Professores do Fleming Medicina avaliam a prova do concurso que garante vagas para UFSC, IFSC e IFC em 2025
Os candidatos do Vestibular Unificado UFSC/IFSC/IFC 2025 enfrentaram provas desafiadoras e interdisciplinares, alinhadas com a tradição crítica e abrangente da banca organizadora. O processo seletivo aconteceu no último final de semana com índice de presencialidade de 75,9%, superior aos anos anteriores. O exame abordou questões de diversas áreas e trouxe uma redação centrada em temas sociais e literários. Professores do pré-vestibular Fleming Medicina analisaram as provas, destacando seus principais aspectos.
A redação foi o ponto alto, segundo a professora de Língua Portuguesa e corretora da rede Fleming, Patrícia Curry, que destacou a escolha dos gêneros textuais – manifesto, “textão” de internet e resenha. “A redação, como sempre, trouxe gêneros textuais importantes e desafiadores: o manifesto, o textão (chamado ‘textão de internet’) e a resenha. São três gêneros com base dissertativo-argumentativa. A resenha, especificamente, inclui uma breve narrativa, devido à sua estrutura característica”, afirmou.
Segundo Patrícia, os temas apresentados nas propostas abordavam questões contemporâneas. “O manifesto e o textão exigem um olhar crítico e atento à realidade. A proposta 1, referente ao manifesto, abordava a questão da classe trabalhadora, enquanto a proposta 2, sobre o textão, tratava das condições de trabalho na atualidade. São temas que estão em pauta nas redes sociais, na internet e na mídia em geral. Assim, o aluno que acompanha jornais, blogs e debates virtuais teria uma vantagem significativa para construir suas argumentações. Por exemplo, a prova poderia ser associada a discussões sobre escalas de trabalho reduzidas ou a qualidade das condições de trabalho em empresas que operam com jornadas mais extensas”, explicou.
Os textos de apoio fornecidos pela banca foram considerados de alta qualidade. “No caso da resenha (proposta 3), o candidato precisava elaborar uma resenha de uma das obras mencionadas no texto 1, exigindo maior familiaridade com literatura e uma base de leitura prévia. Essa proposta demandava uma habilidade mais específica, sendo ideal para quem já tem o hábito de ler e analisar obras literárias”, analisou.
Patrícia apontou que as propostas 1 e 2 parecem ter sido as escolhas mais populares entre os alunos, com destaque para o textão. “Esse gênero textual é mais próximo da vivência dos alunos, mesmo que sua prática tenha diminuído com as novas gerações. Diferentemente da internet, onde o textão muitas vezes reflete posicionamentos pessoais intensos, na prova ele é um exercício de argumentação mais estruturado”, comentou. Já o manifesto, um gênero tradicional que aparece frequentemente nos vestibulares da UFSC, exigiu maior formalidade e objetividade. A introdução do textão, por sua vez, foi retomada com sucesso, pois reflete debates sociais contemporâneos e já havia sido incluído na edição de 2019.
“A UFSC, na minha percepção, acertou novamente na seleção dos gêneros textuais. Eles exigem do aluno não apenas conhecimento técnico, mas também a capacidade de aplicar o que foi trabalhado ao longo do ano, demonstrando habilidade crítica e argumentativa. Muitos alunos relataram que se sentiram confiantes, especialmente com o textão, por ser um gênero mais próximo de sua realidade cotidiana”, concluiu Patrícia.
Literatura: presença em toda a prova
A professora Kika Almeida apontou que a literatura permeou não apenas a redação, mas toda a prova, reforçando a interdisciplinaridade do exame. “A obra Tropicália ou Panis et Circenses foi central, aparecendo em questões de Literatura, História, Sociologia e até Espanhol. Em Literatura, por exemplo, as primeiras questões exploraram a relação do álbum com o contexto político e social da Ditadura Militar, enquanto, em História, foi usado para discutir movimentos culturais e civis brasileiros”, explicou.
