temporada.
O presidente da ABIH, João Eduardo Moritz, diz que campanhas devem reverter os dados preliminares que apontam que a temporada 2009 não será boa. Por conta disso, os empregos temporários estão mantidos até o final dos contratos.
— Somos o único setor que não está demitindo em massa. Foi uma batalha treinar todo este pessoal. A qualificação é para garantir emprego fixo. Em março, os melhores permanecem empregados — diz.
O presidente da FCDL/SC, Sergio Medeiros, afirma que o comércio tem mantido comportamento positivo no emprego, com admissões para a temporada e sem expectativa de enxugamento dos quadros funcionais.
Por Simone Kafruni | simone.kafruni@diario.com.br