Laboratório de genética pioneiro no Brasil fundado por médico catarinense há mais de uma década em Florianópolis realiza atualmente 80% de todos os testes farmacogenéticos feitos no país. Aumento de eficiência, diminuição de efeitos colaterais e de tempo de tratamento estão entre as vantagens de personalizar as prescrições de medicamentos a partir do cruzamento de dados do DNA com as características de cada fármaco. O teste precisa ser feito apenas uma vez e serve para guiar prescrições por toda vida.
Um teste de laboratório que leva em consideração o DNA para apontar o tipo de medicamento mais indicado, seguro e eficaz para o tratamento de saúde de cada indivíduo tem ganhado espaço entre a comunidade médica e pacientes a ponto do maior laboratório de farmacogenética do Brasil, a GnTech, prever um crescimento em 2023 de mais de 50% no número de testes realizados em seus laboratórios em relação ao ano passado. Mesmo não estando sozinha no mercado brasileiro, a GnTech, que iniciou sua operação vanguardista no setor em 2012 como uma startup em Florianópolis (SC) e atualmente é uma das maiores health techs do país, já atendeu mais de 12 mil pessoas sendo responsável por 80% de todos os testes farmacogenéticos feitos no Brasil atualmente.
Mas o que é farmacogenética?
Nem sempre o mesmo medicamento tem resposta de tratamento semelhante em indivíduos diferentes, o que é um reflexo da singularidade de cada organismo, e é disso que a farmacogenética trata. Unindo as áreas de genética, bioquímica e farmacologia, a farmacogenética busca, através de uma análise de DNA feito com células bucais, a relação entre o genótipo e a resposta do organismo com certas drogas, o que possibilita a melhor combinação de medicamentos a ser prescrita. Pacientes com tratamento contínuo, ou de longo prazo, de doenças da mente como depressão, bipolaridade, ansiedade, TDAH e síndrome do pânico, por exemplo, tem no exame farmacogenéticos um importante aliado no sucesso do tratamento, já que, segundo especialistas, apenas 50% dos medicamentos destinados a estas doenças funcionam na primeira tentativa.
“Entre as vantagens deste direcionamento assertivo na prescrição médica, que é um dos importantes desdobramentos da medicina a partir do sequenciamento do genoma humano, em 2003, está o aumento na qualidade de vida do paciente com benefícios que vão desde o aumento da eficácia do tratamento, encurtamento do tempo até a melhora, diminuição de efeitos colaterais e diminuição de custos”, explica o médico psiquiatra Dr. Guido Boabaid May, CEO e fundador da GnTech, professor convidado da Faculdade de Medicina da Unisul – Pedra Branca (SC) e médico do Corpo Clínico do Hospital Albert Einstein (SP), com mais de 800 casos de tratamentos guiados com testes farmacogenéticos em sua prática clínica.
Desde que teve contato com o tema pela primeira vez, num congresso de psiquiatria nos EUA em 2011, o Dr. May passou a dividir seu tempo entre pacientes e a startup de testes farmacogenéticos acompanhando e contribuindo diretamente para a evolução do tema no seu laboratório precursor em Florianópolis. Em franco processo de popularização no Brasil na última década, a praticidade da coleta da amostra para o teste é apontada como um dos seus pontos fortes do processo. “O recolhimento do material genético é simples, o indivíduo compra o teste no nosso canal online, recebe em casa um kit com todas as instruções de como recolher amostra de células bucais com um swab, uma espécie de cotonete, que depois é colocado num recipiente adequado e enviado de volta ao laboratório com embalagem e envelope do envio já pagos, sendo apenas depositar o teste nos Correios”, explica Giovana Weber, coordenadora laboratorial e responsável técnica da GnTech, sobre a auto coleta. Poucos dias depois um laudo completo com o perfil farmacogenético é enviado como resultado do teste.
O teste farmacogenético pode ser tanto pedido pelo médico antes de prescrever um medicamento para guiar a sua escolha, quanto por qualquer paciente interessado em levar o teste ao seu médico. “Todas as pessoas de qualquer idade podem realizar um teste farmacogenético lembrando que ele precisa ser feito apenas uma vez e pode contribuir nas prescrições por toda a vida”, reforça Dr. Guido May.