Kika também destacou a importância de outras obras, como “Torto Arado” e “Solitária”, que apareceram tanto na redação quanto em questões discursivas. “As obras selecionadas foram estratégicas, conectando discussões sobre trabalho, racismo e desigualdade, temas extremamente relevantes para a sociedade atual”, observou. Segundo a professora, a UFSC conseguiu valorizar a literatura como ferramenta para reflexão social e crítica.
Matemática e Biologia: equilíbrio e profundidade
A prova de Matemática foi dentro do nível de dificuldade esperado da UFSC, segundo o professor André Tatarin. Os assuntos mais recorrentes apareceram: geometria plana, geometria espacial, geometria analítica, funções, polinômios, matrizes, determinantes, sistemas lineares, trigonometria, análise combinatória, probabilidade, sequências numéricas, números complexos e matemática financeira.
“A prova exigiu do candidato um bom conhecimento matemático, pois é uma bem abrangente, bem extensa e bem cansativa. A parte dos detalhes que a UFSC sempre traz em relação aos conjuntos e intervalos reais, que interferem nas análises em relação aos assuntos de funções e trigonometria — e que o vestibulando tem que dominar — voltou a aparecer. Em relação à prova discursiva, a matemática apareceu em dois itens mais acessíveis do que a prova objetiva. Esses dois itens, que são assuntos bem trabalhados em sala de aula, incluíram o cálculo de porcentagem comparando um setor circular em relação a um círculo e a análise de um sólido geométrico conhecido, o cilindro, para realizar os cálculos necessários”, afirmou.
Em Biologia, o professor Fabio Valério elogiou a escolha de temas como genética, ecologia e zoologia. “Questões como equilíbrio de Hardy-Weinberg e seleção natural são clássicos da UFSC, e a inclusão de artrópodes em zoologia desafiou os candidatos a aplicarem conceitos práticos em um contexto teórico”, afirmou. A prova manteve o equilíbrio entre dificuldade e acessibilidade, característico da universidade.
Ciências Humanas e Sociais: temas críticos e históricos
O professor de História Adriano Valenga destacou a profundidade das questões, que conectaram eventos históricos a discussões contemporâneas. “O trabalho foi um tema transversal, abordado em questões sobre a Revolução Industrial e os modelos de trabalho no Brasil imperial. Além disso, a Tropicália foi usada para discutir movimentos culturais e a Ditadura Militar”, comentou. Ele também destacou a interdisciplinaridade da prova, que conectou História, Sociologia e Filosofia em temas como os direitos civis e os movimentos sociais.
A professora Cibele Piva ressaltou a profundidade conceitual exigida dos candidatos nas provas de Filosofia e Sociologia. Textos de Aristóteles e Platão abordaram temas como felicidade e conhecimento, enquanto questões sociológicas conectaram conceitos de cidadania e movimentos sociais ao contexto do movimento Diretas Já e à imigração alemã em Santa Catarina. “As questões demandaram do aluno um olhar interdisciplinar e crítico, alinhado à tradição da UFSC”, avaliou.
Geografia: abordagem contextualizada
A prova de Geografia foi considerada bem estruturada e compatível com o nível de ensino médio pelo professor Dirceu Ostrowski. “A prova foi bastante adequada, apresentando um conteúdo diversificado que incluiu cartografia, recursos hídricos, conceitos geográficos, geopolítica e aspectos da geografia do Brasil e de Santa Catarina”, afirmou.
Entre os temas abordados, destacaram-se as enchentes no Rio Grande do Sul, a questão palestina, o uso de agrotóxicos na agricultura brasileira e mundial, além de recursos hídricos. Segundo Dirceu, a banca evitou conteúdos muito específicos, tratando assuntos pontuais de forma objetiva. “Em relação à geografia de Santa Catarina, foram cobrados aspectos gerais sobre a população catarinense, com base na análise de um mapa apresentado na questão, mantendo o foco em conteúdos amplamente acessíveis”, destacou.
