O presidente da Santa Catarina Turismo (Santur), Valdir Walendowsky, esteve nos últimos dias em Porto Alegre, São Paulo e Curitiba tentando reverter com suas visitas a imagem ruim do Estado depois que as enchentes de novembro viraram manchete nos principais jornais do país e afugentaram parte dos turistas de verão.
“Nosso trabalho agora é ir ao mercado e passar segurança em relação ao nosso litoral. Estamos de perto tentando reverter o quadro e tirando dúvidas”, diz ele, que vem conversando com operadores de turismo e jornalistas em diversos Estados do país. “Estamos tratando o assunto de maneira homeopática porque existe ainda o outro lado, de pessoas que perderam tudo e ainda estão reconstruindo suas casas”.
Cerca de 20 dias depois da tragédia, a Santur não mais espera aumento do número de turistas neste verão. Walendowsky, que previa aumento de cerca de 10%, diz que “se mantivermos os números (do verão anterior) já estará bom”. Entre janeiro e fevereiro de 2008, o Estado recebeu 4,3 milhões de turistas – o melhor desempenho dos últimos anos. Os visitantes movimentaram US$ 1,5 bilhão na economia catarinense. O Estado teve um crescimento de 7,5% em visitantes em relação a 2007, quando o valor movimentado chegou a US$ 1,2 bilhão, segundo a Santur.
A maior parte dos turistas nos últimos anos no verão catarinense tem sido do próprio país. Os visitantes nacionais são 88% do total daqueles que estiveram em SC entre janeiro e fevereiro passados. Dentre os maiores Estados emissores de visitantes em Santa Catarina estão: Paraná (25% de participação), Rio Grande do Sul (20%) e São Paulo (12%).
Do exterior, os principais turistas continuam sendo os argentinos, que representaram no último verão 78,5% do total de estrangeiros, que chegou a 500 mil. Os argentinos são seguidos por turistas do Paraguai, com participação de 11%, e depois pelo Chile, com 3,4%. (Ver reportagem abaixo)
Como forma de reversão do quadro de cancelamentos de viagens, que aumentaram significativamente após as enxurradas, uma campanha na mídia, doada por empresários de São Paulo, também foi feita. Uma segunda, que vai ao ar nos próximos dias, pretende mostrar que “Santa Catarina continua linda”. No exterior, uma campanha em parceria com a Embratur está sendo feita, com investimentos de R$ 1,2 milhão.
Dentre os estrangeiros, o Estado também prevê manutenção ou até mesmo crescimento do volume de visitantes. Segundo Walendowsky, todos os vôos charters da Argentina e do Chile que estavam programados para esta temporada, cerca de 600 (foram 540 na temporada passada), estão mantidos. Os primeiros 10 vôos chegaram no último fim de semana.
Tarcísio Schmitt, presidente do sindicato de hotéis, bares e restaurantes da Grande Florianópolis, afirma que um primeiro impacto das enchentes sobre os hotéis já foi sentido logo nos primeiro dias após a catástrofe e mais pode ainda ocorrer. “Os turistas em geral passaram a ter a idéia de que o Estado todo estava em calamidade e não uma região específica (Vale do Itajaí). À exceção da cidade de Itajaí, 95% do nosso litoral foi preservado”. Segundo ele, na semana seguinte à tragédia houve queda de 30% nas reservas em relação ao que normalmente se tem na última semana de novembro. “E aqueles que haviam reservado, mas não tinham ainda depositado o sinal, cancelaram suas reservas também para o fim do ano e procuraram outro destino. Este visitante está perdido para o Estado”.
Schmitt agora também não tem grandes expectativas em relação aos números de dezembro e aos feriados de fim de ano. Os hotéis nas praias de Florianópolis estão em média com 67% de ocupação para Natal e Ano Novo, de acordo com pesquisa feita pelo próprio sindicato do setor. Em 2007, essa taxa era de 80%. Para todo o mês de dezembro, ele estima que a taxa média de ocupação deverá ficar em 45%, sendo que em dezembro de 2007 chegava a 60%.
“A temporada anda meio devagar”, diz Virgínia Peluffo, diretora de marketing e vendas do resort Ponta dos Ganhos, localizado em Governador Celso Ramos. O Ponta dos Ganchos investiu em cinco novos bangalôs nesta temporada pela forte demanda que viu em 2007. Hoje, o resort possui 25 bangalôs. “No ano passado, havia já lista de espera de cerca de 10 pessoas para o Réveillon nesta época. Esperávamos que os cinco novos bangalôs já estivessem neste momento reservados”.
No comércio, também há preocupação. Os principais atingidos por uma movimentação turística mais amena são as lojas do norte de Florianópolis, onde ficam bairros famosos entre os turistas como Canavieiras, Ingleses, Praia Brava e Cachoeira do Bom Jesus. A Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Florianópolis revisou sua projeção de crescimento de vendas no Verão, que era esperada entre 8% e 10%. Agora, espera entre 3% e 5%
Por Vanessa Jurgenfeld, de Florianópolis