No ano de 2009, a indústria brasileira de medicamentos faturou U$$ 16,8 bilhões. Deste total, no entanto, menos de 25% são números das empresas nacionais. A balança comercial nessa área, por exemplo, gerou um déficit de U$$ 3,4 bilhões, com expectativas de ultrapassar U$4 bilhões em 2010. Para mudar esse cenário e oferecer mais independência às indústrias farmacêuticas do Brasil, foi lançado dia 28 de setembro em Florianópolis o edital de construção do Centro de Referência em Farmacologia Pré-Clínica (CRF), o qual fará parte da Fundação CERTI (Centros de Referência em Tecnologias Inovadoras) e será instalado no Sapiens Parque.
O CRF funcionará como agente promotor do desenvolvimento e melhoramento de produtos farmacêuticos e servirá para realização de testes pré-clínicos necessários para o desenvolvimento de medicamentos, uma área ainda muito carente no país. O CRF será coordenado por um dos mais renomados cientistas brasileiros, Prof. Dr. João Batista Calixto, que já recebeu vários prêmios e participou do desenvolvimento de novos medicamentos, atualmente no mercado em parcerias com as indústrias farmacêuticas nacionais.
Uma área de 5.300m² vai abrigar laboratórios especializados, onde trabalhará, inicialmente, uma equipe formada por cerca de 40 pessoas, incluindo técnicos e pesquisadores altamente qualificados. Além disso, o CRF irá oferecer espaço para a incubação de 13 empresas da área da saúde. Estas start ups serão empresas com grande potencial para as demandas do CRF ou para possíveis sociedades com o empreendimento. Os recursos de R$ 6 milhões para a construção do Centro de Referência em Farmacologia Pré-Clínica provêm dos Ministérios da Saúde e da Ciência e Tecnologia, e devem ser complementados pelo Governo do Estado, por meio da Fundação de Apoio à Pesquisa Científica do Estado de Santa Catarina (FAPESC).
Baseado nas exigências do padrão e certificação internacional, o Centro poderá atender às demandas das empresas farmacêuticas nacionais e internacionais de forma ágil e certificada. Pretende, ainda, atrair para Florianópolis indústrias farmacêuticas que estão atualmente concentradas na região Sudeste.
“Hoje não temos grandes indústrias de medicamento no País, mas empresas com excelente parque fabril que ‘embalam’ e distribuem os princípios ativos importados. Nosso objetivo é fazer com a área de fármacos e medicamentos o mesmo que aconteceu, por exemplo, com o petróleo – uma indústria forte, com produção local e com capacidade para exportação”, informa o professor João Batista Calixto.
O Professor Calixto desenvolve suas atividades há mais de 30 anos no Departamento de Farmacologia da UFSC. Os laboratórios do Departamento deverão ser a base do novo Centro de Farmacologia. A partir daí, deve-se ampliar a capacidade do atual grupo, que já é reconhecido nacionalmente e internacionalmente na área de Farmacologia Pré-clínica e conta com várias patentes, além de produtos de sucesso no mercado.
Entre os destaques, está a descoberta do ativo Flavonóides de Passiflora, desenvolvido em parceria com a Natura; o anti-inflamatório Acheflan, concorrente do Cataflan; e o calmante Sintocalmy, os dois últimos em parceria com o Aché Laboratórios.