Química: prática e relevância
O professor Clebson Veber avaliou a prova de Química como bem estruturada e prática. Questões sobre microplásticos, soluções e pH foram destaques, equilibrando conhecimento teórico e aplicações cotidianas. “Os temas escolhidos permitiram aos candidatos demonstrar habilidades práticas e resolver problemas relevantes”, concluiu.
Física: conceitos básicos
A prova de Física, segundo o professor Rodrigo Decon (Digão), apresentou um nível de complexidade esperado para a UFSC. O professor destacou a importância de dominar os conceitos básicos de física, como as leis de Newton, a conservação de energia e o eletromagnetismo, mesmo que as questões não sejam formuladas de forma direta sobre esses temas. “A compreensão sólida desses conceitos é fundamental para resolver as questões mais complexas e interdisciplinares”, afirma o professor.
A prova seguiu a tendência da UFSC de combinar diversos conceitos em uma mesma questão, exigindo dos candidatos uma boa capacidade de interpretação e aplicação dos conhecimentos. O professor Rodrigo também comentou sobre a importância de resolver questões de vestibulares anteriores e simulados para se familiarizar com o estilo da prova e desenvolver as habilidades necessárias para um bom desempenho.
Gabarito e vagas
As provas e o gabarito preliminar estão disponíveis no site oficial do Vestibular Unificado UFSC/IFSC/IFC 2025 (https://vestibularunificado2025.ufsc.br/). O processo seletivo oferece 6.726 vagas em 200 cursos de graduação – 4.525 na UFSC, 1.268 no IFSC e 933 no IFC. A divulgação da lista de aprovados em primeira chamada está prevista para o final da primeira quinzena de janeiro.
Comentários completos dos professores do Pré-vestibular Fleming Medicina sobre o Vestibular Unificado UFSC/IFSC/IFC 2025:
Matemática
““A prova de matemática do vestibular da UFSC foi uma prova dentro do esperado, com nível de dificuldade dentro do padrão da UFSC, que exige bastante do candidato, mas sem nenhuma grande surpresa. Os assuntos mais recorrentes apareceram: geometria plana, geometria espacial, geometria analítica, funções, polinômios, matrizes, determinantes, sistemas lineares, trigonometria, análise combinatória, probabilidade, sequências numéricas, números complexos e matemática financeira.
A prova exigiu do candidato um bom conhecimento matemático, pois é uma bem abrangente, bem extensa e bem cansativa. A parte dos detalhes que a UFSC sempre traz em relação aos conjuntos e intervalos reais, que interferem nas análises em relação aos assuntos de funções e trigonometria — e que o vestibulando tem que dominar — voltou a aparecer.
Em relação à prova discursiva, a matemática apareceu em dois itens mais acessíveis do que a prova objetiva. Esses dois itens, que são assuntos bem trabalhados em sala de aula, incluíram o cálculo de porcentagem comparando um setor circular em relação a um círculo e a análise de um sólido geométrico conhecido, o cilindro, para realizar os cálculos necessários” — Professor de Matemática do Pré-vestibular Fleming Medicina, André Tatarin.
Biologia
“Mantendo suas características tradicionais, a UFSC trouxe questões de genética, incluindo uma genealogia em que os alunos precisavam identificar se a herança era dominante ou recessiva. Além disso, foi abordada a genética de populações, com o conceito de equilíbrio de Hardy-Weinberg. Genética é sempre um tema recorrente nas provas da UFSC. Também foram mencionados tópicos de ecologia e evolução, como seleção natural — com ênfase nos tipos disruptiva e direcional —, reforçando conceitos clássicos que a universidade costuma exigir. Na zoologia, os artrópodes marcaram presença novamente, desafiando os alunos a identificar animais a partir de suas características específicas. De modo geral, segundo os comentários dos alunos, a prova não era extremamente difícil, mas também não foi fácil, mantendo o equilíbrio característico da UFSC”. — Professor de Biologia do Pré-vestibular Fleming Medicina, Fabio Valério.
