Por Antonio Paes*
A Inteligência Artificial (IA), que é cada vez mais proeminente em diversos setores, promete revolucionar também a área de Educação. As tendências apontam para um aumento na personalização do aprendizado, com a IA avaliando competências de maneira mais holística. Tutores inteligentes e análises preditivas para identificar e mitigar problemas de aprendizado também estão em franco crescimento.
A tecnologia pode beneficiar alunos, professores e escolas. Do lado do estudante, a IA otimiza o processo e personaliza o aprendizado para atender às necessidades específicas de cada aluno. Plataformas baseadas em IA têm a capacidade de ajustar o conteúdo e o ritmo das aulas de acordo com o progresso de cada um, promovendo um aprendizado mais eficaz. Além disso, essas tecnologias podem fornecer feedback em tempo real, o que permite revisitar tópicos anteriores de forma dinâmica e eficiente.
Já para o professor, uma das vantagens é a automação de tarefas administrativas. Isso libera o profissional para focar em áreas mais complexas do aprendizado e no apoio a alunos com maior dificuldade.
Porém, no contexto brasileiro, um dos maiores desafios para a implementação da IA na educação é a falta de infraestrutura tecnológica em muitas regiões.
Importante lembrar que, mesmo em um ambiente de aprendizagem apoiado por IA, o papel do professor permanece central, porque cabe a ele desenvolver o pensamento crítico e a criatividade dos alunos. Em vez de simplesmente transmitir conhecimento, os professores têm a oportunidade de se concentrar em propor dinâmicas que vão além da absorção passiva de conteúdo.
Outro problema é a dificuldade da IA em captar nuances culturais e contextos educacionais específicos. Ferramentas desenvolvidas fora do Brasil, por exemplo, podem não considerar a diversidade cultural do país, o que pode impactar negativamente na sua eficácia.
O uso de IA na educação também levanta questões éticas, como a transparência nos algoritmos utilizados e o risco de amplificação de preconceitos. Se os dados usados para treinar esses sistemas não forem representativos da diversidade dos alunos, há o risco de perpetuar discriminações.
Para mitigar esse risco, é necessário que os algoritmos sejam abertos e que as fontes de dados de treinamento sejam claramente divulgadas. Isso permitirá a análise e testes constantes para evitar que preconceitos e discriminações sejam replicados.
Além disso, o uso excessivo de IA no processo educacional pode desumanizar a experiência de aprendizado, afetando o desenvolvimento social e emocional dos alunos. A interação com colegas e atividades extracurriculares, como a presença em aulas de educação física e em outras oportunidades de contato social, são fundamentais para o desenvolvimento integral dos alunos.
Se implementada de maneira equitativa, a IA tem o potencial de contribuir significativamente para a inclusão na educação. A aprendizagem personalizada permite que alunos de diferentes origens socioeconômicas recebam o suporte necessário para alcançar um nível de conhecimento mais equilibrado. No entanto, é fundamental garantir que todos tenham acesso às tecnologias necessárias para aproveitar essas ferramentas.
A chave para o sucesso da integração da IA no ambiente educacional está no equilíbrio entre tecnologia e a humanidade, garantindo que os alunos recebam tanto o apoio tecnológico quanto o emocional e social necessários para seu desenvolvimento pleno.
Antonio Paes é Chief AI Officer da Zallpy Digital