Florianópolis poderá ter mais uma ligação Ilha-Continente, desta vez através de um túnel. A proposta deverá ser apresentada pelo deputado Renato Hinnig (PMDB), idealizada pelo presidente da Celesc, Eduardo Pinho Moreira. Os dois retornaram de uma viagem de trabalho à China e aos Emirados Árabes, onde visitaram os mais variados investimentos turísticos – de construção civil e na área de fornecimento de energia. Em coletiva à imprensa, Hinnig falou sobre os resultados da viagem, possibilidades de projetos e investimentos visualizados. Moreira assinou convênio de cooperação com a empresa de energia elétrica de Xangai, que em março enviará seus técnicos a Florianópolis para reuniões de trabalho.
O deputado e o presidente da Celesc visitaram Dubai, Abu Dabi, Xangai e Pequim e voltaram de lá maravilhados com os empreendimentos realizados em todas essas cidades, que investem muito em turismo e obras e hoje apresentam um crescimento sem igual. “Voltei impressionado. Nunca imaginei que estivesse acontecendo o que acontece por lá”, declarou o deputado, ao falar sobre as obras viárias, de saneamento, de infra-estrutura e de engenharia que conheceu.
A cidade que mais impressiona é Dubai, onde tudo o que é feito é gigantesco. Em 1960, era apenas uma localidade no deserto, cujos nativos viviam em cabanas feitas de folhas de palmeira. O país vivia exclusivamente do petróleo. Mas o xeque decidiu investir o dinheiro do petróleo para mudar radicalmente a cultura e a vida de cada um de seus cidadãos: Fez obras de infra-estrutura, construiu moradias, passou a dar assistência escolar e à saúde.
Hoje, 48 anos depois, Dubai é um dos países mais ricos do mundo e sua arrecadação é usada em investimentos para o turismo e no pagamento de uma renda mensal a cada um dos nativos.
Infra-estrutura
Atualmente, 93% da arrecadação de Dubai provém do turismo, comércio e serviços e apenas 7% do petróleo. Nos 48 anos que se passaram desde a decisão do xeque de melhorar a situação do país, o número de turistas aumentou para 6 milhões de pessoas em 2007.
“Tudo lá é grande. Eles não pararam na obra do hotel mais luxuoso, nem da ilha artificial que foi construída em forma de palmeira e onde as mansões chegam a valer muitos milhões de dólares. Estão indo muito além”, diz Hinnig.
O xeque agora tem o objetivo de aumentar para 15 milhões o número de visitantes até o ano de 2010. No último dia 5, foi inaugurado o maior shopping center do mundo, com aquário natural gigante e o maior parque temático da Disney fora dos Estados Unidos, além de sete réplicas dos maiores museus do mundo.
“Eles saíram do nada. O país não tem nem água natural. Toda a água tem que ser fabricada com a dessalinização da água do mar. Nós aqui temos água em abundância, matas e uma ilha com 42 praias que encantam visitantes. Será que não podemos fazer o mesmo?”, indaga Hinnig.
Abu Dabi não fica atrás. Tem um aeroporto gigante e está construindo o mais moderno autódromo do mundo. Enquanto estava lá, o deputado conta que recebeu um e-mail sobre uma manifestação do Sintespe, na qual critica o governador Luiz Henrique da Silveira (PMDB) por estar se empenhando em trazer para Florianópolis o maior evento mundial do turismo, em vez de investir em saúde. “Não podemos mais pensar pequeno”, diz. “Se investirmos em turismo vamos ter divisas para a infra-estrutura em saúde, educação e muito mais. É preciso rever conceitos.”
Visita à China
Pinho Moreira e Hinnig foram ao Oriente acompanhados pelo Ministério do Turismo. Além do objetivo maior de assinar o convênio em Xangai, para transferência de tecnologia, capacitação, consultoria e treinamento pela Celesc, também conheceram o transporte de massa – em trens de alta velocidade, rodovias exemplares cuidadas através do sistema de pedágio, indústrias e construção civil.
Uma curiosidade em Xangai é que 48% de seu PIB é proveniente da poupança. “A população está acostumada a poupar porque na China até agora não havia previdência social e nem direitos trabalhistas. Agora é que estão sendo implantados, mas a população resiste e ainda poupa muito”, relata o deputado.
Nessa cidade também ocorreram duas reuniões da comitiva com empresas de investimentos com interesse em infra-estrutura e energia, além de empreendimentos turísticos. “Quero contribuir para que aqui se perceba que o futuro está em investir em turismo. Temos que mudar a maneira de pensar e de investir. Investindo em turismo o governo terá retorno financeiro para obras em saúde, educação, saneamento básico”, diz o deputado.
Ele pergunta “por que precisamos esperar até 2012 para ter um aeroporto maior se a nossa necessidade é agora? Em 2007, Florianópolis recebeu 1 milhão e 700 mil turistas. Queremos aumentar esse número e para isso temos que modernizar nosso aeroporto e as vias de acesso, construir um viaduto – e por que não dar a obra para a iniciativa privada? Para isso também fizemos contatos viabilizando a vinda de investidores chineses, conta Hinnig.”