Física
“Em relação à prova da UFSC, notei uma forte tendência para questões de mecânica, similar ao que vimos no Enem. Essa é uma característica comum em vestibulares, já que a mecânica é um tópico abrangente, englobando cinemática, dinâmica, energia e outros.
Uma observação interessante foi a presença de uma questão completa sobre o Princípio de Arquimedes (questão 23) e outra sobre resistência elétrica (questão 25). Além disso, a questão 29 abordou física moderna, com foco no postulado de Planck e radiação de corpo negro.
As demais questões seguiram o padrão da UFSC, combinando diversos conceitos em um mesmo item. Encontramos questões envolvendo potência, trabalho, velocidade, máquinas simples, densidade, quantidade de movimento, empuxo, terceira lei de Newton, entre outros.
Uma novidade nesta edição foi a presença de duas questões completas sobre física moderna: a questão 29, já mencionada, e a questão 30, sobre a teoria da relatividade restrita.
Por outro lado, a ausência de questões sobre eletromagnetismo foi surpreendente, já que esse é um tema recorrente nas provas da UFSC. Houve apenas uma breve menção à lei de Faraday. A ótica, gases e termodinâmica também não foram abordadas com profundidade, embora esses temas tenham menor incidência.
Quanto à forma de cobrança, a UFSC manteve seu estilo de questões objetivas, sem cálculos extensos. A prova valoriza a compreensão dos conceitos e a capacidade de resolver problemas de forma direta.
A forte presença de questões interdisciplinares, combinando diferentes conceitos de física em um mesmo item, exige dos candidatos uma boa capacidade de interpretação e aplicação dos conhecimentos. Essa característica da prova da UFSC reflete uma tendência cada vez mais comum em vestibulares, que buscam avaliar a capacidade dos alunos de resolver problemas complexos e aplicar os conhecimentos teóricos a situações práticas.
Outro ponto a destacar é a importância de dominar os conceitos básicos de física, como as leis de Newton, a conservação de energia e o eletromagnetismo, mesmo que as questões não sejam formuladas de forma direta sobre esses temas. A compreensão sólida desses conceitos é fundamental para resolver as questões mais complexas e interdisciplinares”. — Professor de Física do Pré-vestibular Fleming Medicina, Rodrigo Decon (Digão).
Ciências Humanas e Sociais (História e Sociologia)
“A prova da UFSC, conhecida por seu caráter crítico e pela abordagem de temas relevantes tanto no campo acadêmico quanto no social, manteve sua tradição este ano. Ela se destacou por trazer questões que refletem as principais discussões do ano, de forma direta ou indireta.
Um dos temas recorrentes foi o trabalho. A prova apresentou duas questões relacionadas a isso: uma clássica, abordando a Revolução Industrial no contexto da história contemporânea, e outra tratando do Brasil imperial, discutindo leis e modelos de trabalho no período colonial e imperial.
Outro ponto forte da prova foi o uso de efemérides. Apesar de não abordar diretamente a autocoroação de Napoleão Bonaparte, houve questões relacionadas à Revolução Francesa, ao modelo republicano e à relação entre igreja e Estado. A temática incluiu também uma reflexão sobre o papel histórico e atual da igreja em movimentos republicanos e sua influência no Estado.
A prova também abordou direitos civis, conectando-se ao contexto das eleições americanas e à trajetória do movimento por direitos civis nos Estados Unidos. Foi explorado o cenário histórico que culminou na eleição de Donald Trump e momentos marcantes das eleições ao longo do tempo. Além disso, questões relacionadas ao fascismo e ao nazismo, temas sempre relevantes em vestibulares, foram muito bem elaboradas, trazendo uma abordagem aprofundada e crítica.
O destaque temático incluiu ainda a Tropicália, tema já esperado. Foram duas questões relacionadas ao álbum, sendo uma focada na expansão marítima, utilizando a música como fonte de interpretação, e outra associando a Tropicália ao contexto da Ditadura Militar e aos movimentos civis brasileiros na época. Essas questões demonstraram a interdisciplinaridade e a capacidade crítica exigidas pela UFSC.
