Ao contrário do que estava previsto pela meteorologia, e para alegria de 160 velejadores e das pessoas que transitavam pelas orlas do bairro Coqueiros e de São José, no Continente, não teve chuva nem calmaria na tarde de sábado, 27 de março. Velejando com ventos constantes de 8 a 14 nós de sul a sudoeste e sob um tímido sol entre nuvens em Florianópolis, a maioria das 27 tripulações já havia cruzado a linha de chegada antes das 15h30, três horas depois do início da Regata Baía Sul. O Catuana Kim foi o primeiro a completar o percurso, às 14h53, mas retirou-se da prova, porque montou a última boia pelo lado errado: “Pensei que a passagem fosse livre; foi realmente um vacilo”, lamenta o timoneiro Leonardo Back.
O erro dos tripulantes do Catuana confundiu outros velejadores: “Vi que eles montaram a boia de Coqueiros por fora, quando nós já havíamos passado por dentro. Ficamos na dúvida e esperamos o próximo barco para ter certeza de que estávamos certos”, conta Christian Fransen, tripulante do Tigre II. Apesar de ter perdido tempo com a espera e com problemas na adriça do balão, o barco de Alberto Santoro venceu na BRA-RGS C, porque tinha uma diferença grande em relação ao segundo colocado, o Neon II, de Maurity Borges Júnior.
Com o Catuana fora da competição, o caminho ficou livre para o Zeus/Effect, que ficou em primeiro na ORC Internacional 500, timoneado por Felipe Linhares. O Katana/Energia, comandando por Fábio Filippon, correu sozinho na ORC Internacional 600. Outro solitário foi o Samurai Ni na ORC-Club, já que o Best Fellow desistiu da competição. A BRA-RGS Cruzeiro também estava esvaziada, com apenas dois participantes. O Maresia, de Dante Zeni, levou a melhor sobre o C’est La Vie, de Cláudio Copello, barco que costuma descer 100 quilômetros de Itajaí para correr regatas na capital catarinense.
Já as classes BRA-RGS A e BRA-RGS B foram as que levaram mais veleiros para a raia. Os vencedores na A tiveram que conviver com sangue a bordo. É que Leonardo Cal foi surpreendido por uma retrancada que lhe causou um corte profundo no supercílio esquerdo: “Sou marinheiro, não podia desistir; botei gelo e segui até o fim”, orgulha-se o tripulante do Bruxo, que, para alívio de todos, é médico e sabia o que fazer: desembarcou e correu para o hospital tomar quatro pontos.
Tarcísio Mattos convidou outros três comandantes para compor a tripulação do Zephyrus deste sábado e garantiu a vitória na BRA-RGS B. Moacir Carqueja e Luciano Moreira estão sem barco desde dezembro, quando seus veleiros Carino e Homo Erectus perderam os mastros na Regata Volta à Ilha, a última etapa da Copa Veleiros de Oceano do ano passado. Outro “desmastreado” se uniu ao grupo para a Regata Baía Sul, segunda etapa da Copa deste ano. André Luiz Alves também está sem barco, porque retirou o mastro do seu Rock and Roll para manutenção.
A Copa Veleiros é a principal competição da vela de oceano do estado, organizada ao longo do ano pelo Iate Clube de Santa Catarina – Veleiros da Ilha (ICSC). Essa segunda etapa teve largada das proximidades da Ponte Pedro Ivo Campos e chegada em frente ao ICSC. Foram cerca de 14 milhas (25 quilômetros) de percurso em meio à Baía Sul, parte feita com pernas em barla-sota (com os barcos largando contra o vento). O próximo desafio dos velejadores catarinenses serão as duas regatas da primeira etapa do Estadual de Oceano, dias 10 e 11 de abril em São Francisco do Sul.
Por Jeni Andrade
Da assessoria do ICSC