Otto encerrando o TUM Festival 2024 – foto de Sandra Puente
O TUM FESTIVAL de 2024 levou a Florianópolis uma programação irretocável com grandes nomes da indústria da música, artistas de renome *consagrados e artistas independentes de várias partes do Brasil. Foram 5 dias inspiradores de fruição musical, aprendizado e confraternização na Ilha da Magia.
Além dos temas relacionados à música, o festival se empenhou em cuidar de questões urgentes como sustentabilidade, equidade de gênero, inclusão e diversidade. A equipe de produção do TUM, capitaneada por Ivanna Tolotti, teve 80% de mulheres em sua formação. E 60% do seu line up e da sua equipe é formado por mulheres, negros, indígenas e PCD´s. Em todos os eventos havia atenção especial a pessoas com deficiência, com áreas PCD reservadas para esse público, equipe treinada e tradução em Libras. Assim como o compromisso com a sustentabilidade, que ia desde ações de “upcycling” utilizando tecidos descartados pela indústria para a confecção das suas ecobags em parceria com a Ecomoda da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc), até a promoção de feira de projetos sustentáveis em parceria com diversas entidades e coletivos, como a Associação União Norte que faz esculturas com massa celulósica de bituca e separação de resíduos, e parceria com o Museu do Lixo de Florianópolis para conscientização ambiental e separação de resíduos. No TUM Festival, sustentabilidade e inclusão não existem só no papel. É um compromisso colocado em prática em todas as frentes. A questão do etarismo também é tratada no festival de forma séria e objetiva: dos seis artistas que subiram ao palco principal, 3 deles eram 60+. E entre os artistas independentes houve grande presença de artistas negros, lgbtqiap+ e mulheres. Ivanna descreve bem a vocação do TUM Festival ao lembrar que “a inclusão e diversidade são premissas importantíssimas do festival, objetivos que perseguimos com muito zelo e carinho. Escalar, por exemplo, um grupo como “Cores de Aidê”, com 40 mulheres musicistas, para tocar num palco principal abrindo o show do Otto, aproxima e integra os artistas locais aos artistas de renome o que é muito importante para a construção da cena musical local e do país. O público adorou”.
Na conferência, temas relevantes foram tratados: Gestão Pública, Sustentabilidade nos Festivais e carreiras, Inteligência Artificial na Imprensa, entre outros. Os convidados, todos com notório saber em suas áreas, trouxeram frescor e contemporaneidade ao debate. Quem esteve no CIC pôde testemunhar temas propositivos e debatedores engajados.
Nesta edição, a grande novidade foi o TUM Lab – programa de aceleração artística idealizado por Ivanna Tolotti e com a coordenação de Max Viana, que reuniu nomes como Torcuato Mariano, Fabiana Lian, Thiago Piccoli, Marcelo Fruet, Carlos Badia, Barral Lima, Geovani Bento e o próprio Max Viana. Ao final, um bate-papo consagrador com o produtor Pena Schmidt.
TUM Lab – Torcuato Mariano, Geovane Bento, Barral Lima e Max Viana – foto: Sandra Puente
Fazendo a economia girar
Foram mais de 120 convidados do Brasil e exterior, uma equipe de cerca de 250 pessoas trabalhando diretamente e indiretamente no festival, um público que chegou a casa das 10.000 pessoas e 17 atrações com cerca de 100 músicos envolvidos (só o grupo Cores de Aidê é formado por 40 mulheres). Assim, o TUM mexeu com a economia da cidade lotando hotéis, restaurantes e bares nos dias de evento. Ivanna Tolotti avalia que “o TUM alimenta não só a cadeia produtiva da música de Santa Catarina, mas também ajuda a fortalecer o comércio local. São gerados inúmeros contratos de trabalho entre profissionais efetivados na equipe de produção, funcionários das empresas prestadoras de serviço e ajudantes, cozinheiros, fotógrafos, cenógrafos, seguranças, entre muitos outros. Saber que o evento impulsiona a economia local, eleva o nome da cidade e do estado para o Brasil e o mundo. É bom para o TUM e bom para todos, todo mundo sai ganhando, dá uma satisfação enorme. Quero agradecer publicamente aos nossos patrocinadores e apoiadores, aos artistas e ao público que compareceu em massa, por fazerem parte dessa grande realização”.