Nas questões discursivas, mais uma vez o trabalho foi tema central, com destaque para os modelos de trabalho durante o Brasil colonial. Foi uma prova bem elaborada, que exigiu dos alunos senso crítico, contextualização histórica e capacidade de interpretação, características já esperadas na UFSC” — Professor de História do Pré-vestibular Fleming Medicina, Adriano Valenga – Caju.
Ciências Humanas e Sociais (Filosofia e Sociologia)
“As questões de Filosofia iniciaram na questão 15, abordando o texto de Aristóteles, seguido pela questão 16, que tratou do mito da caverna de Platão. Como de costume, as questões de Filosofia da UFSC foram conceituais e baseadas nos textos apresentados. O aluno precisava interpretar e compreender os conceitos discutidos, como o de felicidade, eudaimonia e o sentido de suas ações em sociedade nessa busca pela felicidade, segundo Aristóteles. No caso do Mito da Caverna, a prova exigiu uma compreensão que vai além da narrativa, explorando elementos como doxa e episteme, temas que trabalhamos intensamente em sala de aula. Esse aprofundamento teórico é essencial para responder questões da UFSC.
Já as questões de Sociologia seguiram o padrão da universidade, conectando fatos históricos a conceitos sociológicos. A questão 17 abordou o movimento Diretas Já, de 1984, associando-o aos conceitos de cidadania e movimentos sociais, sem qualquer viés ideológico, mas com foco na compreensão conceitual desses processos. A questão 18 destacou o bicentenário da imigração alemã para o Brasil, importante especialmente em Santa Catarina, relacionando o contexto socio-histórico à adaptação cultural, uso da língua materna, o Estado Novo e a campanha de nacionalização. Ambas as questões demonstraram a abordagem interdisciplinar da UFSC, integrando Sociologia a contextos históricos.
A prova, como um todo, trouxe um olhar interdisciplinar e científico, com textos complexos que demandavam interpretação aprofundada. A questão 19, por exemplo, fez uma conexão entre Filosofia e Geografia, relacionando o conceito de felicidade na Ética Nicomaqueia de Aristóteles às condições materiais básicas, ao IDH e à globalização, trazendo também a perspectiva de Milton Santos. Já a questão 20 uniu Literatura e História para discutir o tema da abolição da escravidão e seus impactos na sociedade brasileira, demonstrando novamente a profundidade interdisciplinar da prova.
No geral, a UFSC apresentou uma prova muito bem elaborada, que exige dos alunos não apenas domínio dos conteúdos, mas também capacidade de análise crítica, interpretação científica e uma visão ampla e integrada das disciplinas”. — Professora de Filosofia e Sociologia do Pré-vestibular Fleming Medicina, Cibele Piva
Química
“A prova da UFSC manteve a linha dos anos anteriores, sem grandes alterações em sua estrutura. Os temas abordados foram consistentes com a tradição da universidade, incluindo questões sobre meio ambiente, com destaque para a temática dos microplásticos, que voltou a ser lembrada.
A prova apresentou variações interessantes, incluindo cálculos que utilizaram a fórmula de densidade e outras, questões relacionadas a soluções e abordagem sobre pH, que exigiu dos alunos a compreensão de relações químicas específicas. Apesar disso, os conteúdos cobrados eram acessíveis para quem se preparou, sendo possíveis de compreender até mesmo com base em conhecimentos do dia a dia.
Foi, portanto, uma prova bem estruturada e interessante, que permitiu aos alunos que estudaram demonstrarem suas habilidades e alcançarem bons resultados”. — Professor de Química do Pré-vestibular Fleming Medicina, Clebson Veber.
Geografia
“A prova da Universidade Federal de Santa Catarina de 2025 foi bastante adequada. Apresentou um conteúdo e um nível de cobrança compatíveis com o que se espera ser ensinado aos alunos no ensino médio. Mostrou-se diversificada, incluindo questões de cartografia, recursos hídricos, conceitos geográficos, duas questões sobre a geografia do Brasil, uma de geopolítica e outra de geografia de Santa Catarina.
