Barrichello ganhou a primeira bateria e, com o quinto na segunda, somou 36 pontos, apenas um a mais que Lucas di Grassi, que fez um segundo e um terceiro. A exemplo de Barrichello, Massa ganhou uma prova – a de complemento do programa – e chegou em quinto na outra, mas alcançou apenas 31 por causa da menor pontuação da segunda. Com um quarto e um abandono, Michael Schumacher, principal astro convidado, terminou em 8º.
A primeira prova foi a mais movimentada do programa. Foi um festival de toques, rodadas e uma pitada a mais de emoção nas últimas voltas, quando uma rápida pancada de chuva diminuiu a aderência. Uma das vítimas do piso escorregadio, Schumacher chegou a sair da pista e bater. Mesmo perdendo contato com os líderes, no entanto, ainda conseguiu segurar a quarta colocação, atrás de Barrichello, di Grassi e Thiago Camilo. Apenas 12º no grid, Massa recuperou-se com categoria e finalizou em 5º. O ídolo local Gustavo Kuerten deu a bandeirada para o vencedor.
O sistema de grid invertido dos oito primeiros na segunda corrida – Barrichello partiu em 8º e Xandinho Negrão largou da pole – ajudou Massa a arranjar uma vaga no pódio. Ele rapidamente subiu de quarto para segundo, passando a perseguir Xandinho de perto. Até o final, Massa, Felipe Giaffone – que também chegou a pontear a prova – e Xandinho se alternaram no comando do pelotão. Na penúltima volta, no entanto, Di Grassi ainda encontrou espaço para ultrapassar Xandinho e chegar em terceiro. A vantagem do ferrarista sobre Giaffone foi de somente um décimo. Nesta altura, envolvido em acidente que comprometeu o funcionamento do escapamento, Schumacher já assistia tranquilamente à corrida ao lado do circuito.
No final, o público deixou as arquibancadas e invadiu a pista para acompanhar a festa no pódio. Emocionado com a recepção dos torcedores, que o elegeram como o grande herói do fim de semana juntamente com Massa, Barrichello exibiu todo o seu repertório de comemorações, culminando com a “sambadinha”, que repetiu diversas vezes a pedido dos fãs. Massa, por sua vez, não escondia a alegria pelo sucesso desportivo, promocional e de solidariedade do Desafio das Estrelas. Além do recolhimento de doações de alimentos e mantimentos na entrada do autódromo, as vítimas da tragédia das chuvas no estado receberam R$ 50 mil do vice-campeão mundial de Fórmula 1, que se somaram aos R$ 100 mil repassados pelos organizadores. Além disso, os demais pilotos contribuíram com cerca de R$ 150 mil, incluindo os 10 mil euros (cerca de R$ 30 mil) prometidos por Schumacher.
Barrichello agradeceu aos torcedores a ruidosa demonstração de carinho. “Devo assumir que estava preocupado com os problemas de Santa Catarina e achava que o público poderia não vir como das outras vezes. Parabéns ao Felipe, aos organizadores e a Santa Catarina. Levantar as 12 mil pessoas, que estão abaladas emocionalmente com os últimos acontecimentos, foi muito bom. Trouxemos uma alegria muito boa para Santa Catarina. Ouvir meu nome do jeito que foi sempre nos fins de semana de F-1 foi uma coisa bem emocionante e me deu um empurrãozinho extra para tentar continuar no ano que vem”, comentou Rubinho, que há duas semanas vencera – ao lado de Tony Kanaan, Felipe Giaffone e Renato Russo – pela oitava vez as 500 Milhas da Granja Viana.
Massa enalteceu o sucesso do Desafio em todos os aspectos. “Foi uma série de resultados importantes. Além da corrida, que é a diversão para a gente, o resultado geral do evento foi muito bom. Na parte esportiva, é praticamente impossível você encontrar outra categoria tão disputada como o Desafio. Além disso, conseguimos unir um bom número de doações para as pessoas que sofreram bastante, perderam tudo e não puderam estar aqui para participar. A gente uniu tudo em uma solidariedade muito grande, através do esporte e de uma competição extremamente acirrada. Foi difícil ver um piloto dominar todos os treinos. Fico honrado em participar deste evento e ajudar em sua realização. Fico feliz em transmitir esta alegria para o Brasil, para a Europa e ajudar na causa das vítimas”. Os pilotos deixaram ainda praticamente todo o material esportivo – macacões, capacetes, luvas e sapatilhas – para ser leiloado em prol dos desabrigados pelas enchentes e deslizamentos da semana passada.
Presença permanente no pódio das três edições disputadas em Florianópolis, Lucas di Grassi reconheceu se sentir perfeitamente à vontade na cidade e no kart. “Venho para cá me divertir e participar desta festa. Fiquei muito impressionado. Este ano foi bem melhor que no ano passado. Terminei duas vezes em terceiro e uma em segundo nos últimos anos, e espero subir uma posição no próximo”, comentou.
Embora Massa ainda não tenha confirmado a presença de nenhum convidado em 2009, nem mesmo do amigo particular Michael Schumacher, o alemão voltou a se colocar à disposição do promotor. Perguntado se voltaria no ano que vem, Schumacher retrucou de imediato. “Por que não? Adoro este clima e a participação dos torcedores”, lembrou. Sobre o incidente que sepultou suas chances na segunda corrida, Schumacher disse que levou um toque – “provavelmente” – de Thiago Camilo. “Mas ele também deve ter tomado uma batida de alguém. O kart é assim mesmo. Todos andam próximos e nem sempre dá para evitar os acidentes. Mas o mais importante foi participar novamente.”