Ivanna Tolotti – foto: Sandra Puente
Dias produtivos em Florianópolis
O primeiro final de semana atraiu cerca de 6.000 pessoas ao Boulevard 14/32 do Floripa Airport para assistir shows antológicos: Fernanda Abreu colocou a plateia para dançar efusivamente com seu suingue carioca. Fernanda subiu ao palco após o esquenta do DJ Ubrother e da cantora catarinense Amanda Cadore, que tocou pela segunda vez no TUM Festival. No dia seguinte, 03 de novembro, foi a vez das Suraras do Tapajós se apresentarem pela primeira vez no Sul do país com o brilho amazônico e seu carimbó atemporal. Em seguida, João Bosco e sua banda coroaram a noite desfilando clássicos e fazendo todo o aeroporto cantar junto seus maiores sucessos. João, nomeado Embaixador do TUM Festival, estava visivelmente emocionado e tocou por quase duas horas.
João Bosco recebendo a honraria das mãos de Ivanna Tolotti – foto: Sandra Puente
A segunda semana do evento começou cedo com a tradicional conferência, que é o grande diferencial do TUM Festival. É aqui que tudo realmente pulsa! Vários profissionais renomados da indústria da música se reúnem em debates, workshops e oficinas para trocar experiências com o público presente (em sua maior parte, jovens músicos ávidos por aprender os truques do mercado musical).
Em paralelo, os shows não paravam de movimentar o teatro do CIC e o pequeno-enorme palco do Bugio, no Centro Leste da cidade. No teatro do CIC, dia 7, Amaro Freitas e Zé Manoel se debruçaram sobre o repertório do Clube da Esquina após o lindo show de abertura sensível e concentrado de Chico Bernardes. Encerrando a noite no palco central, a banda Ânama, Negra Jaque e o grupo Samo entraram a madrugada com vigor e talento.
No dia 8, foi a vez de Beto Guedes subir ao palco do teatro do CIC para comemorar seus 50 anos de carreira. Os ingressos estavam esgotados há dias e o público que lotou o teatro saiu de lá extasiado. A jovem Jalile, que abriu o show, encontrou uma plateia gentil e receptiva, que cantou seus refrões e a aplaudiu muito ao final. E no Bugio, ao final da noite, o público saiu muito satisfeito com as apresentações que presenciou: a banda Trabalhadores Espaciais Manuais e a dupla Fuz Aka esbanjam talento para um público incansável.
O dia 9 começou com a famosa Rodada de Negócios do TUM Festival, proporcionando encontros individuais entre os músicos e contratantes. Durante duas horas, o auditório do CIC ficou lotado de artistas com seus trabalhos embaixo do braço, que puderam ser ouvidos pelos profissionais que lá estiveram. Uma manhã memorável.
A noite do dia 9 seguiu com o brilho do Bloco Cores de Aidê, que deixou o público na temperatura certa para receber o pernambucano Otto, que estava comemorando 15 amos de seu álbum “Certa Noite Acordei de Sonhos Intranquilos”. Um dos melhores shows já apresentados no palco do TUM. Após o encerramento das atividades do CIC, a festa continuou no palco Centro Leste, no Bugio, com o cantor paraense Rawi abrindo os trabalhos e Giovanna Moares, que fechou com chave de ouro a 7ª edição do TUM Festival. Rawi descreve bem o que aconteceu por lá: “O Tum foi uma experiência inesquecível desde do primeiro momento, guardamos o anseio de pisar nesse palco desde o ano passado e poder levar um pouco do nosso calor do norte, fazer ferver as sensações com nossas letras e nosso som foi incrível. Nós nos entregamos a experiência de viver cada segundo desse show e tenho certeza que quem mergulhou com a gente também se entregou de peito aberto”.
No site do TUM estarão reunidos textos críticos de todos os shows, resumo da conferência e do TUM Lab e ainda alguns textos de nossos convidados.
Incentivo: Rede Imperatriz
Apoio Cultural: Floripa Airport e Hotel Faial
Realização: PIC (Programa de Incentivo à Cultura), MIS- Museu da Imagem e do Som, Fundação Catarinense de Cultura e Governo do Estado de Santa Catarina
Esse projeto é totalmente patrocinado pela Prefeitura de Florianópolis, Secretaria de Turismo, Cultura e Esporte e Fundação Cultural de Florianópolis Franklin Cascaes por meio da Lei Municipal de Incentivo à Cultura nº 3659/91.
Realização: Ivanna Tolotti Produções