A prova não cobrou detalhes ou conteúdos muito específicos; caso tenha ocorrido, foi de forma bastante pontual. Abordou assuntos esperados, como as enchentes no Rio Grande do Sul, a questão palestina, o uso de agrotóxicos na agricultura brasileira e mundial, além de temas relacionados a recursos hídricos e cartografia. O nível de exigência manteve-se dentro do que normalmente é trabalhado no ensino médio. De modo geral, a prova foi bastante interessante. Em relação à geografia de Santa Catarina, foram cobrados aspectos mais gerais sobre a população catarinense a partir da análise do mapa apresentado”– Professor de Geografia do Pré-vestibular Fleming Medicina, Dirceu Ostrowski
Literatura
“A análise da prova de Literatura da UFSC indica que ela estava dentro do esperado, especialmente considerando que a universidade havia repostado em seu perfil uma matéria sobre o álbum Tropicália ou Panis et Circenses, uma obra inédita em provas anteriores. A avaliação foi bastante centrada nesse álbum, sendo que as quatro primeiras questões tratavam dele, inclusive questões de gramática. Segundo os alunos, havia a necessidade de um conhecimento aprofundado da obra, indo além de análises superficiais, o que exigia tanto leitura quanto a escuta completa do disco, compreendendo seu contexto socioeconômico e político.
A questão 6 abordou Torto Arado, de Itamar Vieira Júnior, que exigia atenção à essência da obra. Já Solitária, de Eliana Alves Cruz, apareceu com destaque para um fragmento que estabelece uma intertextualidade sutil com Quarto de Despejo, de Carolina Maria de Jesus, ao abordar o trabalho escravo. Outras obras presentes na prova foram Parque Industrial, de Pagu, que explorou aspectos gramaticais e questões sociais, e Velhos de Alê Motta, com um conto que aborda o encontro de dois aposentados viúvos em uma situação cotidiana. A prova também incluiu Singradura, com uma questão mais complexa e novamente relacionada à gramática.
Interessante também foi a abordagem interdisciplinar do álbum Tropicália, que apareceu não apenas em Literatura, mas também em Espanhol, História, Geografia e Sociologia. Em Espanhol, por exemplo, foi usada a música Três Caravelas, enquanto nas outras disciplinas o álbum foi analisado dentro de seus contextos históricos e sociais, proporcionando um destaque especial para os alunos que estudaram a obra a fundo.
A redação foi muito bem elaborada e conectada à Literatura, algo que me agradou profundamente. Um dos temas propostos relacionava a questão de patrão e empregado, que podia ser explorada a partir de Torto Arado, Parque Industrial e Solitária. Essas obras abordam, além da relação de trabalho, o protagonismo de mulheres negras, mostrando como essas conversas literárias convergem. Os alunos que optaram por esse tema destacaram que escolheram justamente por já terem conhecimento prévio das obras, o que facilitou a elaboração de suas resenhas”. — Professora de Literatura do Pré-vestibular Fleming Medicina, Kika Almeida.
Língua Portuguesa
“A prova de português da UFSC teve bons textos, com destaque para um bastante longo, que exigia que o aluno utilizasse técnicas de interpretação. Nesse caso, é fundamental fazer pequenos resumos ao lado do texto, analisando parágrafo por parágrafo. Essa prática ajuda o candidato a compreender a progressão temática e a identificar a ideia central de cada parágrafo, permitindo uma visão clara do tema, do posicionamento do autor e das ideias principais ao final da leitura.
Os textos menores exigiam uma compreensão crítica e uma visão contextual. O primeiro texto trouxe a biografia de Tom Zé, destacando a representação cultural. Essa ligação com aspectos literários e culturais foi essencial para a prova. O texto 2 apresentou uma questão poética, assim como o texto 3, que explorou a literatura em “Bat Macumba”, muito comentado pelos alunos. Já o texto 4 abordou a temática do ouro e o gesto de reverência a atletas, representados de forma criativa.
Outros textos também chamaram atenção, como o texto 6, que destacou conexões entre áreas do conhecimento, e o texto 8, que impactou ao abordar a frase “A massa mantém a marca, a marca mantém a mídia e a mídia controla a massa”, exigindo do aluno uma compreensão crítica e interdisciplinar, relacionada até mesmo ao conceito de Orwell.
Na parte gramatical, que considero tão importante quanto a interpretação, foram cobrados conhecimentos fundamentais, como o uso da partícula ‘se’. Esse é um conteúdo que não se limita ao vestibular, mas que será relevante para o aluno em sua produção acadêmica na graduação e na vida profissional, especialmente em cursos como medicina, onde a produção científica é intensa.
Em linhas gerais, a interpretação estava muito bem elaborada, exigindo do candidato senso crítico e interdisciplinaridade. Destaco também a relevância da gramática na construção de uma base sólida para o ensino superior, o que traz uma qualificação estratégica para os futuros graduandos.”
— Professora de Língua Portuguesa e corretora da rede Fleming, Patrícia Curry.
Redação
“A redação, como sempre, trouxe gêneros textuais importantes e desafiadores: o manifesto, o textão (chamado ‘textão de internet’) e a resenha. São três gêneros com base dissertativo-argumentativa. A resenha, especificamente, inclui uma breve narrativa, devido à sua estrutura característica.
O manifesto e o textão exigem um olhar crítico e atento à realidade. A proposta 1, referente ao manifesto, abordava a questão da classe trabalhadora, enquanto a proposta 2, sobre o textão, tratava das condições de trabalho na atualidade. São temas que estão em pauta nas redes sociais, na internet e na mídia em geral. Assim, o aluno que acompanha jornais, blogs e debates virtuais teria uma vantagem significativa para construir suas argumentações. Por exemplo, a prova poderia ser associada a discussões sobre escalas de trabalho reduzidas ou a qualidade das condições de trabalho em empresas que operam com jornadas mais extensas.
Os textos de apoio fornecidos pela prova foram excelentes, oferecendo uma base sólida para o aluno se posicionar. No caso da resenha (proposta 3), o candidato precisava elaborar uma resenha de uma das obras mencionadas no texto 1, exigindo maior familiaridade com literatura e uma base de leitura prévia. Essa proposta demandava uma habilidade mais específica, sendo ideal para quem já tem o hábito de ler e analisar obras literárias.
Entre as escolhas, as propostas 1 e 2 parecem ter sido as mais populares, especialmente a do textão. Esse gênero textual é mais próximo da vivência dos alunos, mesmo que sua prática tenha diminuído com as novas gerações. Diferentemente da internet, onde o textão muitas vezes reflete posicionamentos pessoais intensos, na prova ele é um exercício de argumentação mais estruturado.
Já o manifesto, embora seja um gênero textual antigo, mantém sua relevância, frequentemente aparecendo em vestibulares da UFSC, como aconteceu em edições anteriores. Em contrapartida, o textão, um gênero contemporâneo, foi introduzido em 2019 e retorna com sucesso, devido à sua pertinência nos debates sociais.
O trabalho em sala de aula, com certeza, preparou bem os alunos para compreender e produzir esses textos. Muitos mencionaram que as instruções eram claras e que se sentiram confiantes, especialmente com o textão, por ser um gênero mais próximo de sua realidade cotidiana.
A UFSC, na minha percepção, acertou novamente na seleção dos gêneros textuais. Eles exigem do aluno não apenas conhecimento técnico, mas também a capacidade de aplicar o que foi trabalhado ao longo do cursinho, demonstrando habilidade crítica e argumentativa”. — Professora de Língua Portuguesa e corretora da rede Fleming, Patrícia Curry.
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Foto Caetano Machado/UFSC